RetroArkade: Venha correr de novo nas pistas originais de Gran Turismo!
Gran Turismo foi o fenômeno máximo do Playstation, redefiniu o conceito de jogos de corrida para sempre, levou a simulação para os consoles, trouxe toneladas de carros, e ainda ofereceu pistas originais, que marcaram a pilotagem virtual e estão com a gente até hoje, nos games mais recentes da franquia. Vista seu capacete com poucos pixels e vem correr de novo nestas pistas com a gente!
Agora que está pronto para a ação, vamos aproveitar e curtir a trilha sonora que embalou o jogo. É só dar o play:
Se você joga simuladores no console hoje, agradeça a Gran Turismo. O Real Driving Simulator levou para o Playstation, no dia 23 de novembro de 1997, em um primeiro momento apenas no Japão, o que era possível apenas no PC: jogar um game de corrida com o máximo de realismo possível. Até então, os consoles eram espaço para games mais focados na velocidade arcade, ignorando para o bem do gameplay a seriedade de uma corrida. Need for Speed e Ridge Racer ofereciam carrões e circuitos maneiros, mas com a diversão de um drift ou uma curva a 350 km/h, que diz não a qualquer coisa que fosse realismo.
TOCA: Touring Car chegou no mesmo ano de 1997, e já oferecia elementos mais sérios de pilotagem virtual, mas ficou restrito a um pequeno público. No quesito de impacto, foi Gran Turismo que conquistou o grande público, oferecendo o ambicioso realismo, mas também trazendo muita novidade, que não era comum em sua época. A começar pelo número de carros: 178. Need for Speed III, lançado na mesma época, vinha com “apenas” 8 veículos, mais um secreto (eram 18 na versão PC).
Este absurdo de carros precisavam ser comprados. O modo simulação já te colocava na corrida, sem frescura, mas para aproveitar o game como se deveria, era necessário encarar o Simulation Mode e ir comprando os carros nas concessionárias das respectivas marcas, ao passo que corridas eram disputadas e dinheiro entrava no seu caixa.
O fenômeno foi tanto que, originalmente vendido apenas para o público japonês, a então desconhecida Polyphony Digital acabou tendo que adaptar o game para Estados Unidos e Europa, o que rendeu uma venda de 10.35 milhões de cópias, se tornando o game mais vendido para o Playstation em todos os tempos, na frente até de Final Fantasy VII, Metal Gear Solid, entre outros clássicos definitivos do 32-bit da Sony.
Gran Turismo também chamou atenção por causa de seus gráficos. Kazunori Yamauchi, o criador da franquia, desde o primeiro game quis levar o melhor do espírito da corrida real aos games. Com isso, os carros contavam com 300 polígonos para serem desenhados, o que garantia para a época, efeitos impressionantes de luz e sombra, além de detalhes raramente vistos em games da época, lembrando também dos clássicos replays, que, embora apresentavam algumas falhas, também chamaram atenção por parecer uma transmissão de TV. Isso sem mencionar o comportamento realístico de cada carro, desde os veículos de rua até os super esportivos, que corriam em pistas com física invejável, até para donos de computadores.
E, entre tanta coisa boa e revolucionária que Gran Turismo trouxe, não poderíamos ficar sem falar das pistas de corrida do jogo. A partir do segundo game, pistas reais foram sendo adicionadas, mas no primeiro jogo, temos 11 circuitos, baseados em cinco pistas, com suas devidas adaptações. Todas elas são marcantes e estão em todos os jogos da série, incluindo o último jogo da série, o Gran Turismo 6. Já que você está com o capacete na cabeça desde o começo da matéria, te convido a correr comigo em algumas destas pistas, enquanto vamos comentando sobre cada uma delas.
Autumn Ring Mini
A pista do outono é uma das menores dos games, mas nem por isso menos desafiante. Um ponto interessante está na exigência do circuito. Ao contrário das “primeiras pistas” dos games de corrida, que contam com curvas fáceis, ou são ovais, a Autumn Ring Mini conta com uma série de curvas que exigem boa atenção do piloto.
Também temos a pista sem o “mini”, o Autumn Ring, que obviamente é maior e oferece um pouco mais de desafio ao jogador. O princípio de circuito rápido com muita curva continua, mas de uma maneira ainda mais intensa.
Grand Valley
A Grand Valley East começa com uma curva no qual muitos de nós já terminamos na brita, até pegar o jeito com o jogo, marcada por túneis e rochas na parte interna do circuito e por algumas curvas mais fechadas. E ainda podemos saltar em um trecho da pista, e haja controle do carro por aqui.
Daqui também podemos correr na Grand Valley Speedway, a versão maior com curvas ainda mais fechadas, uma ponte e uma chicane no final do trajeto.
Trial Mountain
A Trial Mountain é a pista mais exigente do game, com a pista dentro da montanha, rochas diminuindo a chance de erro, algumas curvas em velocidade seguidas de mais rochas e uma parte final muito bem construída, com uma reta enviando o carro para uma chicane, que envia enfim para a reta final. É uma pista que premia os bons pilotos, que sabem domar seu veículo e principalmente, sair bem de curvas, retomando a velocidade após a saída de cada uma delas.
High Speed Ring
A pista mais famosa, deste e de todos os games Gran Turismo, a High Speed Ring é um misto de alta velocidade com exigência, já que se trata de um oval, com algumas curvas. De longe, é a pista mais rápida do jogo e a que dá mais gosto de pisar, mas cuidado para não ir mandando o carro pro muro por causa disso. Até porque, para pisar por pisar no acelerador, tem a pista de teste, que dá conta do recado.
Clubman Stage
Circuitos noturnos são bem legais. Lembro das fases de corridas à noite em Top Gear, mas não era sempre que podíamos jogar com os faróis acesos. Mas temos a Clubman Stage, uma homenagem às corridas noturnas em Tóquio e todo o Japão. Com um túnel e em cenário urbano, como viadutos e estradas, a pista é um circuito de rua (ou melhor, rodovia), com uma espécie de “prévia” do que iríamos curtir muito alguns anos mais tarde: Need for Speed Underground.
Seu traçado gera ainda mais dois circuitos: o Special Stage Route 5, que é maior e também garante um traçado dentro da cidade, e a Special Stage Route 11, que é ainda maior e mais difícil.
Uma aula de bons circuitos
Com o passar do tempo, Gran Turismo foi adicionando circuitos oficiais em seu portfólio. Já no segundo game, a tradicional Laguna Seca ficou disponível, e no sexto game, temos o circuito de Monaco, Spa Francorchamps, a oficial de Daytona (não a do game de arcade da Sega, a da NASCAR), e Suzuka, mas mesmo assim, a franquia continuou a oferecer pistas próprias muito inteligentes.
De exemplo, podemos mencionar a Gran Tursimo Arena, um circuito dentro de um estádio com a forma em GT, para corridas de Kart, ou a Tahiti Maze, que marcou a estreia do rally na série em Gran Turismo 2.
O simulador de carros, que ofereceu — e oferece — a divertida e real experiência de se guiar carros de todos os estilos e épocas, do Fusca a um Fórmula 1, também proporciona ao jogador interessantes pistas exclusivas, que exigem muito do piloto e deixam a franquia ainda mais interessante. Estas pistas mostram o cuidado de sempre que a série tem com os detalhes e poderiam facilmente ser reproduzidas para disputas na vida real.