RetroArkade – TeraDrive, o computador que também era Mega Drive

22 de novembro de 2020
RetroArkade - TeraDrive, o computador que também era Mega Drive

Nos anos 90, computador era computador, e videogame era videogame. Assim, quem queria jogar os games de DOS e Windows, teria que investir em um computador, e quem queria jogar Sonic, Mario, entre outros games, deveria comprar algum dos consoles disponíveis. Por isso, era sonho de muita gente, na era 16-bits, poder ter um computador-videogame, com o melhor dos dois mundos.

E este sonho de tornou realidade, pelo menos no Japão. Este sonho se chamava TeraDrive, e era, basicamente, um IBM PC com o hardware do Mega Drive, que aceitava tanto o DOS como sistema operacional, como os cartuchos do console da Sega. Algumas poucas pessoas, desta forma, poderiam jogar Sonic e, quando decidissem, trocar pra Monkey Island 2.

Os momentos de PCs e videogames nos anos 90

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É preciso contextualizar com o início da década de 90. Naqueles dias, os videogames já eram extremamente populares, e já haviam alcançado muitas pessoas. Esforços de Nintendo e Sega, junto com outras empresas como a NEC, e ainda desenvolvedoras como Konami, Capcom e Namco, trouxeram para a indústria um crescimento incrível, se comparado com a década anterior.

Enquanto isso, os computadores estavam iniciando sua jornada de “computadores pessoais”. O termo “PC“, começava a, pouco a pouco, adentrar nas casas das pessoas. Claro, de maneira limitada, e para poucos. Mas, mesmo assim, o conceito de computador que temos hoje estava se consolidando. Assim como o mercado de games para PCs, que estava se fortalecendo para, naquela década, oferecer verdadeiras obras primas para seus jogadores.

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O início dos anos 90 simbolizaria uma nova era para a Sega

Eram dois universos, para dois públicos, que gostavam de dois tipos de games diferentes, que jogavam de duas formas diferentes. Quem quisesse os dois, teria que investir em consoles e computadores, ou, no Japão, no TeraDrive.

O que tinha o TeraDrive?

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O “computador-Mega” não era dos mais potentes, para a sua época. Seu processador principal era o Intel 80286, que já possuía nove anos de vida. Um Motorola 68000 e um Zilog Z80, os mesmos processadores do Mega Drive, e presentes para rodar seus games, também estavam presentes na máquina.

O gabinete possuía duas entradas de controle para o console da Sega, e duas portas PS/2, padrão naqueles dias para teclado e mouse. E também possuía diversas outras saídas, típicas de computadores e consoles da época: porta serial de 9 pinos, porta paralela de 25 pinos para impressora, saída RCA estéreo, RGB analógico para monitores e um segundo conector serial, identificado como EXT, de forma semelhante à porta de mesmo nome do Mega Drive.

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Sua memória RAM era de 640 KB, expansível para até 2.5 MB. Já a resolução era adequada a cada modo. Para o “modo PC”, era possível usar o computador em 640×480 pixels, com 262.144 cores e 16 cores simultâneas, ou 320×200 pixels, com as mesmas 262.144 cores, mas com 256 simultâneas. Enquanto o “modo Mega Drive” oferecia 320×224 pixels com 512 cores, a mesma resolução do 16-bits.

E como era o TeraDrive?

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Ao ligá-lo, você tinha acesso a uma interface, que funcionava como menu de inicialização. Através dele você acessava um gerenciador de arquivos, o DOS, um relógio e o modo Mega Drive. Havia também drivers da IBM que permitia que um software feito para este fim pudesse rodar em ambos os hardwares ao mesmo tempo.

Puzzle Construction, por exemplo, trazia um pacote de editor para PC, para alterar o conteúdo do game, que podia ser jogado no Mega Drive. Seu sistema operacional era um DOS J4.0 / V da IBM, versão do DOS feito em parceria com a Microsoft, e de funcionamento idêntico. A ideia, conforme especulações da época, era a de que o TeraDrive fosse desenvolvido de maneira mais profunda, para que softwares fossem desenvolvidos tanto para PC, quanto para Mega Drive. Mas nada neste sentido nunca aconteceu.

O computador vinha em um pacote que continha: dois controles de Mega Drive, um mouse PS/2, um teclado IBM PS/2 e um joystick de três botões. Um monitor fabricado por uma terceirizada, mas com a marca Sega, era vendido separadamente, por ¥ 79.800 (cerca de US$ 600 na época). Este monitor podia exibir sinais de vídeo RGB de 15 kHz do Mega Drive, e possuía saída VGA de 31 kHz, para o PC.

Um baita computador, mas que não cativou os japoneses

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LaserActive: um outro “Tudo em 1 com Mega Drive embutido”

Apesar de se mostrar uma ideia interessante, o TeraDrive não foi muito popular no Japão. Ao contrário do Mega Drive, que este sim, vendia muito no país na época, o computador híbrido não se mostrou capaz de fazer boas vendas, e logo foi esquecido. Hoje em dia, por seu valor histórico e raridade, as unidades disponíveis são vendidos a preços muito elevados, restrito a colecionadores.

Mas, ainda assim, houve outras iniciativas envolvendo um computador com Mega Drive. A IBM e a Sega começaram a discutir sobre um novo PC, mas que nunca passou dos estágios iniciais, graças ao fracasso de vendas do TeraDrive. Enquanto isso, na Europa, a Amstrad fabricou o seu computador com Mega Drive embutido, com configurações superiores ao produto japonês. Entretanto, era apenas um PC com o Mega Drive embutido, sem a interligação proposta pelo TeraDrive.

O produto híbrido que contou com um Mega Drive junto mais famoso, no entanto, não é um computador. E sim, um player de Laser Disc. É o LaserActive, produto fabricado pela Pioneer, que era um tocador de LDs de filmes, uma tentativa de filmes digitais em disco, ainda no início dos anos 90. Mas que incluía também suporte ao Sega CD, karaokê, e games tanto de Mega Drive, quanto de PC Engine/TurboGrafx 16.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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