RetroArkade: E é gol, torcida brasileira! Super Campeões

17 de janeiro de 2016

RetroArkade: E é gol, torcida brasileira! Super Campeões

E é gol, torcida brasileira! Se você começou a gostar de futebol por causa de Oliver Tsubasa, então está no lugar certo, pois hoje iremos relembrar de Super Campeões!

Nos anos 90, fomos bombardeados por animes de todos os tipos, gostos e jeitos. Os guerreiros de armaduras, como Cavaleiros do Zodíaco e Shurato, traziam as nobres batalhas entre seres mitológicos e seus guardiões; YuYu Hakusho e Street Fighter II V ofereciam eletrizantes batalhas; e até as meninas tinham a sua heroína, com a Sailor Moon lutando contra o mal de “maneira fofa”. Isso sem mencionar o sucesso — tardio, mas óbvio — de Dragon Ball por nossas terras. Os animes eram demais!

Porém em meio a tantos raios, golpes, luzes e transformações, eis que a Manchete, já em sua época de apagar de luzes, nos apresenta um anime de futebol. Isso mesmo, o futebol, esporte que ainda se esforçava para ser popular na terra do sol nascente, tinha um anime, que passava todas as tardes de 1997 na emissora carioca e nos apresentou Oliver Tsubasa, o “melhor jogador de todos os tempos”, pelo menos no quesito anime, se unindo a Allejo no hall dos grandes do futebol “virtual”.

Hoje, iremos relembrar os bons momentos do anime, explicar algumas coisas referentes a série e até relembrar alguns jogos que foram lançados com Oliver na capa. Hora de tirar a armadura de bronze, descer da nuvem voadora e colocar a chuteira.

Como sempre, primeiro o Mangá!

RetroArkade: E é gol, torcida brasileira! Super Campeões

Da mesma maneira que existia a ponte Arcade – Consoles nos anos 90, a ponte Mangá – Anime também existe, e não foi diferente com Oliver. Capitain Tsubasa (o nome original da série) estreou em 1982 na Shonen Jump e entre várias séries que contavam a vida dos personagens, existiu até o ano de 1997. Yoichi Takahashi, o criador dos mangás, retornaria aos gramados em 2001, para preparar a série Road to 2002, em referência à Copa do Mundo que ocorreu no Japão naquele ano, e ainda em 2006, com a série Golden-23.

Os mangás contam de maneira mais detalhada a vida de Tsubasa Ozora, nome de Oliver no Japão. Vários nomes foram adaptados para facilitar a aceitação entre os brasileiros, como Carlos, que na verdade se chama Taro e o Roberto Maravilha, que na verdade se chama Roberto Hongo, tendo seu nome inspirado provavelmente em Túlio Maravilha, jogador do Botafogo e do Corinthians popular na época. A história começa quando o pequeno garoto chega com sua família em Nankatsu e de maneira semelhante à trajetória de Goku, mostra a adolescência do garoto, rumo ao seu grande sonho: vencer uma Copa do Mundo com o Japão.

Em um momento aonde o Japão ainda estava começando a promover o futebol e nem uma liga forte existia por lá ainda, o sonho de Tsubasa acabou por se transformar no sonho de milhares de crianças em todo o Japão, e um anime foi produzido, estreando em 1983, e baseando-se na primeira fase do personagem, que inclui sua infância, os primeiros amigos e o amadurecimento do personagem. São 128 episódios que nos apresentam além de Oliver, Benji, Carlos, Kojiro e tantos outros.

A nossa vez chegou!

Após este anime, que foi um enorme sucesso, o futebol japonês evoluiu. Em 1993, houve o primeiro jogo da J-League, a liga oficial japonesa que fez sucesso com jogadores como Zico, por exemplo. Neste ano também a seleção local também sofreu um trauma: precisando ganhar do Iraque para garantir a vaga para a Copa do Mundo dos Estados Unidos em 1994, e vencendo por 2×1, nos acréscimos um gol de empate em Doha tirou a vaga dos japoneses e levou a Coreia do Sul para o mundial.

O golpe foi tão forte, devido a evolução do esporte por lá, que Oliver Tsubasa precisou “ser chamado novamente” para levantar a estima dos japoneses. Então em 1994 estrou a série que você viu na Manchete: Capitain Tsubasa J – World Youth, que conhecemos aqui por Super Campeões.

Na série, que tem mais qualidade do que a anterior, mas menos episódios, temos os eventos iniciais do mangá resumidos em poucos episódios, embora as partidas continuem com aquele clima de “não acabam nunca”. Os “chutes especiais” dos personagens também ganharam mais destaque e eram febre entre a garotada da época. Pudemos também ver um jogo entre São Paulo e Flamengo (duas equipes conhecidas por lá por terem jogado na época do mangá), conhecer outro prodígio, Shingo Aoi, e um pouco do mundial sub-17. Porém o mais esquisito é ver o anime parando no meio da história, sem saber o que se passa durante o mundial. Mesmo assim os 46 episódios foram reprisados à exaustão na Manchete e sempre garantia um razoável sucesso.

Algo marcante no anime era a parte sonora. Os estádios emitiam sons caraterísticos de jogos japoneses, como a presença de tambores batidos em ritmo local e buzinas para apoiar a equipe, além claro, das emocionantes músicas que tocavam em momentos de reação ou vitória. Vale lembrar também de “quando entro em campo… sinto toda emoção…”, a versão composta aqui no Brasil exclusivamente para o anime, que grudou na cabeça da gente. Bato direto pro gooooool…

E também tinha o narrador, com os seus “E É GOL, TORRRRRRRRRCIDA BRASILEIRA!!!”. Sério, é daquelas lembranças de criança que hoje no mínimo, nos fazem abrir um sorriso quando ouvimos novamente.

A copa de 2002 é nossa!

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Também exibido no Brasil, desta vez na Rede TV! e no Cartoon Network, a série que celebra a Copa do Mundo de 2002, dividida entre Japão e Coreia do Sul conta com os eventos iniciais de Oliver, seu crescimento, o Mundial sub-17 e foi adicionado a experiência de Oliver no Brasil, enquanto jogador do São Paulo (ou Brancos, para evitar problemas com direitos autorais) e por fim sua carreira no Barcelona, aonde faz amizade com Rivaul (o nosso Rivaldo), chegando até o mundial de 2002, aonde Oliver participa e pode ter a chance de conquistar seu sonho de infância.

Personagens Marcantes

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Mais do que os chutes mirabolantes — lembra do chute dos irmãos Tachibana, com direito a acrobacia na trave? — a série conquistou também por causa de seus personagens, muitos deles marcantes. Além de Oliver, sempre determinado e focado em seu objetivo, também conhecemos Carlos, que viria a ser o melhor amigo de Oliver e seria o “cérebro” do time. Benji, o orgulhoso goleiro que sempre jogava com o boné escondendo os olhos, tinha um reflexo de ninja, e até se meteu a ir para o ataque uma vez, no campo interminável do jogo.

Também conhecemos o drama de Misugi, jogador de talento mas que sofria de problemas cardíacos. Ishizaki, o jogador de pouco talento e muita garra, era o divertido e atrapalhado do grupo. Wakashimazu era um lutador de karatê que acabou virando goleiro e rival de Benji. E muitos outros personagens, mais ou menos conhecidos, também cativavam muito, seja por seus dramas pessoais ou pelas suas técnicas. Kojiro, o jogador que acreditava que era possível ganhar apenas com a força bruta, furava redes com seus chutes.

Mas não podemos ficar sem falar de Roberto Maravilha, o astro da seleção brasileira que era o mentor de Oliver. Roberto, que também tinha um drama pessoal, era amigo do pai de Oliver, e ficou um tempo com a família enquanto precisava resolver um problema. Neste tempo, orientou Tsubasa e seus amigos, sendo figura fundamental para a evolução do futebol e caráter deles.

Não só um anime de futebol, Super Campeões trazia muitos valores para quem assistia seus episódios: a lealdade, o companheirismo e a dedicação para a vitória, mesmo em situações adversas, faziam com que os episódios fossem até permitidos pelas mães, inimigas ferrenhas dos banhos de sangue de outros animes da época.

E os jogos? Quero fazer gol com Oliver!

https://www.youtube.com/watch?v=17A2bqM32S0

Bom, na verdade, em 1997 a minha maneira de “jogar com Oliver” era editar todos os jogadores do International Superstar Soccer 64, baseando-se nos números dos jogadores. Porém existem games de Capitain Tsubasa, só que não são jogos tradicionais. Droga, Oliver! Queríamos um jogo torneio do tipo ISS entre o Nankatsu e o Meiwa, mas tudo bem, jogaremos o que tem pra hoje.

A Tecmo, a Bandai e a Konami lançaram vários jogos da série para consoles que variam do NES ao Playstation 2 e Gamecube, com um formato Futebol/RPG. Se trata de jogos em lances de turnos, aonde você precisa decidir uma ação ou estratégia para vencer o adversário. São jogos extremamente japoneses que assustaria qualquer gamer ocidental que ligasse seu console esperando uma ação Mario Strikers.

O único jogo que era mesmo “de futebol” é o Captain Tsubasa J – Get In The Tomorrow, para Playstation e que foi lançado em 1996. Não é uma maravilha de jogo, mas é interessante por contar com cenas do anime — o da Manchete — com expressões dos jogadores após um chute para fora, por exemplo.

Mas pelo visto o jogo fez sucesso por lá, pelo bom número de títulos lançados.

Oliver se aposentou?

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Pelo visto, não. Tsubasa não está barrigudo, nem jogando na Arábia muito menos participando de jogos beneficentes na condição de ex-jogador. Embora já se passaram mais de uma década de seu último anime, o mangá continua firme e forte, com a série Rising Sun sendo a mais recente, narrando a história de Oliver e seus amigos encarando os Jogos Olímpicos.

A história de Oliver Tsubasa se mistura com a história do futebol japonês e por alguma razão, acabou entrando em nossas histórias também. Só o futebol consegue transformar algo tão íntimo e local como o sonho do desenvolvimento de um esporte em um país sem tradição em algo universal e que conquista a simpatia de todos.

Talvez sua única lembrança entre todos estes jogadores está na série da Manchete, mas o universo de Capitain Tsubasa ou Super Campeões vai muito além disso. Vale a pena buscar assistir aos outros animes da série ou até ir atrás dos mangás. Você vai se surpreender com tanta coisa bacana que talvez passou batido na televisão.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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