RetroArkade: F1 2000 e a vez em que a EA Sports apostou na Fórmula 1

11 de novembro de 2018

RetroArkade: F1 2000 e a vez em que a EA Sports apostou na Fórmula 1

Hoje já estamos acostumados com um game novo da F1 chegando anualmente pelas mãos da Codemasters. Entretanto, no final dos anos 90, a licença pelo game não era exclusiva de uma desenvolvedora. Assim, Psygnosis (Formula 1 99), e a Video System (F1 World Grand Prix) eram algumas das produtoras que levavam carros, pistas e a temporada atual da Fórmula 1 para os videogames.

Mas naquela época, já existia a EA Sports, it’s in the game. E era bem mais onipresente do que hoje, pois, além de FIFA e Madden, a franquia era conhecida por seu NBA Live, a série NHL, e games da NASCAR. Com isso, decidiu, então, apostar na Fórmula 1, levando o seu selo para a competição.

A temporada de 2000 antes da temporada de 2000

RetroArkade: F1 2000 e a vez em que a EA Sports apostou na Fórmula 1

Todo fã de Fórmula 1 já sabe que os games da categoria chegam apenas no segundo semestre. Isso acontece por aproveitar o retorno das férias de meio de ano da categoria, e também para poder aproveitar melhor os dados fornecidos pelas equipes. Como a Fórmula 1 é um esporte altamente tecnológico, e qualquer detalhe faz a diferença, as equipes divulgam certas informações apenas no momento certo.

Além disso, também é comum por este universo, os carros mudarem, mesmo que pouco, durante o ano. Há alguns ajustes aqui e ali que são autorizados. Assim, apenas do segundo semestre pra frente que temos os carros definitivos para as corridas que restam. E também vale lembrar dos pilotos (a até patrocinadores), que, vez ou outra, podem ser substituídos também.

Só como um exemplo, podemos citar a Force India. A escuderia faliu neste ano, e foi comprada por um grupo de investidores. Mas, de acordo com as regras da F1, a antiga Force India foi removida da competição, e a “nova equipe”, embora com os mesmos pilotos, começou do zero a competição.

RetroArkade: F1 2000 e a vez em que a EA Sports apostou na Fórmula 1

Entretanto, em 2000, a EA quis lançar seu game no início da temporada, aproveitando a estreia da temporada, que aconteceu no GP da Austrália, em 12 de março daquele ano. Assim, norte-americanos (30 de março) e japoneses (6 de janeiro), tiveram acesso ao game. Curiosamente, os europeus, tradicionalmente mais próximos da F1, receberam o jogo apenas em junho.

Naquele ano, a F1 contou com estreias interessantes. A mítica Indianápolis, sede da famosa prova de 500 milhas, foi adaptada e misturava, na ocasião, partes mistas com a oval. E, também naquele ano, a Jaguar fazia sua estreia, após a Ford comprar a antiga equipe Stewart, equipando-os com seu motor Cosworth. A EA apostava tanto na Jaguar como um bom elemento de divulgação, que o carro verde aparece na capa junto a uma Ferrari.

Assim, o game foi lançado com ambas as novidades, oferecendo recursos bem interessantes para a época, como carros que podem estragar o motor, incluindo os adversários. Além de replays, que se tornaram obrigatórios após o sucesso de Gran Turismo.

O apressado come cru

O jogo oferecia os modos de campeonato, corrida rápida, um fim de semana completo de GP, grid customizado e time trial. Também contava com a comunicação visual oficial da F1 daqueles tempos. Entretanto, a vontade de lançar logo o título contou com problemas. Haviam vários problemas com a IA dos carros, não funcionando muito bem o sistema de quebra de motor ou “erros” dos pilotos.

Além disso, os controles não eram dos melhores, perdendo para rivais contemporâneos. Uma curiosa reclamação em um review da época, era a de que faltava uma música dentro do game. Hoje, é exatamente isso o que acontece nos games, oferecendo, um ou outro, a possibilidade de adicionar músicas, se o jogador assim desejar. Mas, no geral, é só o barulho do motor, mesmo.

Entretanto, o que é possível perceber, ao jogar o game, ainda mais nos dias de hoje, é que, assim como sempre aconteceu com filmes baseados em filmes, houve pressa no desenvolvimento. A intenção de lançar o game junto com o início da temporada obrigou o game a ser lançado sem o devido tratamento. Formula One 99, da recém-fundada SCE Studio Liverpool (antiga Psygnosis) foi lançado em outubro de 99.

Assim, o game da EA tinha os pilotos atualizados, e a nova pista de Indianápolis. Mas, para o gameplay, ainda era mais divertido jogar o game concorrente. Isso sem mencionar o F1 World Grand Prix, que além do sucesso no Nintendo 64, também contava com versões para Playstation, e Dreamcast.

O F1 2000 – 2 e uma pequena, mas importante série

https://www.youtube.com/watch?v=BrsQRf98QUs

Sabendo que o game poderia ser melhor, a EA, pegando embalo na sua série 2001, como o FIFA ou o NBA Live, aproveitou para corrigir vários problemas. A Visual Science, que faria sucesso anos mais tarde com Medal of Honor: Rising Sun, e o game do torneio de Quadribol de Harry Potter, corrigiu, de fato, várias questões, e “relançou” o game, desta vez dentro do cronograma tradicional de um game de F1.

Assim, no dia 30 de setembro (24 de novembro, para os europeus), chegou o F1 Championship Season 2000. O game também teria uma versão para o recém-lançado Playstation 2, além de PCs e o Game Boy Color. Tudo foi melhor trabalhado, mas ainda não estava tudo bem. Mas, sem problemas, afinal, a série conseguiu se manter por mais alguns anos.

Em 2001, EA Sports F1 2001 chegou com as óbvias melhorias e atualizações. E assim a série foi caminhando até 2002, com o último game oficial. Em 2002, a Sony adquiriu os direitos exclusivos sobre os games da Fórmula 1. E, em 2009, os direitos foram parar nas mãos da Codemasters, que iniciou a série tal qual conhecemos hoje.

A EA Sports dos anos 90 queria, de fato, apostar em vários segmentos. A Fórmula 1 seria uma das boas apostas do selo. Afinal, se trata de um esporte com um bom público, e melhorias eram percebidas nos jogos, ano a ano. Mas a Sony acabou pegando para si a exclusividade da marca e impossibilitou novos games por parte da EA.

Mas não podemos deixar de valorizar a contribuição da EA nos jogos de F1. A sua busca por uma boa representação de uma corrida, com elementos que ainda eram novos naquela época, como a ausência de música e pilotos IA que erravam como um piloto real, além de motores que estragavam, são elementos praticamente obrigatórios em muitos games de corrida atuais. O F1 2018, por exemplo, exige do jogador, no modo carreira, uma boa adminitração dos componentes do carro.

Por isso, mesmo que breve, a série da EA merece sim as nossas considerações. E fica a dúvida: como seria um game atual da F1, feito pela EA Sports? Será que o que a empresa usa em FIFA ou Madden seriam bem aproveitados nas corridas?

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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