RetroArkade: Metal Gear (NES)

30 de março de 2014

RetroArkade: Metal Gear (NES)

Metal Gear Solid V já está aí com Ground Zeroes, sua “primeira parte”, cuja análise publicamos ontem aqui na Arkade. Agora, que tal conhecermos um pouco mais sobre os primórdios da série e do Big Boss, um dos seus personagens mais interessantes? É o que vamos fazer agora com nossa análise da versão NES do primeiro game da franquia.

Você sabia que o Big Boss foi apresentado ao mundo em forma de vilão? Se a resposta é não, é hora de conhecer o primeiro jogo da série, que foi lançado em 1987 para o MSX2 e recebeu uma conversão para o saudoso NES.

Para começar, vamos nos situar nos anos 1980: era uma época onde o mercado tinha grandeza, tinha popularidade – graças ao Mario – mas estava carente de inovações. Os jogos eram quase todos iguais, tirando uma ou outra exceção. O hardware limitado dos aparelhos ajudavam muito a manter esta “mesmice” de salve o mundo e pule – ou atire – nos inimigos.

Mas aí um tal de Hideo Kojima decidiu fazer “do seu jeito”: escreveu uma história militar mas ao invés de colocar fases e plataformas, criou uma base na qual você poderia andar livremente por ela – usando até caminhões como carona. Era o nascimento da série Metal Gear:

RetroArkade: Metal Gear (NES)

Este jogo foi lançado para o MSX2 mas o console 8-bit da Nintendo, queridinho da época, também ganhou sua versão, sem muito apoio do perfeccionista Kojima. Essa versão para NES é obviamente mais pobre do que a versão de “computador”, mas ainda assim muito competente, dada as limitações – naquela época – do aparelho.

Várias mudanças foram feitas no jogo, até porque se tratava de uma versão que seria lançada nos Estados Unidos e tudo que vinha do Japão para a terra do Tio Sam passava por muitas alterações.

Uma grande mudança está logo no começo: na versão de MSX, Snake – sim, o nosso velho conhecido Solid Snake – aparece se infiltrando na base por uma entrada de água do local – de novo, sim, semelhante à infiltração do clássico Metal Gear Solid para PSOne. Já no NES, a introdução era diferente: Snake descia de um helicóptero ao estilo Rambo “discreto”, para depois ir avançando por uma floresta até chegar na mesma base.

RetroArkade: Metal Gear (NES)

Snake começando a missão de um jeito bem ‘anos 80’ – saltando de um avião… anos depois, veríamos algo semelhante em Metal Gear Solid 3

As conversas por rádio que depois virariam codec começaram nesta versão também, com várias vezes o seu comunicador sendo acionado, inclusive com revelações da história sendo transmitidas por estes recursos. O legal é ver próximo ao final do jogo o Big Boss – seu coordenador da missão, apenas direi isto – pedindo para você desligar seu console, pois “não há mais nada a se fazer” – mostrando desde os anos 1980 a vontade de Kojima de surpreender o jogador. Se ele se assustou com o Psycho Mantis “lendo mentes” em 1998, jogadores de dez anos antes não iriam se assustar com uma ordem direta destas?

RetroArkade: Metal Gear (NES)

120.85 era a frequência do Big Boss. ‘Destrua o Metal Gear’ foi a primeira ordem que vimos Snake receber.

Outra coisa interessante nesta versão é a história, bem madura para a época. Óbvio que os pixels não ajudavam no impacto dos fatos que ocorriam no jogo, mas tudo já apontava para algo maior do que “apenas” salvar o mundo. Reviravoltas acontecem o tempo todo e a história se desenrola bem.

Os fatos do primeiro Metal Gear são de 1995, quando o mundo toma conhecimento de uma “nação-militar” instalada na África e chamada Outer Heaven. Com um misterioso soldado veterano responsável pelo local, as Nações Unidas chamaram a FOXHOUND para prestar ajuda. Big Boss, o chefe da agência chama seu melhor agente, Grey Fox para o local mas ele some sem deixar rastros, apenas duas palavras: Metal Gear. Então o novato Snake é convocado e deve resgatar o parceiro, além de descobrir os mistérios da base.

RetroArkade: Metal Gear (NES)

Snake quebrando o pau contra um inimigo já dentro da Outer Heaven. Repare que ele já precisava de cartões para abrir portas.

Controlar Snake também é muito interessante: desde aquela época ele já tinha que ser discreto, pois levar poucos tiros já significava game-over na certa. Câmeras e pisos falsos já tinham que ser evitados e para passar pelos inimigos, o ideal era esgueirando-se por trás deles e atirando ou desferindo golpes. Durante a caminhada, novos itens vão aparecendo e até um curioso sistema de rank surge para marcar a evolução do personagem. E outra coisa: desde aquela época Snake era fumante.

O primeiro Metal Gear deve e merece ser jogado em um MSX. O jogo foi feito para ele, teve a supervisão direta de Kojima e impressiona muito por se tratar de um jogo dos anos 1980.

Mas como encontrar um MSX hoje em dia é difícil, a versão de NES, mesmo sem o olhar de Kojima – que não considera o jogo até hoje – com uma certa “americanização” da história e gráficos mais limitados, oferece toda a experiência Metal Gear e é ainda assim um dos jogos mais interessantes do primeiro console de mesa da Nintendo. Se você gosta da série, vale a penar conferir este clássico, até para entender melhor seu complexo enredo.

Seja por preguiça ou por curiosidade, segue um vídeo com o jogo detonado do começo ao fim. Pode ajudar também aquele que quer arriscar o jogo e se sentir perdido por algum momento:

https://www.youtube.com/watch?v=U6-IEc6aL7w

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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