RetroArkade: Sentindo o vento bater em seus cabelos jogando Out Run
Que tal pegar a sua Ferrari, colocar sua garota no banco ao lado e sair pelas estradas em alta velocidade desafiando o relógio? Os videogames proporcionaram esta experiência em Out Run.
Verdade seja dita: muitos queriam ter uma experiência como esta, mas pouquíssimos podem. Primeiro que correr nas estradas é algo passível de multa e ainda pode causar acidentes, especialmente nas nossas “belas” estradas (a não ser que esteja naquelas freeways europeias aonde tudo pode). Segundo que nós teremos uma Ferrari em mãos só no dia de São Nunca e terceiro que para alguns, faltam até a mina para fazer a companhia.
Porém, a mente brilhante de Yu Suzuki, em meio a tantas criações para a Sega nos anos 80, nos proporcionou a oportunidade de no mínimo, sentir o gostinho de tal experiência. Sendo apresentado como um “jogo de direção” e não de corrida, em 1986 conhecemos Out Run, um dos mais prazerosos arcades já feitos.
Do ponto A ao ponto B… MAS RÁPIDO!
O objetivo do jogo era bem simples, porém bastante desafiador. Você precisava chegar ao final da “fase”, que era um setor da estrada, até o final do tempo pré-estipulad na tela. Cada parte da viagem tinha a sua própria característica, como o clima, o ambiente e muito mais. Além disso, outros carros na estrada “atrapalhavam” o seu desempenho e a falta de habilidade ao volante acabava ocasionando algumas batidas em árvores mais o capotamento icônico do jogo. Pelo menos ninguém sofre um arranhão e ainda voltam ao possante para continuar.
O gameplay consiste no básico: um volante, o acelerador com “duas marchas”, para ajudar na dimunição de velocidade em momentos de aperto e o freio. E é a habilidade do motorista que vai determinar se o carro chegará ao destino final ou ficará no meio do caminho. No final de cada etapa, uma bifurcação aparece e o jogador escolhe o próximo caminho a seguir, sendo que os caminhos à esquerda são os mais fáceis, aumentando a dificuldade conforme as escolhas vão ficando mais para o lado direito.
Mais um ponto a favor do jogo, pois na época, os games de arcade eram todos de “fases iguais” e mesmo que de maneira simplista, aqui temos um senso de exploração, de saber “como é se eu for por outro caminho”, que fez muita gente colocar umas fichas a mais no game.
Sintonize sua rádio favorita e pé na tábua!
Falamos em outra oportunidade de Metropolis Street Racer, jogo de corrida que contava com uma estação de rádio e várias músicas para embalar as corridas, e que logo depois viraram “padrão” nos jogos quando o conceito evoluiu nos jogos GTA. Mas em Out Run, trinta anos atrás, já havia a possibilidade de sintonia de músicas, todas compostas por Hiroshi Miyauchi, responsável também por trilhas de jogos como Hang-On e até o Yakusa 4, de 2010.
Antes de correr, uma iamgem mostrava o rádio do carro, e bastava você escolher entre: Splash Wave, Magical Sound Shower, Passing Breeze e Last Wave, que é a faixa Todas as músicas eram bem agradáveis e davam o clima de “rolê sem compromisso”, diferente da adrenalina de jogos de corrida, como Daytona USA, por exemplo! A trilha foi muito premiada na época e algumas versões até davam de brinde uma fita cassete para curtir o mesmo som na estrada.
Só não joga quem não quer!
Out Run está na lista dos jogos democráticos, daqueles que podem ser jogados até no caixa eletrônico (alguém falou em Doom?). Mesmo com a Sega produzindo seus arcades e já com o Master System nas prateleiras, o que sugere exclusividade em seus próprios títulos, a futura casa de Sonic nunca foi lá muito conservadora neste quesito, o que garantiu versões para muitos sistemas. A versão de arcade saiu em 1986, ganhando um ano depois um port para o Master System, que foi aonde conheci o game.
Aí tivemos o Commodore 64, o Amstrad CPC, o ZX Spectrum, os dois MSXs, o Amiga, o Atari ST, o DOS, o PC-Engine, o Mega Drive, o Game Gear, o Saturn, o PSP, o Playstation 2 e até os celulares como “lar” para Out Run. Além disso, era possível jogar o game em sua versão arcade nos dois Shenmue, levando Ryo até a casa de arcades.
E depois?
Depois aconteceu que o game é tão “único” que é jogado até hoje, em sua forma original. Mesmo assim, em 2006 a Sega acabou lançando uma atualização mediana que se chama Out Run 2006: Coast 2 Coast, que tem carros licenciados da Ferrari e versões para PSP, PS2, Xbox e PC. Nem de longe alcançou o mesmo sucesso, mas está lá como a “continuação” do game.
Os iPhones receberam também uma versão não oficial bem divertida, chamada Final Freeway, que além de contar com sprites bem definidos, ainda inseriu um rival, a ser batido em cada final de etapa. Porém Out Run é o típico jogo que não precisa ser mexido, nem atualizado. A simples existência dele no máximo de dispositivos modernos possíveis já pode ser considerado um ótimo trabalho, com direito a trilha sonora em 5.1, claro, por favor.
Out Run consegue ser simples e complexo ao mesmo tempo. Consegue ser um jogo do tipo “sente e curta a vista” e também ser ao mesmo tempo desafiador, sugerindo ao jogador conhecer todos os locais da estrada. No fim, é um excelente game, daqueles clássicos que jogamos até hoje e abrimos o mesmo sorriso de quando éramos crianças. E agora, saia daqui, ligue sua Ferrari e vá correr um pouco.