RetroArkade – Brincando de destruir carros em Destruction Derby
Tudo bem que a gente gosta de correr nos videogames para chegar em primeiro lugar nas corridas, ou pra fugir da polícia, em casos de games como GTA. Mas, vamos confessar uma coisa: nada é mais legal do que arrebentar seu carro no carro do amiguinho e participar de um ambiente de caos em quatro rodas, sem o risco de ninguém ir parar no hospital, não é verdade?
Hoje, Burnout — que voltou em versão remasterizada — é o grande porta voz da bagunça de destruição, com direito a um Need for Speed — o Most Wanted de 2013 — compartilhar da mesma sede de destruição. Porém, nenhum game representou tão bem o espírito de quebrar tudo como Destruction Derby, jogo da Reflections Interactive — a mesma que traria Driver, anos mais tarde — que se inspirou nas populares corridas de destruição dos Estados Unidos, e trouxe um game muito divertido.
A regra é clara: sobreviva!
O gameplay de Destruction Derby segue “à risca” tudo o que envolve os torneios e eventos de destruição, famosos até hoje em arenas mundo afora: o que sobrar por último, vence. O jogo era bem simples, existindo entre as opções corridas tradicionais por alguns circuitos e a arena de destruição. Porém, o que chamava atenção, era o fato de que todos os carros eram passíveis de serem destroçados através dos impactos. Em uma época na qual simulação ainda não era o forte dos consoles, os carros do game poderiam sofrer grandes problemas de direção, de acordo com o impacto, a ponto de fazê-los parar, caso o motor sofresse demais. O radiador dos carros também poderia superaquecer, obrigando a retirada do carro da prova.
Na base da lei do mais forte, não importava se você estava na pista, em duelo ou na arena: era permitido jogar sujo, e forçar a retirada do carro do amigo da prova. Para estimular a bagunça, o jogo distribuia, além de pontos conquistados por vitórias, pontuação alternativa de acordo com o dano que o jogador conseguia fazer nas provas, fazendo com que a corrida, em um game de corrida, fosse o menos importante. O que fazia o jogo valer a pena, era o prazer de ver o carro do amiguinho sendo detonado nos muros da arena.
Era nítido ver que o game queria fazer muito mais, porém as limitações da época o obrigava a se contentar com seus modos e estilos de jogo — imagine só como seria uma arena de destruição em um ambiente online. Games mais recentes, como os da Criterion, até nos mostram como a destruição hoje ficou legal, com físicas apuradas e trabalho gráfico competente, afinal, ver um carro se arrebentar em Burnout, é de encher os olhos, mas apenas Destruction Derby conseguiria demonstrar estas atualizações gráficas com louvor, pois nos outros games, apesar do quebra-quebra, ganhar ainda é a prioridade.
Um injustiçado game, ofuscado pelo brilho dos arcades
Apesar de fazer muito sucesso no Playstation, o game também contou com versões para MS-DOS, Saturn e Nintendo 64, que foram recebidos com algumas críticas. Por isso, é associado ao 32-bit da Sony o sucesso do game, que chegou na época em que os games de corrida já estavam passando por uma grande evolução, e, embora isso seja um ponto positivo, acabou atrapalhando o desempenho de vendas e espaço de Destruction Derby.
Vamos relembrar: em 1995, Daytona USA era um fenômeno em todos os shoppings e fliperamas do Brasil e do mundo, com seu gameplay ágil e músicas inesquecíveis, ao mesmo tempo em que, pelos lados da Sony, Ridge Racer fazia sucesso semelhante, graças as suas curvas feitas a muitos quilômetros por hora. Cruin’s USA também fazia sucesso pelos lados da Nintendo, e Wipeout, embora não seja um game de corridas com carros, também foi uma explosão de sucesso devido ao seu visual psicodélico.
Tudo isso fez com que o divertido game, mesmo com suas qualidades, e iniciativas à frente de seu tempo, tivesse que se contentar com o status de cult, com seus fãs fiéis, mas sem o mesmo status de seus colegas de quatro rodas, que já haviam conquistado muito mais sucesso. Mas nada disso faz de Destruction Derby um jogo pior do que todos estes, pois a sua proposta é bem interessante e, garante um gameplay, especialmente entre amigos, dos mais legais.
Inclusive, este é mais um dos grandes games do passado que mereciam um remake, não acha? Com as tecnologias atuais, fazer um game de destruição seria uma das coisas mais divertidas. Não comparando de maneira exata, afinal, são universos totalmente diferentes, mas Rocket League tem um pouco dessa aura de caos, em jogos de “futebol com carros” em suas arenas. Os já mencionados games da Criterion também divertem por suas batidas, e corridas de destruição, uma das coisas preferidas de Homer Simpson, ainda são populares nos Estados Unidos. Resta apenas o interesse de alguém em reviver a série, e também conferir as questões de direitos autorais, para saber com quem está o game, e aproveitar seu potencial.
Hoje, além dos consoles originais, o game está disponível na PSN, para donos de Playstation 3 e PS Vita. Sua sede de quebrar carros também pode ser saciada com os outros dois games da série lançados na geração 32-bit (o Destruction Derby 2, de 1996, e o Raw, desenvolvido pelo Studio 33, de 2000), e com o último game da franquia, o Arenas, para Playstation 2, de 2004.