RetroArkade – Pit-Fighter, a curiosa mistura entre o game de luta e o beat’em up

2 de junho de 2019

RetroArkade - Pit-Fighter, a curiosa mistura entre o game de luta e o beat'em up

A indústria, desde sempre, acaba optando por seguir uma tendência, e como resultado, temos sempre uma tonelada de games baseados em um sucesso anterior. Aconteceu com os games de plataforma, após o Super Mario Bros. Aconteceu com os games de luta, após Street Fighter 2. E aconteceu com os FPS, após o Call of Duty e Medal of Honor.

Mas, vez ou outra, experiências diferentes fazem suas apostas. Algumas dão muito certo, outras nem tanto. Porém, há games que, mesmo não sendo lá um primor, conquistaram um grande público, e conta com um certo charme que faz com que o game seja querido até hoje. Um destes games é o Pit Fighter, uma mistura interessante entre game de luta e jogos beat’em up, que chamou atenção no início dos anos 90.

O Clube da Luta gamer

RetroArkade - Pit-Fighter, a curiosa mistura entre o game de luta e o beat'em up

Anos antes de Mortal Kombat aparecer e fazer o seu sucesso avassalador, já existiam iniciativas de games que usavam imagens digitalizadas de atores. Pit-Fighter é um deles. O game da Atari (sim, da Atari) buscava levar o clima das lutas clandestinas, em cenários de rua, e lutadores com as piores expressões possíveis. Daqueles que você busca distância.

A inspiração é de um sucesso do cinema de pancadaria. Lembra de O Grande Dragão Branco? Pois Pit-Fighter é praticamente “o jogo oficial” do filme. A única diferença é que aqui, não há um local reservado para as competições, tendo bares, a rua ou outros locais do submundo como cenário. Mas, tirando isso, Ty é o próprio Frank Dux, o personagem de Van Damme. Até espacate ele faz:

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Além de Ty, temos também Buzz, um “clone” de Ray Jackson, e Kato, inspirado em Chong Li. Resumindo: se você adora o filme, com certeza já deve ter jogado Pit-Fighter.

RetroArkade - Pit-Fighter, a curiosa mistura entre o game de luta e o beat'em up

Mas, ao invés de utilizar o formato tradicional de jogos de luta, Pit-Fighter apostou em algo um pouco diferente. Sim, é um mano a mano, mas a estrutura do game fazia do cenário algo parecido com Final Fight. Você podia andar pelos cenários com uma liberdade não encontrada em Mortal Kombat ou Street Fighter, por exemplo.

Os seus oponentes, obviamente, eram os tipos mais estranhos possíveis. Passando de veteranos de guerra que gostam de uma briga para sobreviver, e uma garota punk, toda de preto, que adora atirar objetos em você, os tipos encontrados são a cara do que era entendido por submundo nos anos 90.

Pancadaria a três!

Outra inovação, em relação a games de luta, estava no fato de, pelo menos nos arcades, três jogadores participarem da pancadaria ao mesmo tempo. Para inflamar ainda mais o gameplay, há torcida pelos cenários, sempre ativos e gritando muito.

Com os três lutadores simultâneos, o game mudava de figura. Mais um elemento emprestado dos beat’em ups, o game ficava divertido. Claro, mais pelo fato de mais pessoas participando da ação do que por méritos de gameplay. Mesmo assim, era um dos pontos que faziam que muitos tivessem a curiosidade de gastar fichas em suas máquinas.
Para incentivar o gameplay, também havia um power up escondido (de novo, beat’em up emprestando coisas pro game) nos objetos que podiam ter interação. O item fazia seu lutador ficar verde como o Hulk, tosco pra caramba, mas também mais rápido e forte. Suficiente para ir pra cima e derrotar os inimigos. E tudo fica ainda mais legal se o adversário também encontrar o power-up, lutando em igualdade.

Ao final das lutas, um ranking mostrava o desempenho dos lutadores, com direito ao Brutality Bônus, um bônus oferecido aos mais valentões. Tudo cercado pelo ambiente mais trash possível, vindos dos mais diversos filmes, quadrinhos e seriados da época que retratavam o submundo.

A fama no Mega Drive

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Com seu sucesso, o game acabou recebendo ports para diversos consoles. Sua versão mais famosa foi a de Mega Drive, que acabou sendo destaque em revistas especializadas, e mesmo sem o suporte aos três lutadores simultâneos, divertia. A conversão também era, na medida do possível, bem feita. O que ajudou e muito ao bom funcionamento do game.

O Super Nintendo também recebeu um port. Mas não vingou. Além de seu gameplay ser inferior à versão do console da SEGA, o visual foi adaptado exclusivamente para o console, e o resultado não ficou muito bom. Para piorar, alguns lutadores foram removidos do port.

Há ainda, uma versão bem conhecida, para o Master System. Muito limitada, por razões óbvias, o game diverte mesmo assim. Ficou bem popular no Brasil, pois chegou em uma época em que o Master System gozava de muita popularidade por aqui, fazendo o game ser um dos preferidos nas locadoras. Há quem diga que esta versão ficou melhor que a de Super Nintendo.

E, além destas, Game Boy, Atari Lynx, Amiga, Amstrad CPC, Atari ST, Commodore 64, DOS e o ZX Spectrum acabaram recebendo versões. Como naquela época os hardwares eram muito diferentes uns dos outros, isso acabou ocasionando versões muito caprichadas, como também outras terríveis.

Vale a pena curtir Pit-Fighter hoje?

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Pit-Fighter é daqueles games antigos que não precisam de remake. A diversão está em jogá-lo da forma a qual foi concebida. Esqueça balanceamento, técnicas de gameplay e elementos refinados, os quais os games de luta foram evoluindo desde os anos 90, e seguem fazendo até hoje. O game diverte exatamente pela maneira oposta.

Um jogo que hoje pode ser considerado trash, é possível curtir, em versões de arcade, uma anarquia completa com três pessoas. Além de garantir boas risadas com toda a aura tosca que envolve o game. Em outras palavras: do mesmo jeito que você curte filmes como O Grande Dragão Branco, ou os filmes antigos do Jackie Chan, será a maneira a qual você irá desfrutar de Pit-Fighter.

Por isso, escolha a sua versão preferida. Seja a mais completa dos arcades, a melhor conversão do Mega Drive, a versão mais popular de Master System. Ou ainda, qualquer outra que seja. E faça, assim, uma divertida viagem de volta à 1990. Com toda o seu universo de submundo, e games que buscavam, de um jeito ou de outro, trazer propostas de gameplay diferenciadas.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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