A Rede Social (The Social Network) – CineReview
O Facebook, recentemente, alcançou a marca de 500 milhões de usuários no mundo todo e uma avaliação de US$ 50 bilhões. Nada mais condizente do que termos nesta semana, no Brasil, a estreia do filme A Rede Social (The Social Network, em inglês), de David Fincher, que retrata a criação do site e a polêmica relação de seu inventor Mark Zuckerberg com seu ex-parceiro, o brasileiro Eduardo Saverin.
Baseado no livro “The Accidental Billionaires: The Founding of Facebook, a Tale of Sex, Money, Genius and Betrayal“, de Ben Mezrich, o filme começa em 2003, quando Zuckerberg (Jesse Eisenberg) termina com sua namorada e, bêbado, hackeia diversos sites e monta uma espécie de votação online, onde os usuários elegeriam as moças mais bonitas da universidade de Harvard. Após o fenômeno, Zuckerberg atrai a atenção de três mauricinhos, os irmãos Cameron e Tyler Winklevoss (Armie Hammer e Josh Pence) e Divya Navendra (Max Minghella). O trio tem a ideia de lançar uma rede social exclusiva para os alunos de Harvard se relacionarem. A partir disto, Zuckerberg, junto com o brasileiro Saverin (Andrew Garfield, em uma excelente atuação), inicia o desenvolvimento do The Facebook.
Durante o filme, a marca de David Fincher fica clara: o filme não utiliza uma linha cronológica tradicional, com começo, meio e fim. Fincher fica brincando com o histórico de processos que Zuckerberg sofreu durante o começo do Facebook, notadamente o de Saverin e dos Winklevoss, e vai inserindo os marcos importantes da história da criação do Facebook. É nesta brincadeira que o diretor, responsável por sucessos como Se7en, Clube da Luta e O Curioso Caso de Benjamin Button, cria uma das suas melhores obras, que já vem recebendo elogios ao redor do mundo e já é um dos favoritos para as premiações de 2011.
Obviamente, o bom trabalho de Fincher não seria possível sem o bom elenco de jovens atores que ele tem a sua disposição. Eisenberg, do bom Zumbilândia, recria a excentricidade de Zuckerberg com perfeição, fazendo com que você realmente fique dividido se ele é o vilão ou o gênio da história. Justin Timberlake, no papel do criador do Napster, Sean Parker, surpreende e convence como o playboy-gênio-cheio-de-contatos, sendo o pivô do término da amizade entre Zuckerberg e Saverin. O brasileiro, por sinal, é interpretado com maestria por Andrew Garfield, responsável por um dos momentos mais engraçados do filme. Para quem estava desconfiado se o ator de 24 anos era um nome capaz para assumir o novo filme do Homem Aranha, a atuação dele em A Rede Social serve para sanar um pouco das dúvidas.
Se você não faz parte dos 500 milhões de usuários do Facebook, você certamente ficará curioso e buscará fazer parte deles. Se você já é, o filme é uma excelente maneira de saber como surgiu a rede social mais usada no mundo. A retratação do Facebook, tema um pouco secundário perto da relação Zuckerberg–Saverin, consegue ser tanto séria e verídica como um pouco humorística – basta notar as diversas referências a animais de fazenda (uma clara brincadeira com o fenômeno FarmVille). Graças a esta relação bem construída, A Rede Social é, desde já, um dos melhores filmes do ano, um excelente desfecho para um ano cheio de altos e baixos para o Facebook.