RetroArkade: Spider-Man & Venom – Maximum Carnage é uma HQ em forma de game
Os anos 90 foram intensos para o Cabeça de Teia. Peter Parker foi clonado, teve que lidar várias vezes com Venom, fez muito sucesso com um desenho animado e também teve que enfrentar por várias vezes o Carnificina, um dos vilões mais icônicos do herói. O carisma do personagem foi suficiente para que ele aparecesse em várias histórias e, também, nos videogames.
Um dos games no qual o vilão toma a dianteira e traz vários problemas para o Homem-Aranha é o Maximum Carnage. O game, que foi lançado para Super Nintendo e Mega Drive em 1994, se inspira no arco, que também se chama Maximum Carnage (por aqui, a saga se chamou Carnificina Total), e traz vários convidados especiais, entre eles o Capitão América e a Gata Negra.
A Carnificina Total
Se hoje o Homem de Ferro, graças aos filmes da Marvel, é a referência quando o assunto era super-herói, nos anos 90 o Homem-Aranha é quem não saía da cabeça (e dos materiais escolares, isso sem falar em outros diversos produtos licenciados) das pessoas. O herói tinha vilões tão populares quanto, como Venom e Carnificina, justificando assim, uma grande saga envolvendo vários heróis e vilões pelas ruas de Nova York.
No arco, que traz a Gata Negra, Manto, Flama, Punho de Ferro, Capitão América, Deathlok e Morbius, apresenta o Aranha tendo que investigar sobre diversos casos de violência sem sentido, causados por Carnificina e seu grupo, composto por Shriek, Carniça, o Duende Demoníaco, além de uma versão bizarra do Homem-Aranha.
Na caça ao Carnificina e seu grupo, há uma união inesperada entre Venom e o Aranha, já que o anti-herói se sente responsável por sua criação e quer também ajudar na sua caça, mesmo que usando seus próprios métodos e causando vários conflitos por isso. A série contou com 14 partes e fez bastante sucesso, a ponto de gerar um game que contava a mesma história, com cenas de cutscentes tiradas dos quadrinhos e tudo.
Arrebentando Nova York
O game escolheu um caminho popular da época, e que combina perfeitamente com as pancadarias típicas dos quadrinhos do Amigo da Vizinhança: o do beat’em up. Para chegar ao final do game, basta sair andando pelos cenários espancando inimigos genéricos. Porém, o pessoal da Acclaim precisava fazer algumas adaptações, para encaixar toda a proposta da saga no game, e não deixá-lo genérico demais.
Nestas escolhas, houveram alguns acertos e erros. Os acertos incluem a maneira a qual os vários heróis aparecem no game. Protagonizado por Homem-Aranha e Venom, não faria sentido encaixar todos os personagens (e, tecnicamente falando, nem possível era), então a solução encontrada foi a de colocá-los como apoiadores, sendo coletados pelas fases ícones dos mesmos e quando necessário, eles aparecem na tela e te dão uma força.
O design das fases, apesar de simples, também chama atenção. Os cenários mostram os vários locais os quais o Aranha precisa passar, como as ruas e os telhados de NY, ou a base do Quarteto Fantástico. Nas fases, apesar do padrão “andar pela direita” e bater em quem aparecer pela frente, há alguns momentos em que o jogo te pede para voltar, para continuar a ação, além de uma fase na qual é preciso subir um prédio, com os inimigos te atrapalhando.
As animações e cenários também são bem legais, e, por se inspirarem nos quadrinhos, ainda hoje chamam muita atenção, como as ruas de NY, que tem arte de HQ e que se destaca bastante, mostrando o capricho neste quesito. O único porém, está também pelo fato de ser uma adaptação: como o número de inimigos é limitado aos que ali estão, o jogo acaba ficando um pouco repetitivo, já que são sempre os mesmos que aparecem, com exceção da luta final contra o Carnificina. O jogo chega ao ponto de não ter chefe de fase, dando a responsabilidade a personagens genéricos com barra de energia maior.
As fases são bem curtas, cheias de cutscenes explicando o que aconteceu ou o que virá e a dificuldade, típica dos jogos da época, é compensada pela ótima trilha sonora, e também pelo gameplay ágil que, mesmo repetitivo, não se torna cansativo em momento nenhum.
Desafio hardcore em quadrinhos vivos
Uma das qualidades que Maximum Carnage carrega até hoje, está em seu visual. De fato, para as tecnologias da época, é louvável o trabalho feito em, literalmente, levar uma HQ aos videogames. Adaptações precisam lidar com questões aqui e ali, porém, neste caso, houveram mais acertos do que erro.
Repetitivo, mas ágil, o game é divertido, mesmo para quem não consegue ir muito longe pelas fases. Um pouco de treino faz o game ficar levemente mais fácil, mas, como estamos falando de videogame dos anos 90, não espere vida fácil, na busca pelo maior número de pontos.
O game, disponível para Super Nintendo e Mega Drive, envelheceu bem e merece continuar a ser jogado, especialmente se você é um dos pouquíssimos proprietários da edição de colecionador do game, que contava com um cartucho vermelho, três pingentes com os heróis protagonistas, além de uma edição de capa dura da saga completa.