Sabe quem faz 20 anos em 2024? O Orkut, lar das suas comunidades preferidas.
Se você já era vivo em 2004, e já compreendia o uso da Internet, com certeza tinha um perfil no Orkut. Seja através da sua conexão discada que só podia ser usada aos sábados e domingos, em uma Lan House, ou caso fosse um abastado proprietário de Internet banda larga, você lia seus scraps, fazia seus depoimentos e participava de suas comunidades preferidas.
Quando a internet começava a se transformar em um espaço mais interativo, com Internet um pouco mais veloz e computadores mais capazes, uma plataforma se destacou como o epicentro das conexões digitais e amizades virtuais, pelo menos no Brasil: o Orkut. Lançado em janeiro de 2004 pelo engenheiro turco Orkut Büyükkökten, a plataforma rapidamente conquistou milhões de usuários e se tornou um fenômeno cultural no Brasil e em diversos outros países.
Pra começo de conversa, você só podia entrar na rede através de convite, que outros usuários possuíam e distribuíam. Essa questão de curiosidade e “exclusividade” ajudou o Orkut a ir, pouco a pouco, dominando seu espaço e trazendo novos usuários. Lembro até de ver Lan Houses cobrando coisa de R$ 10 para “criar perfis” que envolviam o convite, ajuda na criação e uma foto para o perfil, em um tempo que nem todos tinham câmeras digitais.
O Orkut surgiu como uma iniciativa encabeçada pelo Google, que rendeu uma rede social que permitisse às pessoas se conectarem de maneira mais significativa. Batizado com o nome de seu criador, o Orkut Büyükkökten, a plataforma tinha como principal objetivo proporcionar aos usuários uma experiência social online, onde poderiam compartilhar interesses, fotos e mensagens.
O Orkut introduziu diversas funcionalidades que se tornaram icônicas na época. Perfis personalizáveis permitiam aos usuários expressar sua individualidade por meio de scraps, depoimentos, comunidades e álbuns de fotos. As comunidades eram espaços dedicados a interesses específicos, onde os membros podiam interagir e compartilhar conteúdo sobre temas variados, criando uma sensação de pertencimento.
Mas no começo a rede não era tão completa quanto imaginamos hoje em dia. Só podíamos colocar 12 fotos no álbum, e não era possível conversar de forma mais privada, com os depoimentos, que ficavam arquivados antes da publicação, servindo como o que chamamos hoje de DM. Que, ás vezes, era aceito por um usuário e rendia uma “fofoca” online, em que todos ficavam sabendo o que ninguém deveria saber.
Os scraps, mensagens públicas postadas no perfil do usuário, eram a forma principal de comunicação, e a contagem de amigos era uma métrica crucial para medir popularidade. As comunidades, por sua vez, eram verdadeiros fóruns de discussão, abrangendo desde paixões por bandas e filmes até debates sobre temas mais sérios. Ou também, um espaço apenas para demonstrar interesses por temas em comum, como “odiar acordar cedo”, ou frases de seriados ou filmes, que iam de Crepúsculo ao Chaves.
A rede também marcou por permitir ver quem visitou o seu perfil. Algo que não existe na maioria das redes atuais, era o terror de quem queria muito ver o perfil de tal pessoa e ter sua visita “entregue”. O Orkut foi, também, o primeiro contato de muita gente com outros mundos e também foi onde começou, mesmo que de forma bem mais simplista, essa história de “popularidade online”, onde pessoas comuns acabavam se destacando na rede, por vários motivos.
Isso sem contar a fase dos gifs animados, quando sua tia “embelezava” seu espaço de scraps com “bom dia” cheio de glitter, dos “plugins” que prometiam Orkut na sua cor, e traziam muitos vírus de brinde, ou mesmo de jogos, como o Colheita Feliz, ou Café Mania, que foi o primeiro contato de muita gente com um game.
A rede seguiu ativa por muitos anos, com o combo com o MSN, que cumpria o papel de chat e conversas privadas. Mas, por volta de 2010, com a ascensão do Facebook em mercados como o nosso ou o da Índia, onde o Orkut imperava, a rede começou a perder força. O Google até tentou fazer uma “sequência”, o Google+, mas no final, a companhia encerrou os serviços da rede em 2014.
Em um primeiro momento, o Google ainda deixou disponível as comunidades, como forma de legado. Mas também foram retiradas do ar posteriormente. Entretanto, graças ao WayBack Machine, dá pra relembrar estas comunidades, para quem tem saudade. O domínio orkut.com, atualmente, exibe uma carta do próprio Orkut, em que celebra a sua rede, e compartilha suas ideias em relações às redes sociais nos nossos dias.
Embora o Orkut tenha encerrado suas atividades, seu legado vive na nostalgia daqueles que cresceram compartilhando scraps e participando de comunidades. A plataforma foi precursora de muitas das funcionalidades que hoje consideramos comuns em redes sociais, influenciando o desenvolvimento de plataformas subsequentes.
O Orkut não foi apenas uma rede social; foi um fenômeno cultural que moldou a forma como nos conectamos online. Mesmo após seu fim, as lembranças do Orkut continuam a inspirar a evolução das redes sociais, provando que a busca por conexões digitais autênticas é uma constante na história da internet.
