RetroArkade: Na TV ou nos games, Beavis and Butt-Head são os anos 90 resumido em dois caras toscos!
Beavis e Butt-Head são praticamente uma espécie de sinônimo dos anos 90. Tudo o que a década teve de melhor (ou não) estava representada na vida destes dois aí, que serão objeto de “estudo” da RetroArkade de hoje.
Sabe aquele desenho que todos queriam ver mas nunca dava ou porque passava muito tarde ou porque a sua mãe não deixava? Pois bem, se muitas mães ficavam de cabelo em pé com Os Cavaleiros do Zodíaco, que apesar dos banhos de sangue (na Manchete o pau comia sem censura), passava numa boa durante a tarde, imagine então com uma animação envolvendo dois adolescentes toscos, que só ouvem rock pauleira e se envolvem em situações envolvendo humor negro?
Mas o negócio era que a gente acabava dando um jeito de conferir as aventuras dos dois manés aí, que são “filhos” de Mike Judge, o mesmo cara por trás de “O Rei do Pedaço”. Com o primeiro episódio indo ao ar em 1993, Beavis e Butt-Head inovaram por fazer o que hoje é comum em uma era aonde a patrulha do politicamente correto estava em cima de tudo. Vale lembrar que no mundo dos games, Mortal Kombat estava causando um estardalhaço no Senado dos Estados Unidos.
Mas como em toda produção, não basta ser “do contra”, tem que trazer algo que interesse a um público para manter o projeto no ar no máximo de tempo possível. E foi exatamente isso o que aconteceu com estes dois aí!
Sobre a série
Duzentos e vinte e dois episódios divididos em oito temporadas apresentaram os dois jovens, que curtiam rock’n roll, não arrumavam a casa em que viviam e eram totalmente depravados e destrabelhados. Os episódios contavam um pouco do dia a dia dos dois, seja na escola ou no tempo livre ou nas buscas por aventuras, envolvendo garotas ou shows de rock.
Um lance curioso do seriado está no fato de que acontecia uma “pausa” na história com cenas dos dois sentados no sofá assistindo e criticando vários clipes. Twisted Sister, Iron Maiden, Kiss e AC/DC são algumas das bandas que passaram pelos comentários afiados e ácidos dos dois.
Um filme foi lançado em 1996: Beavis and Butt-Head do America. O longa fez um relativo sucesso e contou com trilha do Red Hot Chilli Peppers, você se lembra?
No Brasil, a MTV Brasil transmitiu a série até meados dos anos 2000. Com o fim da MTV no país (a atual só tem a marca em comum, pois pertence aos seus donos originais, a Viacom, enquanto a versão brasileira contava com licença para que a Abril a explorasse), e uma nova temporada nascendo, os episódios passam nos canais da Viacom, como a atual MTV.
Tanto sucesso fez com que os dois jovens esculachados ganhassem versões de videogame. Mas ao invés de seguir a tendência da época, em que qualquer coisa virava um jogo chato e sem graça, só explorando a imagem da figura conhecida em questão, Beavis e Butt-Head fizeram bonito.
Na Busca pelo ingresso do show do Gwar.
Aproveitando o sucesso do seriado, a própria Viacom publicou um game dos personagens para os consoles da época, o Mega Drive e o Super Nintendo. Mas como era comum na época, estúdios diferentes faziam os games para cada sistema, seja para otimizar o processo, ou mesmo para programar explorando aspectos específicos de cada sistema. Ambos os jogos chegaram em 1994.
A Realtime Associates, que adaptou Capitain America and the Avengers para o SNES, levou Gex para o Nintendo 64 e colaborou em alguns games NBA Live, foi a responsável pela versão para o console da Nintendo. O game era um side-scrolling, com a premissa de ir “do ponto A ao B”, com algumas imagens ilustrando as passagens de fase. O game exigia do jogador reflexos para desviar dos obstáculos e encarar os inimigos, mas era mais um entre tantos iguais, embora tenha animações competentes, que se assemelham aos desenhos.
Mas a versão de Mega Drive, preparada pela Radical Entertainment, embora com visual mais simples, trouxe um pouco mais da experiência de “ser” Beavis ou Butt-Head. Assim como no sistema Nintendo, a história é a mesma, a busca pelos ingressos para assistir o show de Gwar, mas no 16-bit da Sega, o jogo flui como um adventure, misturado com ação side-scrolling.
Embora os personagens andem em cenários laterais desviando de inimigos, o game pede do jogador coletas de itens e alguns puzzles, aumentando um pouco mais a proposta entregue pelo desenho animado. Joguei uma das fases do game, em sua versão de Mega Drive, para mostrar pra você, confere aí:
E sim, de fato o game é escrachado ao extremo, e mesmo com cenas simples, consegue arrancar risadas de quem gosta deste tipo de humor. Sendo um “episódio” em forma de game muito bem planejado, esta versão foi a que mais tem a ver com a série e que ficou mais interessante de se jogar. E pela arte do desenho, o jogo ainda conseguiu ficar “menos velho” do que deveria.
Tem lugar para Beavis e Butt-Head na mídia hoje?
Claro que sim. A Internet trouxe liberdade e os canais a cabo oferecem mais possibilidades. Como todos já sabemos, Beavis and Butt-Head voltou com alguns episódios novos e em relação a conteúdo, temos coisas “piores” no ar, logo os dois hoje nem causam tanta polêmica com Eric Cartman soltando palavrões por aí.
Quanto aos games, o mesmo Cartman com seus amigos estrelaram recentemente o excelente South Park: The Stick of Truth, que usou as técnicas do desenho para construir um jogo muito divertido e eficiente. Algo semelhante feito com Beavis e Butt-Head, transformando um episódio em game, seria bem legal de se curtir também. Logo, as portas estão sempre abertas para estes dois irresponsáveis, desde que façam as coisas direito e não como executam seus trabalhos naquela lanchonete.