RetroArkade: Sendo bom de skate pelo menos uma vez na vida com Tony Hawk… ou não?
Existiram jogos de skate e Tony Hawk: Pro Skater. Sendo você um skatista de primeira ou alguém que acha que shape é coisa daqueles produtos de emagrecer, vamos relembrar de como era (e ainda é) gostoso jogar esse clássico!
“Tudo bem eu confesso, eu sei que sou ruim. Mas jogando Tony Hawk eu já cheguei no fim!” Essa música do Cueio Limão resume muito bem a vida de quem manja no skate virtual mas não fica de pé em um de verdade, exatamente como este cidadão que assina a RetroArkade. E no final da década de 1990, quem manjava do assunto ou apenas se interessava (e mesmo quem nem se importava) parou de salvar princesas, coletar argolas ou fazer gols para experimentar o novo sucesso dos bate-papos de intervalo de escola: o “jogo de skate” do Tony Hawk.
Tony Hawk, que inclusive foi apresentado para o grande público através deste jogo, virou mais do que uma lenda do skate para os fãs do esporte, se tornou um ícone pop dos anos 2000, ajudando a série a produzir várias sequências, e muito da franquia você pode conferir neste link, dos melhores momentos até a fase das vacas magras que a série enfrenta.
Aparelho de som no talo é a receita para grandes manobras
É muito comum em pistas de skate encontrar enormes aparelhos de som tocando música bem alta, para colocar o skatista no clima e na adrenalina para conseguir seus objetivos. E acredito que antes de qualquer coisa, um dos fatores que fizeram a diferença em Tony Hawk Pro Skater foi a sua trilha sonora. Em uma época aonde ainda era novidade contar com músicas licenciadas, mas já com a série FIFA fazendo sucesso com isto (lembra dessa?), ligar o console e dar de cara com músicas preferidas para as sessões já colocavam lenha na fogueira do skatista virtual.
E o game oferecia bandas do calibre de The Suicidal Tendences ou Dead Kennedys para mostrar que não estava para brincadeira, e não sei vocês, mas eu costumava fazer as mesmas sessões várias vezes apenas para ouvir as músicas, que foram ampliando nas versões posteriores, com direito a Rage Against the Machine e até Ramones.
S.K.A.T.E.
O gameplay também foi digno de aplausos. Os games do gênero não sabiam ao certo como acertar a mão para oferecer uma jogatina interessante. Tínhamos geralmente os half-pipes ou provas de descida, mas foi Tony Hawk quem trouxe o que o skate realmente oferece: grandes locais, como escolas, fábricas abandonadas ou praças que viram grandes parques de diversão.
Cada um dos nove níveis oferecia desafios semelhantes, porém cada um com seu grau de desafio. Encontrar as palavras S.K.A.T.E espalhadas pelo cenário, procurar fitas secretas, quebrar objetos no cenário e fazer um número específico de pontos estavam entre as tarefas, que eram necessárias para desbloquear novas, participar de torneios, até finalizar o jogo.
Tudo isso com controles simples e ao mesmo tempo complexos, oferecendo ao jogador novato a possibilidade de curtir o game sem compromisso e trazendo aos jogadores mais dedicados diversas possibilidades de manobras e conexões, fazendo com que os skatistas fizessem proezas até então impossíveis na vida real. E como o skatista podia cair, e se levantar como se nada tivesse acontecido, era a oportunidade ideal de tentar tais maluquices.
Que ficavam mais insanos ao ativar a barra especial, que se acumulava de maneira semelhante aos jogos de luta, enchendo com manobras corretas. Ativando-as, dava ao jogador alguns momentos de pura adrenalina com pontos ampliados e mais vontade de fazer as manobras e saltos no game.
Homem-Aranha também anda de skate
Tony Hawk Pro Skater era um game de skate que levava o esporte a sério, porém só o esporte. Desde sua primeira versão o game já queria oferecer vários itens para ser desbloqueados, como skates e até skatistas novos. Mas o jogo foi além, trazendo Bam Margera, sucesso na mesma época com Jackass, e no segundo game, também o Homem-Aranha, com seu boneco aproveitado do game de PSOne, que também era bastante popular na época e eu sei que você gostava deste título também.
Tudo isso servia para dar um aviso: videogames não precisam ser tão sérios assim. Você pode colocar o aracnídeo (e mais tarde, o Homem de Ferro e até o Gene Simmons do Kiss) para andar de skate por aí e não ficar sem nexo, pois a Neversoft — que Deus a tenha — sempre levou este nobre espírito da zoeira em seus games.
O Legado
Tony Hawk abriu portas não apenas para outros games de skate, mas outros gêneros também apareceram na época. Um que chamou muito a atenção da galera — e minha também — foi o Dave Mirra Freestyle BMX, que saiu para vários consoles em 2000 pela Acclaim e propunha algo semelhante ao jogo da Neversoft, porém com bikes. A própria Actvision lançou em 2001 Mat Hoffman’s Pro BMX, game que usou da engine de Tony Hawk e também é obrigatório para a galera radical.
Mas talvez os dois maiores legados do games foram de fato a mensagem de que você pode fazer um game extremamente competente sem perder o bom humor, e que o mundo aberto era o futuro dos games. Uma fábrica abandonada onde o jogador podia fazer o que desse na telha pode sim ser um embrião para conceitos de games mais modernos, afinal, se prender a um cenário apenas pra quê, né?