RetroArkade: Snake tinha um colega no PSOne. Relembre Gabe Logan e Syphon Filter
Durante a era de ouro do Playstation e do gênero ação/espionagem, Gabe Logan apareceu para ajudar Snake a manter o mundo longe dos terroristas e de ameaças. Que tal voltar a ser espião em Syphon Filter?
O universo dos jogos de ação podem ser divididos em duas eras: Antes de Metal Gear Solid e Depois de Metal Gear Solid. É lógico que estes jogos sempre existiram, mas após Shadow Moses, os jogos de “andar e atirar” (e todos os outros) mudaram profundamente.
Uma grande mudança foi no foco do enredo: a temática séria envolvendo conspiração, armas nucleares e clonagem fez com que os jogadores ficassem mais exigentes daqueles roteiros “salve o Presidente e/ou o mundo” sem nem explicar direito a razão. E outra mudança que veio desde então estava na mecânica de controle: agora o seu herói fazia mais do que apenas andar pelos cenários com uma arma na mão. Ele podia usar o cenário a seu favor, usar armas silenciadoras para surpreender seus inimigos e interagir de maneira mais profunda com os cenários.
E foi neste cenário que em 1999 a 989 Games lançou “mais um” jogo de espionagem: Syphon Filter. Mas este “mais um” tinha sua identidade: Gabriel Logan e Lian Xing são agentes da Agência, estão no encalço do Coringa terrorista Erich Rhoemer e também do vírus mortal Syphon Filter, que pode exterminar a humanidade nas mãos de radicais.
O visual conseguia transmitir os ambientes dos cenários do jogo, situados nas ruas de Washington, no laboratório onde os vilões desenvolviam o vírus ou no meio da neve, trazendo muita variedade, coisa que não ocorria no gameplay. Usando do sistema comum da época (dentro de um cenário, realize um determinado número de tarefas e chegue ao “fim” da fase), as missões eram um tanto repetitivas e os combates problemáticos, graças a falta de habilidade dos desenvolvedores de dominarem os controles analógicos na época.
Se hoje é comum usarmos os dois analógicos, um para controle e outro para a câmera, um jogo totalmente 3D como Syphon Filter sofria muito com os dois controles em uma só alavanca. MGS se saía melhor por ter câmeras pré-estabelecidas, mas sei de muita gente que desistiu do jogo na época por não conseguir escalar uma parede. O fato da missão terminar caso seja descoberto em momentos específicos fazendo voltar tudo de novo também enchiam o saco. Mas coisas boas também foram apresentadas em Syphon Filter: a barra Target, onde quanto mais na mira o inimigo estava mais a barra se enchia era uma mão na roda, assim como o prático radar e a mira legal.
Sobre a mira: aqueles quadradinhos verdes com um pontinho ajudavam muito nos tiros na cabeça mesmo com armas menores, inclusive com o indicador de head shot aparecendo quando a mira estava perfeita. O sangue jorrando ou sujando as roupas dos inimigos também impressionava. E se sua mãe brigou com você por causa desse jogo, pode compartilhar com a gente.
Mesmo assim o jogo divertia e quem driblava esses problemas achava uma história digna de filmes B de ação (e isso é um elogio), já que a trilha sonora era bem legal e junto com as cenas em CG, passavam bem aquele clima de filmes da época, como Missão Impossível (que inclusive tinha um game semelhante nesta época no N64: a versão de PSOne chegou depois). Pra falar a verdade, era tão “filme B” que seu final tinha aquela “famosa” ponte que faz a galera perguntar no final se “vai ter o 2”.
E de fato teve. E também teve o três, que podemos falar deles algum dia. Todos jogos idênticos e com mudanças apenas nos cenários e missões, foram três títulos muito importantes para a gigante biblioteca do Playstation original. E foram tão legais que mesmo os problemas citados por mim nem passam pelas memórias dos fãs, que ainda puderam aproveitar a série no Playstation 2. A geração passada passou em branco e com tanto jogo sendo remasterizado/refeito/relembrado, Syphon Filter seria uma ótima alternativa.
Até porque pelo menos pra mim, ele cumpria seu lado “Sessão da Tarde” de ser: um jogo que não exigia muito das minhas expectativas, mas que era legal, divertido e gostoso de se aproveitar.