RetroArkade – Cougar Boy, a tentativa de Game Boy que quase ninguém viu
Nos anos 90, se você queria jogar algum game de forma portátil, só conseguiria fazê-lo através de um console portátil. Em tempos nos quais os celulares ainda estavam deixando de oferecer apenas números para começar a trazer um mínimo de conteúdo, a ação acontecia desde os aparelhos mais simples, como os famosos “Brick Game 999 in 1”, até o onipresente Game Boy.
Mas, justamente por ser um mercado de grande alcance, foram muitas as empresas que tentaram, cada uma ao seu modo, levar seus portáteis para as mãos dos interessados. Entre concorrentes diretos do portátil da Nintendo, como o Game Gear, e dispositivos que não tinham tanta ambição assim, tivemos o Cougar Boy, que também era conhecido como Mega Duck.
Inclusive, temos um artigo, já antigo, falando sobre os vários portáteis que inundaram o mundo dos games nos anos 90.
Uma opção mais em conta
O Cougar Boy que conhecemos no Brasil, na verdade era o Mega Duck WG-108. Foi criado e desenvolvido em Hong Kong, por uma empresa chamada Welback Holdings. Lançado em 1993, a companhia usou de uma estratégia que foi usada também pelo 3DO e pelo Saturn: permitir que várias marcas pelo mundo pudessem lançar o produto, e dividir a receita com a fabricante original.
Assim, o portátil foi vendido com várias marcas, como Creatronic e Videojet, além da Cougar, caso do Brasil. A Cougar, que na época era conhecida em nosso país na venda de aparelhos de som, trouxe, através da Cougar USA, o portátil. O lançamento foi acompanhado pelas revistas da época, como a Ação Games 62, de julho de 1994.
A notícia explica que o portátil contava com tela de cristal líquido preto e branco, além de som estéreo. Foi anunciado que o dispositivo teria 18 cartuchos, já em seu lançamento, com jogos educativos, de estratégia e ação, com a promessa de 25 títulos disponíveis até o final daquele ano. Chegou custando 75 URV. Em 1994, a URV foi um plano econômico transitório, que fez o Brasil mudar seu dinheiro, do Cruzeiro Real ao Real que temos hoje.
Também foi avisado, desde o início, que os games não eram tão sofisticados do que os do Game Boy. Para comparação, naquele ano a Nintendo lançou para o seu portátil Wario Land: Super Mario Land 3, e viu games como Mega Man V ou Mortal Kombat II chegarem ao sistema. O Cougar Boy acompanhava um cartucho 4 em 1 e um fone de ouvido estéreo.
Apesar de simples, e claramente inspirado no Game Boy, o Cougar Boy contou com alguns elementos interessantes. Era possível, por exemplo, conectar um controle externo, para jogatinas em dupla. E ainda houve uma versão em formato de laptop infantil, com foco em softwares educacionais, que no Brasil foi vendido com o nome de Super QuiQue.
Jogos e “legado”
O Cougar Boy / Mega Duck teve menos de 30 games realmente lançados. Há o registro de 37 games, mas na lista não há os jogos 012 e 023. Além disso, nem todos os games do Mega Duck foram lançados para o Cougar Boy. De qualquer forma, são jogos muito simples, feitos para suprir uma demanda do mercado de games baseada no custo. Já naqueles dias, videogame era uma coisa cara, e isso inclui o Game Boy. Assim, o portátil de Hong Kong buscava ser uma alternativa mais em conta para quem não queria, ou não podia, pagar pelo portátil da Nintendo.
Obviamente, o portátil não fez o sucesso desejado, e foi descontinuado pouco tempo depois, por vendas muito baixas. A cobertura das revistas se limitou à notícia do lançamento, sem nenhum review de seus games. Mas um legado curioso surgiu depois dos quase trinta anos de seu lançamento.
Como sabemos, a comunidade de colecionadores de videogames buscam aparelhos de todo tipo para suas coleções, o que inclui dispositivos desconhecidos e diferentes. O Cougar Boy entrou neste seleto grupo, com exemplares vendidos Internet afora por volta de R$ 600, ou até mais caro. Os jogos, não saem por menos de R$ 250.
Mas tão raro quanto achar um Cougar Boy, é achar um Cougar Boy com tela decente. Isso acontece pelo motivo da tela de LCD que acompanha o aparelho ser de baixa qualidade. Assim, com o passar do tempo, muitos dos portáteis começaram a apresentar manchas, irreversíveis. O Game Boy sofre deste mesmo problema, entretanto, em uma escala muito menor, além de ser, atualmente, muito fácil resolver este problema, com o próprio usuário fazendo a troca sozinho, através de produtos e tutoriais na Internet.