RetroArkade: Blixto, o jogo mais “exclusivo” de todos os tempos!
Nos últimos anos, nós sempre falamos sobre games e projetos exclusivos. A tal exclusividade é defendida por fãs de marcas, e garante fidelidade para que tais jogadores sempre aguardem ansiosamente as várias novidades. Mas, e se houvesse um game feito apenas para você? Um exclusivo, que seria tão exclusivo, que só você teria acesso a ele?
Bom, houve um garoto, no final de 1991, que teve um game para chamar de seu, apenas seu. Estou falando de Lucas Silva e Silva, o garoto interpretado por Luciano Amaral, no clássico Mundo da Lua, seriado exibido pela TV Cultura, entre os anos de 1991 e 1992, que contou com 52 episódios.
Lucas tinha à sua disposição o “famoso” game Blixto, o game que “apenas ele” jogou alguma vez na vida, e que o próprio Luciano afirmou, em depoimento, estar entre os seus jogos preferidos. É sobre estes clássicos que iremos falar hoje.
Diretamente do Mundo da Lua
Se você era vivo e já assistia televisão no início dos anos 90, com certeza você conhece Mundo da Lua. Uma das muitas criações de Flavio de Sousa (que também participou de forma importante em Rá-Tim-Bum, Castelo Rá-Tim-Bum, Ilha Rá-Tim-Bum, além de ter vivido o Tíbio, e ainda é o tio da MariMoon), a série contava histórias da família Silva e Silva, pela ótica de Lucas, um garoto de dez anos.
A série tem início no aniversário de Lucas, quando, em meio a situações comuns em meio a festas de crianças daqueles tempos, ele ganha dois presentes especiais: um gravador, de seu avô Orlando, que era a “porta de entrada para o Mundo da Lua“, e um videogame, dado por seu tio Dudu, interpretado pelo mesmo Flavio de Sousa.
O gravador, icônico por suas luzes acesas, era o local onde o garoto, em todo episódio, registrava seus pensamentos, reproduzidos como situações únicas em forma de histórias próprias, como se fosse a visão do próprio garoto sobre situações que estavam acontecendo no momento, mas do jeito que ele gostaria que tudo estivesse sendo desenvolvido.
Já o videogame, não poderia ser diferente. Era um legítimo console de última geração, mas claro, feito apenas para o seriado. A inspiração, claro, é do Phantom System, o console da Gradiente, que foi um dos muitos Famiclones no Brasil. Era nele, que Lucas, quando não estava no Mundo da Lua, se divertia com o grande game do momento, ao menos no seriado: Blixto.
Blixto: o jogo mais exclusivo de todos os tempos!
Uma coisa muito importante para quem produz um seriado, é conseguir interagir com seu público. E falar a mesma língua. A produção de Mundo da Lua conseguiu trazer isso muito bem, personificando Blixto. Blixto era, basicamente, um “hack” de Mario Bros. 3. Em aspas pois como podemos ver no seriado, o game, embora lembre muito o clássico da Nintendo, tem animações bem específicas.
Na verdade, são pequenas animações que são exibidas na tela, que refletem a jogatina do garoto. Porém é possível ver, nos pequenos detalhes, como tudo no jogo de Blixto tem boas inspirações com Mario, deixando o jogo bem interessante quando apresentado no seriado.
No episódio “Muito Prazer: Blixto”, a temática do videogame é bem explorada. No episódio, Lucas está fissurado no game, decidido a não sair dali até terminar todo o jogo. Ele chega a terminar o game, mas quando quer contar pra todo mundo, não tem ninguém em casa para ouví-lo. O que resta, então, é ligar o gravador, ir para o “Mundo da Lua”, e receber a visita do próprio Blixto:
Interpretado por Renato Dobal, Blixto, como personagem do seriado, também tem fortes influências de Mario. Na verdade, ele é o próprio Mario, porém usando verde e com uma lua no chapéu, referência, claro, ao nome do programa. No “Mundo da Lua”, o garoto e seu personagem preferido aprontam algumas travessuras, onde as coisas não saem como deveriam e, no final, uma boa lição é apresentada.
Tão inesquecível quanto o game, era a sua trilha sonora. Quem assistiu o seriado reconhece instantaneamente a música, quando Lucas está jogando. O que entrega o capricho, em todos os detalhes, da produção de Mundo da Lua, na hora dos episódios. Tal cuidado também pode ser reparado na “boy band” favorita de Juliana, irmã de Lucas: os Big Bad Boys, ou ainda, em muitos outros episódios, sempre com uma temática e história interessante.
E aí, quem vai trazer o Blixto de volta?
Bom, se a gente vive a era dos remakes e remasters, perguntar não ofende: será que não rolaria, de alguma forma, transformar Blixto em um game de verdade?
A Danone, através do Danoninho, chegou a contar com Luciano Amaral, em 2020, para um “novo episódio” de Mundo da Lua. Mas, nada mais sabemos sobre o game. O que é natural, pois estamos falando de um projeto de 1991, sem as questões de merchandising e licenciamento que evoluíram com o passar dos anos.
Não duvido que, caso Mundo da Lua, do jeito que foi, houvesse sido produzido e lançado nos dias atuais, com certeza Blixto não seria apenas um game jogável pelo personagem. E sim, um game disponível nas lojas virtuais, usando o próprio seriado como plataforma de divulgação.
Mas, de qualquer forma, Blixto marcou época. Não pelo jogo em si, pois só uma pessoa conseguiu jogá-lo (e zerar). Mas por representar uma época “radical”, e apresentar, para sempre, como era jogar videogame e se divertir muito, nas pequenas TVs de 14 polegadas no quarto, com games que, embora limitados, ofereciam diversão e desafios que os fazem ser queridos até os dias de hoje.