RetroArkade: BOOMSHAKALAKA! Welcome to NBA Jam!
Que tal dedicar uma parte do seu domingo pra relembrar com a gente divertidas disputadas de basquete, com direito a enterradas espetaculares, falta de regras e locução inesquecível? Bem-vindo ao NBA Jam!
O basquete sempre foi um dos esportes mais populares dos Estados Unidos — e no Brasil também, valeu Oscar! — e ao contrário de seus “concorrentes” como o conservador futebol americano ou o sério baseball, é um esporte que valoriza mais a alegria e o improviso, tendo em seus mitos, como Michael Jordan ou Magic Johnson exemplos claros de “show” em seus jogos.
Era demais ser criança nos anos 90 e assistir partidas do Chicago Bulls ou dos Los Angeles Lakers e ver estas duas lendas praticarem jogadas inacreditáveis, levantando até a torcida adversária. All Star Game nem se fala, afinal um jogo de festa virava o ambiente ideal para muita vibração.
E nesse clima de ouro do basquete que os EUA viviam e compartilhavam com o mundo que surgiu em 1993 NBA Jam, jogo da Midway que trouxe aos arcades da época o que poucos jogos tinham: foco na diversão. Os jogos de basquete da época eram legais, mas muito focados na parte mais “formal” do esporte. Até houveram tentativas de fugir do tradicional como o bacana Jordan vs. Bird para o NES, jogo onde os modos eram ou o “um a um” baseado no 21 ou em disputas de cestas de três.
Mas a revolução veio com um grito: BOOMSHAKALAKA!!! Mark Turmell encabeçou o desenvolvimento do jogo que consistia em disputas dois-contra-dois com foco na diversão, usando como referência um outro jogo um tanto desconhecido mas que já mostrava essa vontade de ser fazer um legítimo jogo “HUE”: Arch Rivals, de 1989 com versões para Arcade, NES e Mega Drive. Em Arch Rivals você também jogava com dois jogadores no time, mas não haviam faltas. Você podia socar o adversário e roubar a bola, como se estivesse jogando na rua mesmo. Saca só como era o “pai” de NBA Jam:
E foi exatamente esse jeitão desimpedido e baseado na zoeira (que nunca acaba!) que gerou o nosso jogo de basquete preferido. Tínhamos todos os times da Liga Profissional de Basquete dos Estados Unidos e seus jogadores. O sucesso foi tanto que os próprios jogadores da NBA começaram a curtir o game. No começo, a NBA não gostou muito da ideia e não queria ver sua marca estampada no arcade nem ver o jogo licenciado, mas uma fita de vídeo fez com que os executivos mudassem de ideia e observassem o potencial do projeto.
Em contrapartida, muitos personagens secretos ampliaram a bagunça: o presidente dos EUA na época Bill Clinton, o vice-presidente Al Gore, o mascote do Charlotte Hornets, os Beastie Boys e até o Will Smith no seu estilo “Maluco no Pedaço” podiam ser selecionados por código. Houve uma breve aparição até dos personagens de Mortal Kombat na versão Tournament Edition, mas logo eles foram removidos nas revisões pelas polêmicas que trouxeram. A prova do crime está aqui, com uma dupla com Raiden e Scorpion:
Tá pouca a zoeira? Então toma mais: Lembra do fato do seu jogador ficar “On Fire” ao fazer três cestas seguidas, com direito a bola pegando fogo e tudo o mais? E das tabelas que quebravam? E as enterradas alucinantes? Temos que lembrar também das dicas especiais antes das partidas que apareciam, que geravam mais coisa bacana. Imagina a festa!
Falando em festa, atualizamos esta matéria pois hoje (18/06/2016) é o dia D das finais da NBA entre Golden State Warriors e Cleveland Cavailers. E para comemorar, além de fazer nossa aposta virtual, confira aí o jogo entre as duas equipes no NBA Jam. Quem vai levar o caneco? Aqui o jogo foi bem dramático, vem ver.
(Se tiver preguiça de terminar o jogo desta maneira, faça isso: na tela de apresentação, aperte Start para entrar no menu e, nesta tela, faça a seqüência: Y, cima, baixo, B, esquerda, A, direita, baixo e Start — no Super Nes. Em seguida, na tela Enter Your Initials, coloque JAM. Fazendo esse truque você iniciará o jogo com os 27 times adversários já derrotados, Super Dunks e uma partida mais dificil para encarar.)
Algumas Curiosidades
Sem Jordan? – Todos queriam ver, sentir, ouvir ou jogar com Michael Jordan nos anos 90. Mais do que o maior jogador de basquete de todos os tempos, o astro foi um dos ícones da década e sua ausência de NBA Jam foi muito sentida pelos seus fãs. A razão da falta foi questões de direitos autorais: o jogador funcionava como uma entidade a parte da NBA. Mas houve algumas máquinas que contavam com o jogador e Gary Payton. Ao ESPN.com, Turmell contou que o houve um telefonema no qual foi dito que o jogador do Seattle Supersonics queria pagar o que fosse necessário para estar no jogo. Então, para colocá-lo no jogo, eram necessário tirar fotografias, e Payton enviou fotos suas e de Jordan com um pedido: “Queremos estar no jogo”. Eles apareceram em uma versão especial, com status de superstars.
Os Bulls foram programados para perder – Não importa o time que você gosta da NBA, nos anos 90, todos queriam torcer para o Chicago Bulls. Mas o que muita gente não sabia era que Pippen e Grant perdiam muitos arremessos no final dos jogos. Foi revelado, então, que eles de fato foram programados para perder, mas apenas contra o Detroit Pistons, o time de Turmell.
A “turnê” de Shaquille O’Neal – Um dos maiores fãs de NBA Jam de todos os tempos foi o Shaq. Tão fã que ele contratou assistentes responsáveis em levar um arcade do jogo para as viagens do Orlando Magic na temporada regular (ele tinha outro em sua casa).
Qual o melhor jogador de NBA Jam? – Bom, sabe aquela história de “meu jogo, minhas regras”? Pois bem, esqueça Reggie Miller e seus três pontos ou as habilidades de Shaquille O’Neal. Quem doutrina em NBA Jam é o próprio criador do jogo: Mark Turmell. “Quando você coloca meu personagem no jogo, você verá apenas pontos de interrogação nas estatísticas, mas são tudo 10 ou 9. Eu sou muito bom no NBA Jam”.
O lado sombrio de um jogo zoeiro – Turmell jura de pés juntos esta história, mas… Drazen Petrovic, do New Jersey Nets, morreu em um acidente de carro assim que o game havia sido terminado. Segundo o criador do game, “um dia estávamos jogando Mortal Kombat e havia uma máquina de NBA Jam do lado e, de repente, o jogo começou a chamar ‘Petrovic! Petrovic’, e isso só depois que ele havia morrido”. E ele afirma que máquinas de NBA Jam originais chamam o jogador até hoje.
A chata da NBA que nem deixa jogar basquete com caveiras – É fato a proximidade de Mortal Kombat e NBA Jam, mas poderia ser maior a parceria, se não fosse a NBA. Ed Boon contou em 2009 que poderíamos ter uma quadra baseada em Mortal Kombat, com direito a bola de caveira e arco de ossos… mas a Liga descartou a hipótese.
Quanto NBA Jam faturou? – MUITO DINHEIRO! No auge do game, as máquinas conquistavam cerca de US$ 2000 por semana, o que rendeu uma verba que varia entre 1 e 2 BILHÕES de dólares. “Havia tanto apelo no jogo de quatro jogadores que em Chicago, um arcade teve que fechar as portas na primeira semana, para evitar brigas para ver quem seria o próximo a jogar”, diz Turmell
Via (ESPN.com)
Sucesso de arcade e console!
Com o sucesso do jogo no fliperama, versões caseiras também foram lançadas. NBA Jam foi muito popular em Super Nintendo e Mega Drive, mas teve versões para Game Boy, Game Gear e SEGA CD. Quase rolou uma para Master System, mas acabou que foi cancelada. A versão Tournament Edition, que é uma atualização do jogo original saiu para mais consoles ainda: SNES, Genesis, 32X, Game Boy, Game Gear, Sega Saturn, PlayStation e Atari Jaguar (Sim, até pra Jaguar). Todas com o apoio da Acclaim (e da Iguana Software), igualzinho no Mortal Kombat. E qual a versão que é a melhor? Na boa, esquece isso e vá jogar no console a sua disposição.
Nos videogames, a série ficou ainda mais popular, garantindo horas e horas de diversão, especialmente no multiplayer, onde a série detonava. Assim como no Arcade (mas com ajuda de adaptadores), quatro jogadores podiam jogar juntos e ampliar a festa, que ajudava muito em seus controles fáceis e seu visual divertido, lembrando também da música inesquecível e dos berros do locutor.
Mas como tudo que vira passado, NBA Jam também passou por isso. Após os dois jogos, houveram algumas outras versões como NBA Hangtime, ou mesmo outros NBA Jam’s que apareceram em PSOne, Nintendo 64 ou Game Boy, mas já sem o mesmo apelo que os originais possuíam. A série contou com dois reebots: em 2003 com versões para PS2 e Xbox e em 2010 que é aquela em 3D que saiu pra Android, iPhone, Windows Phone, Wii, Ps3, Xbox 360, Aspirador de pó, Receptor de TV a cabo e por aí vai…
Hoje quem manda no basquete é a série NBA 2K. Totalmente oposta a série que estamos compartilhando hoje, suas qualidades são o abuso de realismo em visuais e partidas, com todas as regras e toda a técnica do jogo, além dos modos clássicos com Jordan. Mesmo assim, quando você estiver cansado de técnicas e táticas de quadras, tire a poeira do seu Super Nintendo ou Mega Drive e jogue de novo uma partida de NBA Jam. Garanto que ao final vai ter um sorriso no seu rosto!