RetroArkade: hora de relembrar as revistas clássicas, com suas dicas, golpes e detonados!

11 de maio de 2014

RetroArkade: hora de relembrar as revistas clássicas, com suas dicas, golpes e detonados!

Quem já era gamer nos anos 1990 e queria uma dica preciosa sobre algum jogo não tinha como procurar ajuda no Google, até porque o Google nem existia naquela época. Em tempos de internet lenta e pouco conteúdo, a fonte de notícias, dicas e conteúdo de jogos estavam nas saudosas revistas de videogames.

Tivemos muitas revistas dedicadas a videogames no Brasil — e elas valiam cada centavo que economizávamos do dinheiro do lanche. Vamos lá  relembrar algumas delas:

Super Game Power (1994 – 2005)

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URV foi a moeda transitória que resultou no Real que a gente conhece hoje. A SGP tinha os personagens como diferencial, como o Marcelo Kamikase e a musa Marjorie Bros.

A primeira edição é de 1994, mas sua história é mais antiga. Fusão das já existentes revistas Super Game – que só falava da SEGA — e a Game Power — que só falava da Nintendo — mais uma parceria “direto dos EUA” com a Game Pro. A publicação trazia personagens que “faziam parte” da redação, como o Chefe, o fortão Baby Betinho ou a musa Marjorie Bros, e garantiu um grande sucesso. Uma de suas seções mais queridas pelo público era a “Arte no Envelope”, onde você enviava um desenho direto no envelope — mas podia ser dentro da carta também – e concorria a prêmios.

A revista dava destaque em separado para jogo de luta (Golpe Final), esportes (Esporte Total) e sempre queria participar da nova onda do momento: a internet, dando dicas de sites e tudo o mais. No fim, dois detonados de jogos do momento e a seção Flashback, onde jogos que já eram antigos naquela época eram relembrados.

Ação Games (1990 – 2002)

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Em 1999 já tinha FIFA sendo narrado em português. Mas o FIFA 99 é o melhor jogo de futebol que já saiu? Pelo menos tinha umas músicas legais.

A Semana em Ação que era esporádica e depois se tornou a mensal Ação Games conseguiu amadurecer com o passar dos tempos. Começou como todas as revistas da época, achando todos os jogos “irados”, com as famosas notícias na base do “eu acho” e muita cor. Com o passar dos anos, a revista diminuiu de tamanho, ganhou um layout mais discreto e seu editorial foi ficando mais sério, a ponto de contar com conteúdo da EGM quando ela ainda não tinha a sua versão nacional.

Em 2002, porém, a chegada da internet em maior escala e a “tendência do fim” das revistas (muitas publicações encerraram as atividades naquela época) decretaram a parada da Ação Games, uma das revistas mais populares que tivemos.

Gamers (1995 – 2002)

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A Gamers era conhecida por seus textos completos – até demais – e sua profundidade em analisar os jogos. Terminei Metal Gear Solid pela primeira vez graças a ela, tendo ‘de brinde’ a história devidamente traduzida e explicada.

Talvez a mais querida pelos gamers, pelas suas matérias gigantes e profundidade raramente vista em uma revista de videogames, a Gamers era referência quando o assunto era detonados. Geralmente os detonados vinham com a história do jogo junto o que dava um valor extra para o material. Jogos de luta vinham com os golpes e todas as manhas: quem não lembra de como conseguir os combos de 100% de todos os personagens de KOF 97?

O conteúdo era tão prioridade que até a diagramação e o design da revista sofriam às vezes, com letras miúdas. Mas mesmo assim, era uma revista para passar horas lendo, sabendo mais do que apenas a “casca” do jogo analisado. E, para completar, vários especiais eram lançados, como a Gamers Book.

Jornal SEGA Mania (1994 – 1997)

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Palavras como ‘mania’ e ‘radical’ apareciam em todo lugar em 1995. A Tec Toy realizava um trabalho de primeira representando a SEGA aqui.

Os donos de videogames da SEGA nos anos 1990 recebiam além da carteirinha do SEGA Club, o jornal SEGA Mania, que logicamente trazia todas as novidades da Tec Toy, a representante oficial da empresa no Brasil. Falar do jornalzinho é lembrar do excelente trabalho que a empresa tinha ao representar a casa do Sonic em nosso país, trazendo muitos jogos em lançamento simultâneo — ou quase — ao dos EUA e todo o suporte, contando até com canal de dicas via telefone.

No jornalzinho, além de notícias e lançamentos para Mega Drive – e seus periféricos, Master System, Sega Saturn e Game Gear, havia o canal de correspondência, onde você podia mandar seu endereço e trocar cartas – isso mesmo, há vinte anos atrás ainda usávamos cartas para conversar – e até conseguir a troca de um jogo ou a pura e simples amizade de uma criança de 1995

Videogame (1991 – 1996)

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‘Apenas’ 9.500,00 CRUZEIROS. Quem não viveu a época da inflação do Collor, que agradeça. E esse ‘Super Mario 4’ é como eles chamavam o Super Mario World de Super Nes.

A Videogame era a cara dos anos 1990: anúncios de tênis Dharma, uso e abuso da palavra RADICAL e notícias sempre empolgantes — e geralmente equivocadas. Em tempos em que chamar o jogador de “maníaco” era algo normal, a Videogame foi uma das primeiras revistas que traziam os mapas das fases, um embrião do que conhecemos hoje como detonado.

Digamos que mesmo com a existência da Ação Games nas bancas no começo dos anos 1990, a Videogame era uma revista de uma editora menor que a Abril e que trouxe uma aproximação maior entre leitor e redação. Seções de cartas, classificados, dica do leitor e o famoso ranking de pontos — para os mais novos, o equivalente a um troféu de platina na época era conseguir um zilhão de pontos em Contra, ou qualquer outro jogo difícil pra burro — que faziam uma comunidade ainda “novata” ter um representante. Radical!

EGM Brasil (2001 – 2009, no formato original)

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O legal é que mesmo após o fim do Dreamcast, a EGM ainda dava certa atenção ao console. Enter the Matrix prometeu… e não cumpriu. Ostentação na década passada era ter um jogo com selo de platina.

Sucesso nos EUA, a EGM já fazia suas primeiras experiências no Brasil em parceria com a Ação Games — havia uma matéria traduzida da revista pelos idos de 2000 — mas ela mesma se instalou por aqui trazendo tudo o que a marca tinha direito: os selos das análises, o Quartemann — espécie de Nelson Rubens gamer, material mais maduro e sério e opinião, coisa rara nas revistas que existiram antes. Colunas de pessoas da indústria ou dos próprios jornalistas davam um ar de conteúdo nunca antes visto, pelo menos para nós brasileiros.

Quem não gostava de ver seu jogo preferido levando o selo de platina? O primeiro jogo a receber este selo aqui no Brasil foi o GTA Vice City. Logo após, San Andreas, Halo e alguns outros poucos jogos levaram o desejado selo. Mas a EGM chegou ao fim nos Estados Unidos em 2009, e a revista ainda tinha ótimo público por aqui. Então a decisão foi continuar a revista, mas agora – e até hoje – com o nome de EGW. A revista não acabou, mas quando a marca vai embora, seu “espírito” vai junto. A EGW ainda ficou com bastante elementos da fase anterior, mesmo assim podemos considerar a EGM Brasil como um rico passado para o mundo gamer do nosso país.

Menção Honrosa: Revista Herói

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Capa da Herói sem Cavaleiros do Zodíaco não é capa da Herói. R$1,95? Era preço de troco de lanche da escola.

Esta aqui não é revista de videogame mas merece DEMAIS ser lembrada pois tinha tudo que um jovem da década dos Power Rangers queria: matérias sobre seriados, filmes, desenhos e Cavaleiros do Zodíaco. Sim, todos os Cavaleiros de Atena foram capa vez ou outra na revista, que, do tamanho de uma HQ, trazia regularmente material de primeira qualidade para uma geração que não tinha internet para saber o que acontecia fora do país ou mesmo na TV a cabo.

Um toque em meio à nostalgia: o site Data Cassete disponibiliza para download em pdf muitas revistas clássicas. São várias edições das revistas citadas na nossa matéria e muitas outras. É a chance de completar sua coleção. Mas caso ainda prefira tocar e folhear, aí a dica é procurar: desde casa de parentes e amigos até os famosos sebos.

O interessante disso tudo é que ainda existem revistas de videogame nas bancas — aliás, é impressionante o fato de ainda existirem tantas bancas de revistas pelo país. Até quando vão durar, não temos a resposta, porém é interessante ver como que elas se adaptam a este mundo novo, sem dicas nem a necessidades de detonados — afinal o próprio jogo te direciona para onde ir hoje.

RetroArkade: hora de relembrar as revistas clássicas, com suas dicas, golpes e detonados!

Esta é a nossa revista Arkade. Se você ainda não leu, não perca tempo e confira nossas edições. É gratuito e disponível a qualquer hora. E sim, estou fazendo jabá da nossa revista.

Falando em revistas, não se esqueça que a Arkade também tem sua revista, totalmente digital e que pode ser lida a qualquer hora. O jornalismo gamer mudou muito com o passar dos anos, as redações de revista agora também dividem espaço com sites de notícias, podcasts e canais no Youtube, porém se lá nos anos 1990 elas não tivessem dado o chute inicial, será que estaríamos aqui dando nossa contribuição para a informação de videogames hoje?

E aí? Qual era a sua revista favorita? Já teve de viver de sopa da escola pra economizar o dinheiro do lanche para comprar sua revista? Emprestava ou pegava emprestado? Ainda tem revistas de videogames em casa? Compartilhe momentos, compartilhe a vida!

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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