RetroArkade – SEGA Indy 500 levou a ação do oval para os arcades dos anos 90

27 de maio de 2018

RetroArkade - SEGA Indy 500 levou a ação do oval para os arcades dos anos 90

A Fórmula Indy, ou IndyCar, é uma das categorias mais queridas do apaixonado por automobilismo. Pelos circuitos dos Estados Unidos, nomes como Al Unser pai, Al Unser Jr., Rick Mears, além de pilotos brasileiros como Emerson Fittipaldi, Hélio Castroneves e Tony Kanaan se consagraram em suas pistas ovais, mistas, em aeroportos e nos circuitos de rua da categoria.

Diz a história que até Ayrton Senna, já tricampeão do mundo de F1, tinha vontade de apostar correndo em um Indy, ao ponto de, em 1992, testar um carro da Penske. E, como prova mais importante de seu calendário, e de todo o automobilismo mundial, as 500 milhas de Indianápolis acontece há mais de 100 anos em todo último domingo de maio.

A prova, que é um teste de habilidade, resistência e força de pilotos e carros, chama atenção por tomar todo o mês de maio do campeonato. Atualmente, há uma prova na parte mista do circuito, e tradições como o Bump Day (prova na qual os pilotos correm para garantir um dos 33 lugares do grid, com o drama de ficar de fora da prova), o Pole Day (realizado uma semana antes da prova), entre outros eventos, colocam a prova na “tríplice coroa” do automobilismo, junto com o Grande Prêmio de Mônaco da F1, e as 24 Horas de Le Mans.

Nos videogames, os jogos envolvendo Indianápolis e os carros da Indy tiveram seus altos e baixos, muito por causa de problemas de licenciamento e administração que a categoria viveu pelos anos, porém atualmente temos o circuito fazendo bonito em Project Cars 2 e Forza 7, mas também temos games clássicos, sejam eles simuladores ou arcades, como o Indy 500 da Sega que iremos relembrar hoje.

SEGA + Velocidade = sucesso

Os anos 90 foram sinônimo de sucesso quando as palavras SEGA e velocidade. A década, que começou com jogos como Ayrton Senna’s Super Monaco GP II, Virtua Racing e F1 Beyond the Limit, nos trouxe, em 1994, Daytona USA. O lendário game de corridas, que traz a aura da NASCAR e a famosa corrida Daytona 500 fez tanto sucesso, que até hoje é possível encontrar gabinetes do jogo em arcades por aí.

Porém, sem fazer muito alarde, eis que a AM1 lança, um ano depois, mais um game de corrida em 3D, e que segue os mesmos moldes do game com o icônico carro Hornet. O game oferece três pistas, e, diferente de Daytona USA, que só carrega o nome da famosa corrida, mas não oferece o circuito, temos o oval de Indianápolis presente no game, além de duas pistas que, embora não sejam oficiais, são claramente inspiradas em duas conhecidas pistas dos EUA: a Highland Raceway, que lembra muito Laguna Seca, e Bay Side Street, que parece bastante com Long Beach.

O game traz para o jogador um ar um tanto mais realista, ao contrário das fanfarronices de Daytona, ao oferecer três circuitos típicos da Indy: oval, misto e de rua. Mas o gameplay é o mesmo: largue em último, faça checkpoints e ganhe a prova. Indianápolis, particularmente, exige do jogador chegar em primeiro entre os 33 clássicos carros que largam junto, em um carro que atinge 390 km/h.

RetroArkade - SEGA Indy 500 levou a ação do oval para os arcades dos anos 90

Só não tem leite pra beber após a vitória.

O visual do jogo é incrível, com muitas cores, características da SEGA da época, e, mesmo com um tom mais sério, é possível ver, por exemplo, uma placa gigante com o logo com as asas do circuito em um trecho. Os detalhes também chamam atenção, como a linha de chegada com tijolos, o famoso painel com a colocação dos pilotos, os mecânicos que levantam placas com a situação de cada piloto e muito mais. Está tudo lá.

E o gameplay, é ágil como deve ser. Porém, o mais incrível é um dos kits de jogo que, embora era impossível de ver no Brasil (o próprio jogo não foi muito visto por aqui), é um exemplo do que poderia ser os games competitivos, que engataram pra valer apenas nesta década. Trata-se de um esquema de multiplayer que unia oito gabinetes ao mesmo tempo, com direito a um telão transmitindo a corrida ao vivo para quem estivesse no local. Olha só um exemplo:

https://www.youtube.com/watch?time_continue=9&v=MJymi8qUYhA

Não seria nada mal se, na época, a SEGA decidisse investir em uma competição (que fosse apenas pelos Estados Unidos), para promover o game. Porém, como a história conta, um game tão bacana, acabou ficando esquecido, e sendo colocado de lado.

Um injustiçado da velocidade

RetroArkade - SEGA Indy 500 levou a ação do oval para os arcades dos anos 90

Como já falei, a SEGA dos anos 90 nos trouxe vários games de corrida em 3D de qualidade. E, era natural que estes games ganhassem uma conversão para o Saturn. Porém Indy 500 não teve esta oportunidade, sendo restrito apenas aos arcades, além de uma versão para o Tiger, aquele portátil da Game.com. A alegação mais aceita é a de que o time responsável pela conversão teve que se dedicar no Daytona USA: Championship Circuit Edition, que seria um game bem mais rentável.

Porém, o Saturn ganhou, além de Daytona, Sega Rally, Sega GT, e até o F1 Challenge, oficial da F1, com pilotos e carros reais. Para somar mais lenha na fogueira, foi em 1995 que começou, de fato, uma grande confusão entre a CART (organização que cuidava das corridas até então) e a recém-criada Indy Racing League, que era também do mesmo grupo que administrava o circuito de Indianápolis. A história é longa, confusa e cheia de visitas aos tribunais dos EUA, porém, foi apenas em 2008 que as categorias se unificaram e nasceu assim, a IndyCar Series, como conhecemos hoje.

RetroArkade - SEGA Indy 500 levou a ação do oval para os arcades dos anos 90

A Indy500 em 1995. A última antes da briga entre a CART e a IRL

Muito provavelmente, este problema de licenciamento devido a briga das duas entidades atrapalharam no lançamento de novas versões, tanto é que, mesmo com relançamentos da SEGA de seus famosos games, nada de Indy 500 entre eles. Vale lembrar também que com poucas exceções, games envolvendo os carros Indy eram bem escassos, se compararmos com a NASCAR, que contava com parceria com a EA Sports e lançava games anualmente, ou a Fórmula 1, que licenciava sua marca para diversos games.

Hoje, só é possível jogar Indy 500 encontrando um arcade do game, ou em um emulador da Model 2. É um ótimo game, que nos faz lembrar também de uma ótima fase dos pilotos brasileiros na categoria. Só em 1995, eram cinco pilotos brasileiros no grid, além de Christian Fittipaldi que chegou em segundo, numa corrida vencida por Jacques Villeneuve.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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