RetroArkade: E vamos todos juntos na Turma do Pateta em Goof Troop
PATETA E MAX, A DUPLA QUE É DEMAIS! AMIGOS DE FÉ, COM ELES TUDO VAI DAR PÉ… Mil perdões, a gente precisava começar esta RetroArkade cantando bem alto o tema bem divertido do desenho da Turma do Pateta, que passou nos anos 90 na TV Cruj (Cruj Cruj Cruj, tchau) no SBT e é inspiração desta relíquia que iremos conversar sobre (e jogar) hoje.
O Pateta é um dos personagens mais queridos de todos os tempos, em qualquer mídia. A sua construção, baseada em um cachorro que tem uma vida “comum” de qualquer cidadão médio dos Estados Unidos, trouxe identificação não só com as crianças, mas muitos adultos também se enxergavam nas cachorradas do personagem, o que inclui seu comportamento “tranquilo” no trânsito…
https://www.youtube.com/watch?v=RMZ3bsrtJZ0
E com esta vida comum, é claro que o nosso amigo Pateta poderia ter uma família e viver tranquilamente em sua casinha de um bairro tranquilo, ao contrário de seus amigos patos, que adoram se meter em aventuras pelo mundo. Por isso, em 1992 ele nos apresentou seu filho Max, em Goof Troop, ou para nós, A Turma do Pateta, exibido por estes lados em 1997. A animação, que ofereceu 78 episódios, mostrava as aventuras de Pateta, Max, Bafo de Onça e seu filho Bafo Júnior.
Os episódios eram todos bem divertidos, apresentando histórias mais focadas no cotidiano, no melhor estilo Simpsons (que aliás era um fenômeno nesta época), mas com as trapalhadas corriqueiras do querido protagonista, as rixas de vizinho com o Bafo e as encrencas que as crianças viviam se metendo. Também fez parte de uma das épocas mais férteis da Disney, em uma época em que a Casa do Mickey lançava um arrasa-quarteirão a todo ano (Pequena Sereia, Aladdin, Rei Leão…).
E também marcou época por causa desta apresentação bem legal:
E o óbvio daquela época era: um desenho de sucesso deveria chegar, de uma forma ou de outra, aos videogames. Tudo bem, hoje também as coisas continuam funcionando deste jeito, mas nos anos 90, os métodos de programação mais simples do que os atuais, as necessidades constantes de contar com mascotes, originais ou não, nas prateleiras e a concorrência furiosa entre Sega, Nintendo e quem mais viesse a se meter com games colocavam praticamente todas as animações dentro de um cartucho.
Claro que isso era sinal de bomba, mas alguns títulos sobreviviam a produção acelerada, oferecendo boas ideias e marcando época. Felizmente, Goof Troop, o jogo, foi lançado em 1993 pela Capcom e, mesmo sendo algo bem diferente do que todo mundo esperava, está na lista dos jogos mais queridos de todos os tempos.
Quebrando a cabeça com o Pateta
O jogo se passa em uma ilha, chamada Spoonerviller, no qual Pateta, seu filho e seus amigos foram pescar. Mas um incidente terminou com o sequestro de Bafo de Onça e B.J. Então, a “dupla que é demais”, parte para o resgate, mas de uma forma bem diferente. Ao invés de seguir a “cartilha dos jogos baseados em desenhos dos anos 90”, que diz em seu artigo primeiro que tais games “devem ser de plataforma com itens a ser coletados e atirados nos inimigos”, a aventura segue o caminho do puzzle, mas com pitadas de ação.
Basicamente o game é composto por cinco “mundos”, todos na mesma ilha: a praia, a vila, o castelo assombrado, o vale e o navio pirata no qual os seus amigos estão aguardando o resgate. Cada fase conta com telas vistas por cima, no qual Pateta e/ou Max devem observar o local e ver qual a maneira de se avançar. Por se tratar de um puzzle, ás vezes enigmas envolvendo pedras que devem ser colocadas em locais específicos aparecem, ou o jogo exige que certo item seja encontrado, ou mesmo pede que se derrote todos os inimigos da tela para desbloquear a passagem. Em meio a isso, é necessário encontrar a chave que abre a porta que nos leva ao chefe de cada fase, para o combate que garante acesso ao próximo nível.
O sistema de vida e saúde também é diferente do usual. Os personagens coletam pelas telas frutas que ampliam seus corações e a cada seis itens coletados, uma vida é adicionada. Dois diamentes também ajudam nossos heróis: o vermelho adiciona diretamente uma vida ao contador, enquanto o azul garante um continue. Se o personagem for atacado com corações na tela, algo semelhante ao que ocorre em Sonic acontece, deixando-o sem nenhum coração e fazendo com que uma vida seja perdida ao ser atacado novamente, mas, ao perder a vida, o personagem volta para a ação no mesmo local, sem precisar andar toda a fase de novo.
Se desvendar os puzzles do game não são lá um desafio dos mais cabeludos, já que funcionam na questão da tentativa e erro, o mesmo não se pode dizer dos chefes. Logo no primeiro desafio, que consiste em um combate com um grupo de piratas, já vemos um design de combate bem inteligente, frenético e que exigirá o máximo de atenção do jogador, bem ao contrário do ritmo lento que as fases oferecem. E também é importante lembrar os desbravadores da ilha que coletar o máximo de itens para aumentar a sua vida é importante para chegar na fase correspondente com “bastante estoque”.
O charme do multiplayer
Se o jogo já é divertido jogando sozinho, com um amigo ele fica ainda melhor. Ao jogar “de 2”, os mesmos desafios e as mesmas fases aparecem, mas a dupla deve realizar junto as ações, mas também precisam dividir bem os itens, se ajudar em momentos de perigo e até lidar de maneira diferente com os itens de apoio. Para um jogador, dois slots permitem que um item fique no bolso enquanto o outro é utilizado, mas no multiplayer, é um slot para cada jogador e nada de reclamação.
Outra coisa divertida é que é possível um jogador atrapalhar o outro. O jogo é cooperativo, porém vários fatores podem acabar ocasionando “problemas”: a ansiedade, a falta de comunicação, ou a falta de habilidade, que ocasiona que bombas que deveriam ser jogadas nos inimigos acabam indo em direção ao seu parceiro. Tudo isso traz um charme maior ao jogo em dupla, e o deixa muito mais divertido.
Jogos com dois jogadores eram bem comuns na época, e nas locadoras amigos rachavam a “uma hora a um real” para curtirem juntos tais games, mas me atrevo a dizer que Goof Troop foi um dos poucos que saiu fora da caixa e ofereceu algo não só mais completo do que era oferecido, mas elementos a frente de seu tempo, em games os quais tais elementos só fariam sentido anos mais tarde. Nas devidas proporções, esta questão de ajudar (ou atrapalhar) o parceiro em um mapa, no qual cada um faz uma tarefa diferente para resolver os desafios é bem presente em League of Legends ou em Dota 2. Falando nisso, nada mal um Goof Troop remasterizado e online, né Capcom?
Um jogo único de uma época única
A Capcom foi uma das grandes parceiras da Disney. Esta parceria garantiu clássicos como Ducktales, Aladdin (para o SNes), The Magical Quest e muitos outros. Todos estes games tem sua importância e valor na parceria, mas apenas Goof Troop ofereceu algo bem diferente e bem feito, ao contrário do “ande para a frente e bata em todos até achar o chefe”.
As revistas brasileiras da época receberam o jogo com alegria. A Ação Games #45 e a Videogame #32 comemoraram a chance que a Disney havia dado ao Pateta, pois segundo eles, só Mickey e Donald tinham chance nos videogames. Já a Game Power #15 o classificou como uma excelente aventura, e muito divertida.
Com isso, Goof Troop tem um lugar especial no coração do gamer que curtiu o game na época. Suas aventuras e puzzles são símbolo de uma época única, na qual a Disney ofereceu inúmeros games (e filmes, e séries) de excelente qualidade. Os anos 90 na Disney foram tão mágicos quanto a própria magia que a mesma divulgava em seus produtos, e entre eles, esta querida peça com o Pateta como protagonista.
Agora vamos parar de falar e ir jogar, né? E para ir relembrar direto todas as fases, lá vai a “passagem”, ou melhor, os passwords:
Fase 2 – Banana, Diamante Vermelho, Cereja, Banana, Cereja.
Fase 3 – Cereja, Diamante Vermelho, Diamante Verde, Cereja, Banana.
Fase 4 – Diamante Vermelho, Cereja, Diamante Verde, Diamante Verde, Diamante Vermelho.
Fase 5 – Banana, Cereja, Diamante Verde, Diamante Vermelho, Banana.