RetroArkade – Michael Jackson’s Moonwalker
Além de ser o Rei do Pop, Michael Jackson também era um gamer, e de primeira. O ídolo sempre deixou claro que adorava videogames, possuía consoles e arcades na conhecida Neverland, e participou de alguns games, como a já conhecida história de sua trilha sonora em Sonic 3. Mas, além disso, Michael também teve um jogo para chamar de seu.
E não, não estou falando do game de dança que foi lançado para o Wii em 2010. E sim, de um clássico, que se inspirou no lendário filme Moonwalker, e que, de certa forma, presta homenagem a uma grande fase do artista, relembrando músicas clássicas e, assim, sendo uma peça indispensável no acervo de qualquer fã, mesmo se não for um adepto dos videogames.
Primeiro, o filme
https://www.youtube.com/watch?v=cFoVHVeLk-M
Em 1988, Michael Jackson era praticamente onipresente. Em tempos em Internet e Redes Sociais, o Rei do Pop aparecia em shows, comerciais, CDs, LPs, revistas, além de seus clipes, que contavam com status de grandes estreias. Era época de Bad, e com ela, uma gigantesca turnê, que rodou o mundo e foi uma das mais prestigiadas de todos os tempos, com 4.4 milhões de pessoas comparecendo em seus shows.
O longa conta com uma história, mas ao mesmo tempo serve como uma retrospectiva da carreira do cantor, pois conta com aparições de Man in the Mirror, Beat It, Billie Jean, Thriller, entre outras, incluindo músicas do seu tempo de Jackson 5. O enredo então leva Michael em uma luta contra o Mr. Big, um traficante de drogas, e a sua ajuda para um grupo de crianças, com um repertório que inclui o clipe de Smooth Criminal, e suas transformações em robô e em carro.
Agora, pense comigo: nós temos um “herói” com poderes especiais, uma trilha sonora, crianças para serem resgatadas, e um vilão com nome genérico. O que isso te lembra? Sim, um game. E foi isso o que a Sega também pensou e, em 1990, colocou alguns games no mercado.
Colocando fichas para fazer o Moonwalker
Diferente das versões mais famosas para consoles, o Moonwalker para arcade se tratava de um game mais focado no beat’n up, porém com visão na diagonal, não muito igual dos games tradicionais da época, como Final Fight. Era possível jogar com três ao mesmo tempo, e ao invés de pancadaria, o jogador tinha que atacar com magias que Michael soltava em seus adversários.
E, como todo jogo da época, por aqui também tinha um especial. Mas não espere um carro de polícia soltando um míssil no meio da rua. Aqui o papo é dança, então Michael chama seus inimigos para uma coreografia “forçada”, derrotando todos pelo cansaço logo em seguida, menos os chefes, que não curtiam muito essa coisa de mexer o esqueleto.
Com visual decente, Michael virando robô, trilha sonora que inclui Bad e Smooth Criminal, além da dificuldade “capitalista” típica dos arcades, temos aqui um jogo bem interessante, que, embora não seja possível encontrar muitos arcades dele por aí, é bem simples de se achar no mundo da emulação.
A vez da Sega entrar na dança
Assim como a versão de arcade, os consoles da Sega também ganharam versões, mas de uma outra forma. Tanto Mega Drive, quanto Master System, receberam uma versão de plataforma, com um cenário fechado, em forma de um labirinto simplificado. Para passar de fase, era preciso encontrar crianças perdidas, espalhadas no cenário ou escondidas atrás de portas, atacando inimigos que aparecem pela tela, com seus ataques mágicos, o que inclui chutes e uma jogada de chapéu.
As fases eram baseadas nos clássicos de Michael. Com direito a jogar uma moeda na jukebox, assim como no clipe, Smooth Criminal é a primeira etapa. O cantor vai para as ruas trocar sopapos com os mal encarados ao som de Beat Up na segunda fase. Já a terceira, é a vez de uma visita no cemitério, com coreografia de Thriller e tudo. Do cemitério, uma caverna, que conecta na base do mal, até para a última fase, com Michael virando nave e partindo para o combate final com gameplay “de navinha” pelo espaço.
O jogo fez muito sucesso por oferecer um gameplay ágil e criativo, fases e trilha divertidas, baseadas nas músicas do artista, e por ser competente em seu visual. É um dos games mais queridos do Mega Drive até hoje, e uma forma de lembrar dos tempos áureos do cantor.
E os computadores também aumentaram o som!
A Sega ficou de fora dos computadores. Quem desenvolveu as versões para computadores, foi a Emerald Software e Keypunch Software, com publicação da U.S. Gold. O jogo, que saiu para DOS, Amiga, Commodore 64, MSX, Spectrum, Amstrad e Atari ST chama atenção por lembrar, em uma primeira olhada, um jogo bem diferente de sua proposta: Metal Gear. Os de MSX, claro.
São quatro cenários, com um pouco de stealth no começo, com direito a um mapa para se localizar e observar inimigos, obviamente, com a trilha do Rei do Pop de fundo. A visão por cima dá um ar de jogo de exploração, e procurar é o que você mais fará por aqui. Mas, a terceira fase muda o jogo, baseando-se em Smooth Criminal, e ficando uma fase lateral, semelhante as versões de console. E, a última fase reserva um “aponte e atire” com Michael em sua versão robô.
O jogo é interessante, porém conta com trilha sonora repetitiva, culpa dos recursos sonoros da época, e gameplay esquisito, já que a visão pelo alto em uma ação a la Solid Snake é estranha e você fica passeando pelo cenário feito barata tonta por um tempão. Mas, é claro,
Um start para os jogos musicais
https://www.youtube.com/watch?v=ntAkUJCjYMk
Michael Jackson era visionário. Além de seu talento com a música, seu legado foi além, revolucionando videoclipes, a maneira de promover trabalhos musicais e, até os games. O envolvimento do artista com os videogames, com certeza, veio em um ótimo momento, no qual a indústria já contava com excelentes compositores.
Michael apareceria novamente em games da Sega anos depois, em Space Channel 5, e, mais tarde, em Michael Jackson: The Experience, inspirado no já sucesso Just Dance. Na mesma época, a Sega tinha Toe Jam & Earl em seu catálogo, e, foi apenas no fim da década, com Dance Dance Revolution e Bust a Groove, que os games musicais decolaram, para nunca mais ficarem sem espaços nos videogames.