RetroArkade – Sonic R, o game que a gente só jogou por causa de sua trilha sonora
Sabe quando a festa não é lá aquelas coisas, mas a gente acaba ficando só pela comida? Pois isso acontece com alguns games. Que não são lá um primor em gráficos e gameplay, mas que divertem de alguma forma. E um exemplo destes aconteceu no Saturn, e com o personagem mais querido da SEGA: o Sonic.
Desenvolvido pela Traveller’s Tales, e lançado em 1997, época de um momento muito conturbado para o Saturn (e para o Sonic também), o game é um “Mario Kart sem kart”, que “tapava buracos” com lançamentos do personagem, enquanto outros projetos seguiam em desenvolvimento.
O Saturn precisava de um Sonic novo. Ficou com um jogo de corrida.
Como todos sabemos, o Saturn foi o único console da SEGA que nunca recebeu um game de Sonic, no que diz respeito como um jogo principal. O problemático 32-bits da SEGA até receberia o X-treme, mas, até mais problemático do que o próprio console, o projeto foi cancelado. E, com o Dreamcast chegando “antes da hora”, todos os esforços foram alocados no excelente Sonic Adventure.
O console, então, tinha à sua disposição apenas o Sonic 3D Blast, versão do game de Mega Drive, que não é lá um game muito lembrado pelos fãs do azulão. E Sonic Jam que, embora tenha um “embrião” do modo de exploração dos games de Dreamcast, era apenas uma boa coletânea, com jogos clássicos e alguns extras, como comerciais e a abertura clássica de Sonic CD, para Sega CD, com maior resolução.
A Traveller’s Tales, que já havia feito o Sonic 3D, ficou encarregada de criar um novo game de corrida com Sonic e seus amigos e inimigos. O personagem já havia estrelado um game de corrida anteriormente, o Sonic Drift, para Game Gear (e que aparece nos recentes Master System da Tectoy). Mas o game nunca foi um grande sucesso.
Seus desenvolvedores, então, tiveram uma ideia. Sonic é conhecido por sua velocidade, então não era justificado colocar ele para correr com um carro. Então, em um misto de game de corrida, como o Mario Kart, com pistas com surpresas e power-ups, foi colocado um sistema simples de exploração, com a maioria dos personagens, com exceção de Eggman e Amy, correndo a pé, mesmo.
E, para dar um ar de exclusividade e autenticidade ao jogo, foram adicionadas as sete Esmeraldas do Chaos. Com direito a Super Sonic, quando as sete esmeraldas fossem coletadas.
Hora de colocar os tênis e sair correndo por aí
O game oferecia nove personagens. Sonic, o personagem principal e o mais rápido do jogo, mas também mais difícil de “domar”; Tails, um dos melhores de controle do jogo, indicado para os iniciante; Knuckles, o mais equilibrado; Amy, a mais lenta e que está ali para fazer número; Eggman, o vilão bom de curva, mas lento; Metal Sonic, o “clone” de Sonic, nas configurações do jogo; Tails Doll, um “boneco Tails” que é igual ao personagem, mas mais lento, e que rendeu creepypasta depois; Metal Knuckles, o “clone de Knuckles“, e o “Eggrobo“, também uma cópia metálica de Eggman.
Como visto, os personagens são, no geral, cópias de outros, colocados ali para “enganar” na tela de seleção, como maiores opções. Tudo bem que naqueles tempos, o mundo de Sonic não havia tantos personagens, como nos games de corrida atuais com o personagem. Mas, os desenvolvedores fizeram o que puderam.
Já as pistas, apenas quatro (mais uma destravável), contavam com três “missões” cada uma, em mais um esforço para somar conteúdo em um game que dá sinais de que foi feito às pressas. Resort Island, Radical City, Regal Ruim, e Reactive Factory, remetem a fases dos games clássicos de Sonic, e pedem ao jogador: a vitória, as esmeraldas espalhadas, e a missão de desbloqueio de personagem.
O gameplay era estranho. Para andar pra frente, era preciso colocar o direcional para cima. E, por mais estranho que pareça, não dá pra andar pra trás. Caso fosse preciso “voltar”, para a procura de uma esmeralda, por exemplo, era preciso dar uma volta de 180 graus. Bem maluco, se levado em consideração que não é um carro (tirando as duas exceções), mas personagens andando a pé no jogo. Isso, somado ao pouco conteúdo (mesmo com as tentativas de somar dos desenvolvedores) pesaram contra o jogo. Mas ele ainda tinha algo de bom, no final das contas…
A verdadeira razão para se jogar Sonic R: a trilha sonora!
Duvida? Então confira as músicas do game, dentro da nossa playslist no Spotify sobre o Sonic. Aproveite para nos seguir por lá e conferir diversas outras playlists com o melhor da game music.
Sonic R, tinha, além de um visual interessante para a sua época, músicas cantadas, em todas as pistas. Em 1997, este elemento, que se somava aos jogos em CD, eram um item extra muito interessante. E a própria SEGA sabia do poder da música nos games, visto o sucesso de jogos como Daytona USA, por exemplo.
Assim, para Sonic R, Can you fell the Sunshine?, Living in the city, Back in Time, Work is Out, Diamond in the Sky e Super Sonic Racing eram as músicas que eram executadas durante as corridas. Todas elas, músicas muito divertidas, e que exigiam o som bem alto, para curtir o jogo de uma maneira bem interessante. Afinal, mesmo com as limitações técnicas do jogo, era possível curtir músicas legais, que tinham a “cara do Sonic“.
Um jogo estranho, mas interessante
Sonic R é curioso. O jogo não é bom, mas consegue agradar sim muita gente. Como clone de Mario Kart, é bem limitado e problemático em seu gameplay. Mas tem um visual considerado decente, e consegue refletir, como um legítimo jogo do Sonic, os cenários característicos dos games de Mega Drive, que são considerados os definitivos, no que diz respeito à mitologia de Sonic the Hedgehog.
Sonic R, por causa de sua aparição tímida, e vendas idem, não é um game tão fácil de se encontrar. Se games como Nights ou clássicos do Mega Drive ganharam diversas versões ao passar dos anos, o game de corrida de Sonic e seus amigos ficaram restritos ao passado. Há apenas a versão de Saturn, lançada em 1997, a de PC, de 1998, e uma aparição na coletânea Sonic Gems Collection, de 2005, para Playstation 2 e GameCube.