Rock in Rio 2024 – Journey decepciona em show com vários problemas, dentro e fora do palco
Como fã de longa data do Journey, recebi com alegria a presença deles no Rock in Rio 2024. Como a clássica banda não é tão popular por aqui, salvo pelo eterno Don’t Stop Believin’, a oportunidade de ouvir outros sucessos da banda me gerou boas expectativas. Além de tudo, mesmo sem Steve Perry nos vocais, algo que já faz muito tempo, ouvir as músicas na voz do flipinio Arnel Pineda também me despertou curiosidade.
Mas, infelizmente, a apresentação foi muito abaixo do esperado. Não esperava o mesmo Journey dos anos 80, e já sabia muito bem dos problemas internos da banda, com os membros Neal Schon e Jonathan Cain brigando na Justiça por problemas envolvendo questões financeiras da banda. Por isso já fui esperando, no mínimo, uma entrega no mínimo profissional dos envolvidos, o que até ocorreu, pela qualidade que Schon, Cain e Marco Mendonza. Entretanto, tivemos muitos problemas, que atrapalhou o andar da apresentação.
Começando pela setlist. Como falei, a maioria dos brasileiros não conhecem o Journey, conhecem Don’t Stop Believin’. E como estão em sua turnê de 50 anos, não são muito presentes em festivais e não são tão populares por aqui, começar com Be Good to Yourself, uma das minhas músicas preferidas da banda, simplesmente não funcionou.
Tinha sim, um ou outro que estava curtindo a apresentação, mas no geral o ambiente era de inércia total. O que nos leva a um outro erro, o de lineup. O Journey tocou no mesmo dia que Evanescence e Avegend Sevenfold, o que significa que os fãs destas duas bandas eram predominantes na frente do palco, e que, não importava o tanto que Arnel tentava animar o povo, o sentimento de “tanto faz” era predominante. Talvez colocá-los no palco Sunset, que teve Incubus e Deep Purple, seria uma solução mais interessante.
Em Faithfully ou Lovin’ Touchin’ Squeezin’, tivemos uma tentativa de conexão com o público, que além da desconexão total, ainda teve que lidar com problemas de som. O som começou extremamente baixo, a ponto de Arnel perguntar se era possível ouvir os instrumentos. Após um tempo, o som aumentou, mas seguiu ruim, e colaborou para uma difícil apresentação de Arnel. Muito desafinado e entregando uma apresentação ruim, e que mostrou que aquele cara, que em 2007 surpreendeu muita gente assumindo a voz da banda, com excelência, quase 20 anos depois está em seu limite.
Arnel assumiu as dificuldades do show e se manifestou em rede social sobre o ocorrido: “Não fomos perfeitos, especialmente eu. Mas vocês curtiram com a gente com toda a força, e derramaram todo o amor de vocês na gente sem hesitação. Espero que minha primeira vez com vocês não tenha sido a última. Já sinto saudades de vocês”.
O ponto é que o Journey no Rock in Rio expôs uma série de problemas. Mostrou a falta de timing do evento, em chamar uma banda que não está em sua melhor forma e com problemas entre dois de seus membros, e um cantor que tenta sozinho interagir com o público e os músicos. Mostrou a falta se senso, ao colocar uma banda que deveria estar no palco Sunset no palco principal, em meio a um público que esperava outra coisa. Mostrou a falta de senso de festival de uma banda que não participa muito de festivais, não adaptando sua setlist para um público mais diverso. E mostrou que, infelizmente, o Journey do passado, seja o clássico de Steve Perry, ou os dos primeiros dias de Arnel Pineda, não existe mais.
Setlist Journey no Rock in Rio 2024
- Be Good to Yourself
- Stone in Love
- Line of Fire
- Dead or Alive
- Faithfully
- Open Arms
- Lovin’, Touchin’, Squeezin’
- Guitar Solo
- Wheel in the Sky
- Lights
- Separate Ways (Worlds Apart)
- Don’t Stop Believin’
- Any Way You Want It