RetroArkade: NiGTHS Into Dream’s é, literalmente, o jogo dos sonhos.

25 de junho de 2017

RetroArkade: NiGTHS Into Dream's é, literalmente, o jogo dos sonhos.

Nos anos 90, a SEGA tinha uma arma muito poderosa à sua disposição. Se tratava do lendário estúdio Sonic Team, que nesta época foi liderado por Yuji Naka, e ofereceu para os consoles da companhia japonesa jogos inesquecíveis, entre eles, NiGTHS. A aventura dos sonhos, que chegou ao Saturn em 1996 é lembrado até hoje pelo seu visual único, gameplay divertido e um personagem marcante.

O jogo, até então exclusivo para o 32-bit da SEGA, foi bastante elogiado na época, mas acabou abafado frente a outros jogos para o grande público, devido aos problemas que o Saturn enfrentava, sejam eles internos ou externos. Porém, o tempo passou, a SEGA começou a publicar seus jogos para outros dispositivos e, em 2017, temos a chance de jogar este lendário game no PC, no Playstation 2, no Playstation 3 e no Xbox 360. O que ajudou muito para que mais pessoas pudessem conferí-lo e confirmar todas as suas qualidades.

Jogamos NiGHTS em sua versão PC, oferecido pela Hype. O jogo está disponível no Dreamcast Collection, pelo valor de R$47,99, parcelado em três vezes, e oferece, além do game da RetroArkade de hoje, Crazy Taxi, SEGA Bass Fishing, Sonic Adventure DX, Space Channel 5: Part 2 e Jet Set Radio. Você pode comprar o game e conferir os outros disponíveis no site do Hype.

Bem-vindo ao mundo dos sonhos

NiGTHS te levava para o mundo dos sonhos, chamado  de Nightopia. Através de duas crianças, Claris e Elliot, seus sonhos corriam grande perigo com Wizeman, o vilão do game que quer roubar todas as esferas possíveis de se controlar os sonhos das pessoas, e assim, controlar a todos. Com isso, cabe aos dois adentrar neste mundo diferente e, com a ajuda de NiGTHS, uma espécie de pierrô que pode voar, recuperar todas as pedras e poderem ter o direito de continuarem a sonhar.

Tudo isso acontece de maneira bem simples, direta e eficaz. O mundo é bem colorido, com um design de tela em 3D, mas com gameplay em duas dimensões e todo o carisma de NiGTHS. Mesmo para os anos 90, o jogo é considerado bastante extravagante, por causa das cores, gameplay frenético e efeitos psicodélicos. Tudo isso chamou muito a atenção do público desde os seus primeiros anúncios, em uma era pré-trailer-de-internet na qual só havia acesso a previews em imagens desfocadas de revistas especializadas.

Temos então, um jogo de três dimensões, mas com gameplay de duas, guiando os personagens em uma espécie de trilho, no qual você guia NiGHTS em seu voo, ou as crianças em solo, levando-os da direita para a esquerda, ou vice-versa. Nas fases, você precisa coletar orbs e outros itens pelos cenários, coletando sempre o necessário para chegar até o próximo chefe, seguindo assim por todas as fases do jogo, até o seu final. São quatro fases no game, sendo sete níveis, ao total: três fases para Elliot, três para Claris, e um último nível idêntico para ambos. Era possível até ranquear nas fases, precisando de um mínimo de rank C nelas para conquistar mais benefícios do jogo.

A estreia do mundo analógico na SEGA

 

RetroArkade: NiGTHS Into Dream's é, literalmente, o jogo dos sonhos.

NiGHTS também serviu para a introdução de um novo controle, analógico, para se aproveitar o máximo do game. O Nintendo 64, lançado um ano antes no Japão, chamava muito a atenção pela sua alavanca analógica, que permitia o controle de Mario, o jogo que mostrava as capacidades iniciais do console, com diferentes níveis de precisão, permitindo fazer o personagem andar ou correr, de acordo com a pressão exercida no direcional. Com isso, as outras fabricantes adicionaram as alavancas também, se tornando um padrão na indústria atual.

A Sony colocou dois analógicos no seu Dual Shock, e a SEGA lançou junto com o game um controle analógico, que apesar de parecer um tanto desengonçado, era bem funcional, mas acabou ficando esquecido, como boa parte da história do complicado console. Mas, foi a partir dele, que a companhia acabou desenvolvendo o controle do Dreamcast, com as suas devidas atualizações. E o controle se mostrou muito eficiente para NiGHTS, já que, embora estamos falando de um jogo com ação em trilhos, exige muita precisão para que tudo seja coletado no menor tempo possível.

Feliz natal, NiGHTS

RetroArkade: NiGTHS Into Dream's é, literalmente, o jogo dos sonhos.

Outra maluquice inesquecível de NiGHTS tem relação com o natal. Christmas NiGHTS foi lançado em dezembro de 1996 e oferecia, como se fosse uma DLC, dois níveis de temática natalina do jogo. E a expansão tem até uma história própria, digna dos especiais de natal que vários programas e animações fazem: Claris e Elliot já haviam resolvido seus problemas anteriormente, mas sentiam a falta de alguma coisa. Era a estrela que ficava no topo da árvore de Twin Seeds.

Então, os dois se unem novamente a NiGHTS, entram novamente em Nightopia, para procurá-la, explorando novamente a Spring Valley, obviamente decorada com motivos de natal. Assim, o trio precisa derrotar Gillwing, para recuperar a estrela e terem enfim, um feliz natal. O disco ainda utilizava de maneira bacana o relógio interno do Saturn: entre novembro e janeiro, o jogo é “Winter Nights”, fazendo referência ao período de inverno no hemisfério norte, e, em dezembro, por causa do natal, o game vira “Christmas Nights”, aí sim oferecendo toda a decoração natalina possível. No ano novo, algumas mudanças também acontecem, e no dia da mentira, Reala é quem fica jogável. Isso tudo dois anos antes de Psycho Mantis “ler a nossa mente” (na verdade, o Memory Card) em Metal Gear Solid. Os games estavam mudando…

E, ainda era possível jogar com Sonic, com direito a atravessar o Spring Valley correndo e pulando, um enfrentar um chefe totalmente inspirado em Eggman, além de uma versão remixada de Final Fever como trilha sonora, a mesma da batalha final da versão japonesa de Sonic CD. Na boa, é mais conteúdo do que muita DLC que aparece por aí…

Mas e aí, não vamos mais sonhar?

RetroArkade: NiGTHS Into Dream's é, literalmente, o jogo dos sonhos.

NiGHTS não seguiu carreira como seus amigos de empresa. Depois do sucesso de 1996, o jogo teve apenas um jogo novo para Wii em 2011, com críticas negativas, e desde então vive apenas de relançamentos. O game é um dos preferidos da galera para fazer parte do SEGA Forever, projeto da companhia japonesa de levar seu acervo para os dispositivos móveis.

Mas, não sei se um retorno de NiGHTS seria uma boa. Mesmo em caráter de remake/remaster, o game tem algo muito exclusivo e específico, que creio eu, não deixaria boas impressões em jogos novos. Mas, por ter um fator replay gigante, não há razões de não adaptar e relançar o game mais algumas vezes, para que mais pessoas possam curtir o jogo, além, claro, de oferecer a edição de natal junto.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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