RetroArkade: Boot Hill, um legítimo videogame dos anos 70 do Velho Oeste
Antes dos games Red Dead Redemption, tivemos Gun. Antes de Gun, tivemos Sunset Riders, e Wild Guns. E antes destes games, que foram sucesso nos anos 90, tivemos Boot Hill. O Velho Oeste sempre foi terreno fértil para games dos mais variados tipos. Recheados de ação, eles pegavam carona nos filmes sobre o tema, que levava muitos tiroteios no ar.
E, como os videogames no início da carreira precisavam de temas populares para se afirmar, o Velho Oeste, embora fosse um gênero que já não era tão popular como foi durante décadas passadas, era um ótimo campo a ser explorado. Foi assim que, em 1977, a Midway, em seus primeiros dias, lançou um interessante projeto: Boot Hill.
A ideia e a evolução
Em 1975, a Taito lançou Gun Fight. A ideia era bem simples. Baseado nos duelos, típicos não só do Velho Oeste, mas em todo o mundo, e que foram caindo em desuso apenas no início do século XX, dois jogadores combatiam entre si, subindo e descendo no gabinete, para ver quem acertaria o tiro primeiro.
A Midway, que já existia desde 1959, fabricando máquinas de diversão mecânicas, como caça-níqueis, ou mesmo simuladores de tiro, entrou no mercado de arcades em 1973 e, naquela época, fez uma parceria forte com a Taito. Era mais ou menos assim: a Taito ganharia mais presença nos EUA com a distribuição da Midway, e o oposto aconteceria em território japonês.
Desta forma, a Midway conseguiu autorização para lançar uma espécie de sequência para Gun Fight. E, em 1977, chegou Boot Hill. Entre as melhorias, era possível, desta vez, jogar contra a CPU, deixando opcional a jogatina entre duas pessoas. E, aqui, os obstáculos oferecem proteção temporária. Assim como um determinado local poderia ser danificado com um tiro, as proteções podem desaparecer após ser atingida.
As limitações da época deram ao game também um charme extra, que deixa-o bem curioso hoje em dia. Na falta de uma tela com detalhes ao fundo, um cenário de plástico, iluminado e projetado em um grande espelho, faziam o jogo se apresentar de uma forma bem diferente.
Mas o gameplay, é o mesmo. Com um controle, você direcionava em até oito direções o seu cowboy, do seu lado do monitor. Estilo PONG, mesmo. E, com seis balas disponíveis, era possível usar o segundo “joystick”, em forma de arma, para efetuar os disparos. Matando um, o atingido vira uma lápide, em uma interessante animação, e depois volta para o próximo “round”. Ganha quem tiver mais “pontos” ao final do tiroteio.
A limitação que gera a criatividade
No início dos videogames, criatividade era o que não faltava, por parte dos desenvolvedores. Se faltava tecnologia para detalhar personagens e cenários, havia boas ideias para sua criação. O cenário de fundo, desenhado, tinha uma arte bem interessante, que introduzia bem o jogador ao ambiente de Velho Oeste.
Além disso, os elementos que eram reproduzidos na tela, na cor branca, eram reproduzidos com harmonia em relação ao fundo. Funcionando de maneira semelhante aos mini-games que eram populares nos anos 90. O gameplay, apesar de espalhafatoso, era diferente para a época. E permitiu uma ação que unia o melhor de PONG, em um cenário mais desafiador, como os velhos duelos.
Não há muitos arcades neste estilo. Em 1978, a Taito lançaria Space Invaders, o que revolucionaria, mais uma vez, o cenário dos videogames. Além disso, alguns anos depois, em 1981, Donkey Kong catapultaria ainda mais os arcades, transformando-os, junto com outros clássicos, como Pac-Man, no formato atual.
Já com telas, direcionais do formato o qual nos acostumamos a ver, e evolução técnica que, ano após ano, era bem percebida pelos jogadores, o formato de Boot Hill foi se tornando obsoleto, e caro. Mas é bacana ver as ideias iniciais da indústria. O mercado teria (e tem), vez ou outra, algum lampejo criativo. Mas diz aí: como seria, hoje em dia, jogar um game com um cenário feito a mão, por exemplo, com a ação rolando em torno dela?