Primeiras Impressões: Forgive Me Father, a promissora união de Doom e Lovecraft

13 de novembro de 2021
Primeiras Impressões: Forgive Me Father, a promissora união de Doom e Lovecraft

Os jogos de tiro no estilo de Doom e Wolfenstein são quase sempre muito interessantes. Seja pela nostalgia da fórmula simples ou pelo acerto em trazer ação e adrenalina pra jogatina clássica, games indies que homenageiam os clássicos são bem comuns. Mas você já havia visto algum jogo no estilo Doom que pegasse inspiração também na obra de H.P. Lovecraft? Pois bem, conheça agora um pouquinho de Forgive Me Father!

O game, que encontra-se em acesso antecipado, está sendo desenvolvido pela Byte Barrel e distribuído pela 1C Entertainment. Com um visual estilizado com cara de história em quadrinhos e personagens 2D num mundo 3D, o jogo traz criaturas, cenários e um enredo bem “lovecraftianos”. Tudo isso com uma jogabilidade cheia de ação e altos desafios, como todo bom Doom like deve ser.

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Investigações macabras

A história inicial de Forgive Me Father nos coloca na pele de um padre em 1926, quando este precisa investigar alguns acontecimentos estranhos. Esses acontecimentos, segundo seu contratante, precisam de uma ótica “do tipo dele”, ou seja, um olhar mais religioso/místico. Mas claro que não demora muito pro caldo engrossar.

Logo no decorrer do tutorial, fica claro que algo de muito estranho está acontecendo naquele lugarzinho no meio de Massachusetts. Isso porque nosso protagonista, um homem da fé, já começa empunhando uma arma de fogo, enquanto várias infectados — como se fossem zumbis — surgem para atacá-lo.

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Você pode ter uma ideia do enredo da história através de textos que podem ser encontrados pelas fases

Daí em diante começamos a avançar pelas 12 fases disponibilizadas no acesso antecipado do game. A história é sempre contada de forma indireta, com textos e pistas sendo encontrados em pontos específicos de cada fase (geralmente entre pontos de ação). Todos passíveis de serem ignorados caso o jogador queira só se divertir e sentar o dedo no gatilho.

O interessante do enredo é justamente o clima de terror ao estilo H.P. Lovecraft que encontramos nele. Não só pela estética das fases e criaturas com as quais nos deparamos no decorrer do caminho. Na verdade, a história lembra muito o universo de Lovecraft em vários pontos, bem como os personagens citados e até algumas mecânicas Mas sobre isso vamos falar mais adiante.

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Rumo à insanidade

Um dos ponto mais interessantes das mecânicas de progressão e combate de Forgive Me Father é o seu nível de insanidade. Quanto mais matança e mais criaturas horripilantes você encontra, seu nível de poder sobe, bem como seu nível de ansiedade. Com o seu nível de ansiedade subindo, novas habilidade são disponibilizadas para a sua escolha.

Entre essas habilidades, temos algumas melhorias de armas e poderes específicos. Estes upgrades que podem ser meros aumentos de dano ou então — caso você abrace a insanidade de vez — armas completamente malucas, com tiros especiais e aparências grotescas.

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Muitas são as melhorias que vamos desbloqueando com o passar do tempo

Mas não só no sistema de progressão do personagem que o conceito de insanidade foi usado com maestria. Durante as fases, existem momentos que a insanidade chega com força, com locais escondidos macabros ou então enxurradas de inimigos. TEmos ainda mensagens em paredes que induzem o jogador ao erro, como por exemplo uma seta indicando o “caminho mais fácil”, que obviamente leva para um beco sem saída repleto de inimigos e armadilhas.

Em dado momento, ocorreu também uma mensagem em uma sala vazia dizendo: “não olhe para trás”, que logicamente induz o jogador a olhar nessa direção, só para encontrar alguns zumbis já na sua nuca, fazendo os desavisados darem um pulo na cadeira. Toda essa criatividade em brincar com a nossa percepção mostra que Forgive Me Father está bem longe de ser uma mera cópia bem feita de Doom. Ele, na verdade, anda muito bem com as próprias pernas.

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A insanidade é divertida (ou não)

Desafio digno dos anos 90

Mesmo em acesso antecipado, o conteúdo do jogo já rende boas horas de jogatina. Em parte pela extensão do conteúdo em si, com fases durando um tempo considerável e uma quantidade de fases aceitável para o gênero. Porém, outro fator influencia bastante a duração das partidas: seu nível de dificuldade.

Como todo bom Doom like, Forgive Me Father não permite recarregar armas, usar mira aproximada, nem outros elementos mais contemporâneos de jogos de tiro. Você possui pontos de vida e de escudo, que precisam ser recuperados com itens que caem dos inimigos ou então com habilidades liberadas de acordo com o seu nível de insanidade.

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Dependendo de onde você atirar, a reação do inimigo pode ser diferente.

Isso por si só já faz a progressão se tornar um pouquinho mais difícil, mas o complemento perfeito para isso são os inimigos. Não só esteticamente interessantes, eles possuem mecânicas de combate e habilidades próprias muito criativas, que aumentam bastante a dificuldade da jogatina. Desde zumbis que carregam uma cabeça extra — e precisam tomar dois headshots para morrer — até soldados infectados que, dependendo de onde são acertados, podem se transformar em criaturas ainda piores.

Como não falar também dos saudosos mímicos, criaturas comuns em RPGs que se disfarçam de baús! Em Forgive Me Father, eles são barris de combustível disfarçados. Quando acordam, simplesmente correm até você e explodem numa velocidade assustadora. Isso tudo só para citar algumas das criaturas do jogo. Inicialmente encontramos estas monstruosidades isoladas, mas com o avanço das fases elas tendem a se misturar, chegando em bandos misturados e até combinando suas habilidades.

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A união do bom com o excelente

Forgive Me Father, ao menos no que apresenta em seu lançamento inicial em acesso antecipado, possui um equilíbrio invejável. Equilíbrio é exatamente a palavra aqui, uma vez que une características distintas em um ponto de equivalência que elevam a qualidade da jogatina de forma primorosa.

Este equilíbrio é visto entre jogatina clássica e moderna, entre ação e terror, entre progressão e desafio, entre criatividade e referência… Tudo é muito bem orquestrado e apresenta uma qualidade ímpar. Amantes de jogos independentes vão adorar o título, bem como os gamers mais old school. Por fim, amantes de FPS ao estilo de Doom e Wolfenstein tem praticamente obrigação de jogar Forgive Me Father.

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E já que mencionamos jogos que serviram de referência para este, podemos ainda esbarrar com muitas outras homenagens — algumas muito boas — no decorrer das fases. Referências sutis como um balão vermelho saindo de um bueiro (que talvez tenha um palhaço demoníaco na outra ponta), ou então uma cabine telefônica que posso jurar que já vi viajando no tempo e espaço em outra franquia…

Todo esse cuidado de desenvolvimento é sentido em cada esquina que cruzamos em Forgive Me Father. Seja o design feito à mão de cada personagem, as mecânicas de jogatina muito bem pensadas, os detalhes da história e dos cenários ou então essas referências colocadas de modo muito inteligente. Tudo deixa claro que diante de algo cheio de dedicação e qualidade.

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Muitos mistérios e desafios pela frente

Forgive Me Father é um jogo ainda em desenvolvimento. E como tal, ele apresenta uma linha de progressão do seu projeto muito bem detalhada. Seja pela clareza na comunicação dos seus desenvolvedores, pelo prazo bem delimitado para 2022 para o lançamento oficial do título, pela qualidade do material já disponível ou pelo valor do jogo na Steam. Tudo incentiva o jogador a apostar suas fichas neste título.

Com mais inimigos, o dobro de fases, um novo personagem (um jornalista) e vários outros conteúdos ainda por vir, é fácil se animar com o potencial do que temos aqui, pois é um produto já muito bem calibrado e polido, mesmo em Early Access.

Se esta é uma jogatina obrigatória para fãs de Doom, pode ser também uma releitura interessante para o universo de H.P. Lovecraft, unindo duas tribos de fãs que não necessariamente estavam combinadas antes.

Forgive Me Father foi lançado em acesso antecipado no dia 26 de outubro de 2021 somente para PC (via Steam) e ainda não recebeu localização para o nosso idioma. Jogamos o game em um notebook gamer com processador i5-9300, 24GB de memória, placa de vídeo GTX 1650 de 4GB e SSD de 450 GB.

Gilson Peres

Gilson Peres é Psicólogo, Mestre em Comunicação e aqui no Arkade fala principalmente sobre Realidade Virtual, jogos de PC e novas tecnologias desde 2019.

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