RetroArkade – Os muitos games diferentes de Aladdin
Aladdin foi um dos maiores sucessos da Disney nos anos 90. Foi uma super-produção lançada em 1992, que contava com Scott Weinger dando voz ao protagonista, não só neste filme, mas em diversos outros produtos de mídia posteriores, e Robin Williams, o lendário ator que deu vida e personalidade ao Gênio. Um elenco inspirado, boas animações e uma trilha sonora inesquecível marcaram o filme, para sempre.
E, como era de se esperar, os videogames também receberam aventuras de Aladdin. Mas, como estamos falando de 1992, as coisas eram um pouco diferentes. A Disney, de fato, licenciou seu personagem para os games, mas não houve apenas um jogo do personagem, e sim vários, feito por vários estúdios, com resultados completamente diferentes entre si. Hoje iremos relembrar estes clássicos que, independente do sistema que você mais jogou, com certeza marcou sua vida, de alguma forma.
Aladdin para Super Nintendo – Capcom
Vamos começar com a aventura do herói das Mil e Uma Noites no Super Nintendo. Pelos lados da Big N, era a Capcom a empresa responsável por adaptar jogos da Disney, e com Aladdin não foi diferente. A companhia japonesa já havia oferecido inúmeros clássicos, desde os tempos de NES, como Ducktales, Chip and Tale ou o game da Pequena Sereia. Logo, estava mais do que gabaritada para entregar a aventura do herói no novo console da Nintendo.
Pelos lados da Capcom, a aventura de Aladdin teve o toque de Shinji Mikami, que apresentaria, anos mais tarde, Resident Evil. Trata-se de um jogo de plataforma muito interessante, por contar com influências de Prince of Persia, que deixa o game com uma identidade muito própria. Sim, o game é um do gênero plataforma como tantos outros, porém oferece, além das plataformas, saltos e inimigos, um festival de escalada, quase como um primórdio do parkour.
A fuga de Aladdin do mercado, logo no início do game, dá o ritmo a todo o jogo. Trata-se de um jogo ágil, com a medida certa entre todos os elementos, que faria Mikami continuar atuando em jogos Disney, como o excelente Goof Troop que chegaria depois, além da famosa série de zumbis que chegaria posteriormente.
A versão de Super Nintendo agradou tanto, que o game foi o segundo jogo mais vendido da Capcom para o console, ficando atrás apenas das versões de Street Fighter 2, mas ficando à frente até da aclamada série Mega Man X. Só isso mostra não só a força do filme da Disney, que por si só era capaz de vender centenas de produtos licenciados, como também a qualidade do game, já que um game não se vende apenas pela capa.
Vale lembrar que o game chegou a ganhar um port para o Game Boy Advance, posteriormente.
Aladdin para Mega Drive e PC – Virgin Interactive
Se o Aladdin teve sua aventura contada pela Capcom no Super Nintendo, no Mega Drive e nos PCs a mesma história foi contada por outra empresa. Para o console da SEGA, foi a Virgin Interactive que trouxe a aventura envolvendo tapetes mágicos, gênio e lâmpada. A empresa de games, parte da megacorporação britânica Virgin, também adquiriu os direitos do personagem, levando o personagem para os 16-bits da SEGA.
A aventura da Virgin rivaliza com a da Capcom pela preferência dos jogadores. Entretanto, os conceitos para a escolha do “melhor” estão mais ligados ao emocional, ou onde cada um jogou, pois ambos os games são de qualidade. O game oferece oito fases na qual o jogador controla Aladdin, em tarefas envolvendo fases de plataforma fugindo de guardas, encontrar itens para passar de fase, voar no tapete voador, até o confronto final com Jafar.
O game chama atenção por ter um visual muito bem detalhado e caprichado, colorido como na animação. As fases são variadas e conseguem trazer um gameplay interessante. Não se trata de um jogo muito fácil, mas na tela de Options, se você entrar com A, C, A, C, A, C, A, C, B, B, B e B, habilitará um menu secreto, com opção de invencibilidade.
Aladdin para Game Gear e Master System – SIMS
A SEGA queria explorar as aventuras de Aladdin também em seu portátil. E para isso, se mobilizou para também adquirir os direitos do herói, encomendando para a SIMS, estúdio que na época era vinculado a companhia japonesa, uma versão do game adaptada para o seu console de bolso. O Master System, por tabela, acabou ganhando uma versão, lançada no Brasil pela Tec Toy, por contar com praticamente o mesmo hardware, sendo preciso apenas fazer pequenas adaptações para as telas de TV.
O game de 8-bits é o mais curto de todos, sendo terminado em cerca de 40 minutos, de acordo com a habilidade do jogador. Entretanto, sua qualidade garante que sempre seja revisitado. O jogo oferece momentos da aventura do cinema, que variam entre fases de fuga, onde o personagem tem que desviar de obstáculos, e fases no melhor estilo Metroidvania, para encontrar chaves e passar de fase.
O game, inclusive, é um dos mais belos para os sistemas 8-bits da SEGA. Colorido e detalhado, consegue transmitir todos os elementos do filme, com muito capricho, bons efeitos e personagens muito bem detalhados. Não é a toa que muitos adeptos do Master System o consideram como um dos melhores jogos do console. Inclusive pela fase em que Aladdin voa no tapete com Jasmine, tocando o clássico “Um mundo ideal”.
E se você quiser curtir o game numa boa, sem sofrer nada, use AIQY de password e estará invencível. Apesar de que o game não é tão difícil, se comparado às outras versões.
Aladdin para Game Boy – Virgin
Curiosamente, o portátil da Nintendo não teve uma aventura desenvolvida pela Capcom. A aventura do herói para o portátil da Big N é a mesma encontrada no Mega Drive, já que foi a mesma Virgin Interactive que desenvolveu o game. Mas, claro, adaptada para o contexto do portátil. O jogo não tem as mesmas cores, nem a mesma velocidade, muito menos o mesmo gameplay.
Mas traz toda a essência do game, com muita competência. O que faz com que lamentemos a ausência de uma versão do game para o NES, que seria totalmente possível, ainda mais pelo fato de que o console era ainda muito popular na época do filme. Mas, é claro, a Capcom ainda tinha a exclusividade dos consoles, inviabilizando qualquer port por outro estúdio.
De qualquer forma, há uma versão não-oficial do jogo para o 8-bits da Nintendo, que adapta a versão de Super Nintendo, e cumpre bem o objetivo de cumprir essa lacuna, mesmo não sendo um game com a mesma qualidade das versões oficiais.
Aladdin para PlayStation – Argonaut Games
Quase dez anos depois da explosão de Aladdin, Nasira’s Revenge chegou ao PlayStation em 2000, já na época em que o console da Sony estava cedendo espaço para o seu sucessor. O game foi desenvolvido após a explosão do filme original, o que significa que entre o filme e o jogo, existiram outros produtos midiáticos, como uma sequência e uma série animada.
Assim, Nasira’s Revenge conta uma história que acontece após os eventos de O Retorno de Jafar, sequência do primeiro filme de Aladdin, lançado em 1994. E trata-se de uma aventura bem divertida, com visual caprichado, sendo um game típico dos últimos dias do 32-bits da Sony.
O incrível caso de vários jogos diferentes com a mesma qualidade
Aladdin conseguiu, talvez, uma coisa única, não atingida por nenhum outro game. Conseguiu a façanha de ter várias versões do mesmo game, feito por estúdios diferentes, e manter a mesma qualidade. Nos 16-bits, por exemplo, tivemos um “confronto” bem interessante, entre grandes mentes dos games da época. No Mega Drive, David Perry e Tommy Tallarico uniram ideias e música para oferecer um game de alta qualidade. Perry, posteriormente, fundaria a Shiny Entertainment, de Earthworm Jim.
Enquanto pelos lados do Super Nintendo, as boas ideias de Shinji Mikami foram amplificadas pelo talento musical de Yuki Iwai, Yuko Takehara e Setsuo Yamamoto. Assim, o ideal é experimentar todas as versões, mesmo que você tenha uma preferida. Aladdin conseguiu apresentar diversos jogos diferentes, com a mesma temática, mas com ideias diferentes, e acabou, desta forma, marcando sua história no mundo dos games.