RetroArkade: Relembrando SNK vs. Capcom: The Match of The Millennium no Switch
Perto do ano 2000, tudo era tratado como “versão do milênio”. As Olimpíadas, os produtos, os eventos e até o Windows tinham algum “Millennium” no nome. No mundo dos games, não foi diferente. E o combate do milênio foi, de fato, entre dois gigantes dos games de luta não só de sua época, mas de todos os tempos: os colossos de Capcom e SNK resolveriam, enfim, suas diferenças no mesmo “ringue”.
Entre vários jogos lançados, um em especial merece boa atenção: SNK vs. Capcom. O primeiro game desta série de crossovers saiu para o Neo Geo Pocket Color. O portátil da SNK, que batalhou por alguns anos por um espaço no mundo dos portáteis, apostou em uma versão, para atrair os fãs de jogos de luta, em uma época que o gênero não era muito explorado nos pequenos videogames.
Para relembrar esta história, voltamos no tempo, com a ajuda do Switch. A SNK gentilmente nos enviou uma cópia de SNK vs. Capcom: The Match of The Millennium para o híbrido da Nintendo, para relembrarmos o game, e ver como ele se comporta no console atual.
Assim, se você gosta de games de luta, venha relembrar conosco este importante episódio do gênero.
Voltando no tempo do combate do milênio
Quem viveu os anos 90 e já curtia videogames, sabe que existiam, entre diversas opções, dois soberanos quando o assunto era game de luta: especialmente no final desta década, Street Fighter e The King of Fighters eram os reis dos fliperamas do Brasil e de todo o mundo. Cada jogo novo que era lançado, gerava alegria, discussão, aprendizado dos novos golpes e sistemas de luta e muita diversão.
Além disso, a Capcom, além de Street Fighter, também fazia sucesso com sua série Versus, se aproveitando, também, de sua parceria de época com a Marvel que, por sua vez, também já tinha feito um “versus”, em uma sequência de quadrinhos com seus heróis saindo no braço contra os heróis da DC. Enfim, era a época dos crossovers. Marvel vs. Capcom também fez muito sucesso, inclusive.
Assim, foi natural que os dois maiores universos de games de luta de uma geração também compartilhassem o mesmo universo. Indo direto ao assunto, sem muitos detalhes, SNK e Capcom firmaram um acordo com games compartilhados. Um feito pela SNK e adaptando os personagens da Capcom para seu estilo de game. E outro feito pela Capcom, fazendo o mesmo, desta vez com a turma de The King of Fighters.
Na verdade foram quatro jogos que saíram, nesta série: SNK vs. Capcom: The Match of the Millennium, Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000 (o que tem a referência à cerveja Kaiser), Capcom vs. SNK 2: Mark of the Millennium 2001 e SNK vs. Capcom: SvC Chaos. Além disso, jogos de cartas também foram desenvolvidos, dois para o Neo Geo Pocket, além de uma versão para o Nintendo DS.
O primeiro game desta união, feito para o Neo Geo Pocket, é o SNK vs. Capcom. Feito pela SNK e compartilhando o universo de Street Fighter e demais jogos da colega japonesa, era um dos games que chamavam atenção para o Neo Geo Pocket Color, a segunda investida da SNK para tentar puxar um pouco da fatia da disputada (mas dominada pela Nintendo) era dos consoles portáteis dos anos 90.
Como é SNK vs. Capcom no Neo Geo Pocket?
Como o game é praticamente o mesmo no Nintendo Switch, então dá pra explicar como é o game. Inclusive, é preciso considerar que, como o Neo Geo Pocket Color não foi muito popular no Brasil, poucos tiveram acesso a este game, em 1999, quando ele foi lançado. Mas, devido à cobertura feita pelas revistas, e a curiosidade de muitos, ainda hoje é possível ter gente querendo conhecer o game. E garanto: trata-se de um jogo muito divertido.
O game tem 26 personagens, sendo destes, oito secretos. Um número consideravelmente alto para um game portátil de sua época. É possível participar de combates mano a mano, como é em Street Fighter, em duplas, lembrando o formato Versus da Capcom e em trios, como em The King of Fighters.
Também é possível escolher a sua barra de energia, entre o padrão Capcom ou o padrão SNK. Cada personagem tem um rival, a ser encontrado no modo história. O modo história, inclusive, é bem feito, apesar de bem simples, lembrando muito os modos atuais, com uma história sendo desenrolada durante as lutas. Ou mesmo, se inspirando bem no formato cinematográfico de Art of Fighting, lançado sete anos antes.
Apesar de ter foco maior em Street Fighter e The King of Fighters, o game também tem personagens de Samurai Shodown, Darkstalkers, e até o Arthur de Ghosts’n Goblins. Neste modo história, você enfrenta personagens solo, em dupla ou trio. Com destaque no final do game, com uma dupla de Geese e Bison. Com Iori Orochi ou Evil Ryu (dependendo da escolha deu personagem SNK ou Capcom) te esperando para a luta final.
Para manter o conteúdo, ainda é possível curtir o Olympic Mode (tal nome se inspirando claramente nas Olimpíadas de Sidney, em 2000, que era tratada como “os jogos do milênio”, assim como tudo naquela época. Este modo conta com minigames bem interessantes, com recompensa em pontos para ser usado em ataques especiais.
No Neo Geo Pocket Color, inclusive, era possível linkar o portátil no Dreamcast, para explorar ainda mais Capcom vs. SNK para o console, transferindo dados, de maneira semelhante à conexão Pokémon de Game Boy Color e Nintendo 64. Os modos Survival e Time Attack também ampliam as possibilidades.
Visualmente, o jogo ainda é bonito, com cenários muito caprichados e animações bem feitas. O controle é ágil e a trilha sonora é baseada nas trilhas sonoras dos games originais. É claro, com a limitação que um portátil da época oferecia. Mas é possível ver muita qualidade, em 1999 e hoje, nesta versão de Nintendo Switch.
No Nintendo Switch
O console da Nintendo oferece o mesmo que os games de Neo Geo Pocket Color oferecem: um cenário que simula o portátil, e a imagem do jogo no centro, podendo obter zoom e ser ajustado ao gosto do jogador. Também dá pra configurar os botões, e usar o modo “rebobinar”, que recua o tempo do jogo para corrigir um erro.
No modo portátil, o jogo fica bem interessante, dando a impressão de estar, de fato, jogando um Neo Geo Pocket. O único problema aqui, pelo menos na minha opinião, é o controle do Switch. Pelo menos o Switch padrão. O controle não é lá muito adequado para games de luta, mesmo um game mais simples, feito para portátil.
E, apesar de ser possível também no modo portátil, com o console ligado na TV, é possível jogar o game de forma mais interessante. Afinal, o Switch conta com diversas opções de controles. São diversas soluções, controles próprios e até sticks focados em games de luta, que ajudam, e muito, no gameplay. Além do fato de poder dividir a tela, e simular dois Neo Geo Pockets, em caso de luta com um amigo.
Observe que a culpa não é do game, que tem um gameplay ágil, simples e bem divertido. É a limitação padrão de hardware que diminui um pouco, a precisão que um jogo do gênero precisa. Mas, por outro lado, há um ótimo benefício: a possibilidade de retomar o game assim que reabrir o jogo, com um ótimo save state. Acabou aquela história de “começar tudo de novo”, quando desligar o game.
Um importante capítulo dos games no Switch
Não apenas como game, mas como parte da história dos games de luta, SNK vs. Capcom de Neo Geo Pocket Color é uma opção bem divertida no Switch. Apesar das limitações do gênero que o console tem, a sua diversão é imensa. Inclusive pelo modo versus, que era mais complexo em 1999, e agora é resolvido apenas com as Joy-Cons, além de outras possibilidades.
Não é um game para se dominar de maneira plena, como seus “irmãos” de arcades e consoles de mesa. Mas é uma diversão casual que impressiona por continuar funcionando muito bem, até hoje. De datado, temos apenas os elementos básicos do jogo, pois é um game ainda bonito de se ver, agradável em seus detalhes, e muito divertido, dentro do que ele propõe.
SNK vs. Capcom: The Match of The Millennium já está disponível na Eshop do Nintendo Switch.