RetroArkade: Super Mario Land e sua aventura peculiar no Game Boy
O nosso amigo Mario já era um fenômeno em 1989, ano da chegada do Game Boy. Por isso, nada como usar de seu prestígio para vender o novo console, não concorda? Pois a Nintendo, que não era burra nem nada, tratou de adaptar as aventuras do herói de chapéu vermelho e bigode para a telinha de seu portátil.
Entretanto, o Mario para o Game Boy trouxe algumas coisas bem interessantes. Apesar de contar com o mesmo estilo de jogabilidade que já estava consagrado no NES, o game conta com algumas particularidades. Incluindo uma outra princesa para ser resgatada, outro vilão, e o primeiro aparecimento de um personagem que seria um dos mais queridos pelos fãs da Nintendo, até hoje.
Chegou a hora de colocar pilhas no seu Game Boy, e vir com a gente relembrar o divertido e único Super Mario Land.
Mini-Mario
Super Mario Land tem o gameplay consagrado, e traz muito do que já era comum aos jogadores, desde 1985, com Super Mario Bros. O game foi desenvolvido pela Nintendo R&D1, e tinha como objetivo impulsionar as vendas do Game Boy. Uma vez que o game estava agendado para ser lançado junto com o portátil, em 1989.
O game teve a produção de Gunpei Yokoi, o mesmo homem por trás do desenvolvimento do portátil. Com a ajuda de Satoru Okada, mas sem o envolvimento de Shigeru Miyamoto, é possível ver algumas diferenças entre os games do NES, e o que estava por vir. De maneira bem semelhante ao que aconteceu, por exemplo, em The Legend of Zelda: Link’s Awakening, também para o Game Boy.
Assim, temos um novo local para a aventura, um novo vilão, e uma nova princesa para ser resgatada. Ao invés do eterno Mushroom Kingdom, Mario dá seus pulos em Sarasaland. No lugar de Bowser, o nosso herói confronta Tatanga, o tirano que domina o local. E a princesa que é sequestrada é a Daisy, deixando Peach de folga, desta vez. Daisy teria mais destaque no mundo Nintendo anos mais tarde, com games como Mario Tennis, ou Mario Party.
Igual, mas diferente
Tudo o que os jogadores de Super Mario Bros., do 1 ao 3 conheciam, estava lá. As plataformas, os pulos precisos, os cogumelos, os caminhos alternativos pelos canos e power-ups. Até os mundos, apesar de estarem fora da Mushroom Kingdom, compartilham semelhanças. Bibaruto lembra o Antigo Egito. Muda, poor sua vez, é o tradicional mundo aquático. Easton, como o nome sugere, tem como base a Ilha de Páscoa. E Chai nos leva a um mundo tipicamente oriental.
Os cenários, inclusive, mostram a qualidade de desenvolvimento. Considerando que o game saiu para o Game Boy, e logo no seu primeiro dia, reproduzir um mundo colorido em tons monocromáticos exigiria bastante competência. E é possível ver essa competência. Vários detalhes referentes aos mundos estavam presentes ali, assim como inimigos específicos também traziam mais identidade aos locais visitados.
E a trilha sonora de Hirokazu Tanaka também é parte importante da qualidade do processo. Tanaka, que já havia trabalhado em Metroid e Kid Icarus, entre outros games, conseguiu usar bem o hardware de som do Game Boy. Trazendo assim, faixas divertidas e cativantes. Como a da primeira fase. Quem joga Super Mario Land lembra na hora dela.
Mas lembra que o game não tinha a supervisão de Miyamoto? Pois foi exatamente isso que fez de Super Mario Land algo muito peculiar. A maioria dos inimigos, feitos para existirem em harmonia com os cenários, eram inéditos. As tartarugas do game são “tartarugas-bomba”, ou seja, explodem quando você pula em cima delas.
No final de cada mundo, ao vencer os chefes, Mario vai ao encontro de Daisy. Mas só encontra um monstro, que serve para que ele siga em sua busca, até o confronto definitivo com Tatanga. Mas, o que mais deixa Super Mario Land diferente de qualquer outro game lançado, é o fato de que por aqui, o encanador guia veículos.
No game, em fases que lembram Talespin, do NES, ou mesmo Alex Kidd, para Master System, Mario guia um submarino, e um avião. Aqui, o gameplay muda completamente, se transformando em um shooter lateral, com o gameplay focado em desviar dos inimigos e seus projéteis, enquanto tenta destruí-los com seus tiros. Inclusive, é desse jeito que você confronta Tatanga, o último chefe. De uma forma que não é a mais comum dos games Mario.
O nascimento de Wario e um Super Mario “alternativo”
Super Mario não é lá uma série de games com cronologia específica. Então não dá pra saber se um game da série é canônico ou não. E, mesmo em meio a algumas esquisitices de Super Mario Land, que envolvem até OVNIs como parte do cenário, o jogo foi importante por apresentar um personagem, que viria a ser muito querido pelos fãs da série: Wario.
Não, Wario não aparece no primeiro game. Mas, seu envolvimento fica mais visível na sequência, Super Mario Land 2: 6 Golden Coins. No segundo game, o antagonista rouba a cena. Fazendo o papel de vilão, mas funcionando mais como um rival, do que alguém ruim, como o Bowser. Sua popularidade bancou seu protagonismo no terceiro game da série, Wario Land: Super Mario Land 3.
Wario representa muito bem o que é o Mario, quando o criador “deixa a sua cria para outros”. Gunpei Yokoi e companhia respeitaram a essência de Super Mario Bros., mas trouxeram suas próprias ideias. E algumas bem esquisitas. Falando em esquisitices, não tem como não afirmar que Wario é o porta-bandeira dessa “bagunça” toda. Gerando games insanos, e repletos de bizarrices, a “evolução” de Wario trouxe mais vigor ainda a um mundo bem interessante e divertido.
Super Mario Land vendeu 18 milhões de cópias. E, embora não tenha sido o principal fator de promoção de Game Boy (o responsável por isso foi Tetris), ajudou, e muito, a alavancar as vendas iniciais do portátil. Garantiu uma série exclusiva para o console, trouxe ideias diferentes, que deram uma identidade específica a seus games. E, o principal: é divertido ao seu modo.
Vale a pena ser jogado hoje. Por todos aqueles que gostam do Mario. Não conta com uma dificuldade tão grande, em comparação a outros jogos. E, uma vez o jogo dominado, é possível terminá-lo em cerca de 45 minutos.