RetroArkade: Hora de fazer as malas no Master System e procurar a Carmem Sandiego
Todos nós temos um “malvado favorito”. Seja um vilão carismático ou um anti-herói, personagens que ficam no time “do mal”. E os jovens dos anos 90 tiveram a oportunidade de conhecer Carmen Sandiego, uma das ladras mais memoráveis de todos os tempos, e ainda por cima, também puderam perseguí-la em um jogo de investigação.
Com sua estreia no ano de 1985, a ladra nasceu da mente dos ex-Disney Gene Portwood e Lauren Elliott, que queriam oferecer um ensino de geografia diferente, dando essa “aula” com um jogo educativo e bem divertido (sim, é possível, basta querer!). Carmem era uma detetive da agência ACME que cansou da facilidade de resolver problemas e decidiu criá-los, virando uma ladra e fundando a VILE, uma agência especializada em roubar o que fosse de mais impressionante pelo planeta. Carmen roubava apenas por esporte, mas nem por isso, seus perseguidores desistiam da sua captura.
A série fez tanto sucesso nos games, que ganhou em 1994 uma série animada. Nós assistimos ela aqui na TV Colosso, entre outros infantis da TV Globo, e nos episódios, os agentes da ACME Zack, Ivy, além do Chefe, eram os que ficavam no encalço dela, enquanto viajavam pelo mundo. Carmen estrelou HQs, livros e fez seu sucesso, oferecendo educação e diversão num só pacote. Quer relembrar a abertura? Então vem:
Voltando ao game, a primeira versão saiu para o Apple II, mas depois o MS-DOS, Commodore 64, Master System, Amstrad CPC, além do TRS-80 Color Computer, ganharam uma versão também, todas produzidas pela Brøderbund Software. Os jogos, guardadas as diferenças entre os vários sistemas, eram o mesmo: uma investigação por cidades em busca da ladra, na tentativa de se resolver o crime.
Versão brasileira: Tectoy
Uma coisa interessante nos jogos de Carmen Sandiego, é a presença brasileira em uma época “pré-Blanka”. Numa época em que Brasil era apenas o time de futebol dos jogos do gênero, o game retratava o nosso país, com Rio de Janeiro e Brasília sendo mencionados, além das cores de nossa bandeira, afinal, o objetivo do jogo era ensinar de maneira diferente, elementos de diversos povos, e isso incluia o nosso.
Entendendo o potencial do jogo, a forte capacidade de identidade entre ladra e público nacional, além da carona bem-vinda da animação que passava nas manhãs da Globo, a Tectoy foi vanguardista e, aproveitando o know-how adquirido com Phantasy Star, trouxe para Master System e Mega Drive as versões brasileiras do jogo, totalmente traduzidas para o português, o que fez ele ser finalmente jogável para um número sem fim de jogadores, que dependiam dos textos na tela para avançarem no game.
As legendas ajudam muito, afinal o jogo é cheio de dicas, fornecidas pelos estabelecimentos os quais você visita nas cidades durante a perseguição. Entre em um bar, biblioteca ou museu e você terá respostas do tipo: “ela estava segurando uma bandeira amarela, vermelha e preta”, ou “ela estava carregando , dando as dicas necessárias para a investigação.
Durante o processo, o tempo vai passando, e ele acelera mais quando você toma um avião para outra cidade (é o tempo da viagem), quando anoitece e você precisa dormir, ou quando um capanga vem e te dá um tiro, exigindo um tempo de recuperação. Se não conseguir avanços na investigação e prender a ladra até o final de uma semana, é game over. Não se esquecendo, claro, de dar um pulo no orelhão e atualizar a descrição do suspeito, como sexo, itens que usa, entre outras pistas deixadas para trás.
E, quando você menos percebe, está tão envolvido com o jogo que já está no trigésimo caso, já terminou o jogo duas vezes e continua querendo saber o que fulano faz com uma bandeira azul e branca, partindo em um caminhão, enquanto estuda sobre vulcões.