Para sempre PS2: A ascensão e queda de Mortal Kombat na era 128 bits

25 de abril de 2015

Para sempre PS2: A ascensão e queda de Mortal Kombat na era 128 bits

A Pra Sempre PS2 é o espaço para o console mais vendido de todos os tempos na Arkade. E a nova coluna estreia em grande estilo, trazendo os jogos de Mortal Kombat da era 128-bit.

Abril é definitivamente o mês do Mortal Kombat. Contando com o lançamento do décimo capítulo da franquia, considerado pelos fãs — inclusive nós — como o jogo mais refinado desde os clássicos, notícias não pararam de surgir a todo o momento e a RetroArkade até fez uma série de matérias especiais sobre os primeiros jogos da série.

Então nada mais justo do que estrear uma nova coluna no site, Pra Sempre PS2, falando de Mortal Kombat. Porém, como o nosso foco será justamente o principal console da era 128 bits, falaremos sobre a fase “não tão nobre assim” de MK.

Após de um sensacional começo de vida e do lançamento de Mortal Kombat 4, a Midway não andou muito bem das pernas: jogos que pretendiam expandir o universo da série, Mortal Kombat Mythologies: Sub-Zero e Mortal Kombat: Special Forces, foram extremamente mal recebidos, juntamente com o desastroso Mortal Kombat Gold; a sequência do filme bem sucedido de 1995, Mortal Kombat: Annihilation, também foi um fracasso — de crítica e público –; e a aposta em uma série de TV, Mortal Kombat: Conquest, não deu muito certo, sendo cancelada logo após a primeira temporada.

Para sempre PS2: A ascensão e queda de Mortal Kombat na era 128 bits

Por conta de todos esses desapontamentos, o co-criador da série John Tobias pulou fora do barco, deixando sua sociedade com Ed Boon para produzir seu próprio jogo de luta no primeiro Xbox. E então, Mortal Kombat passou dois anos em hiato, algo que não acontecia desde a sua criação. Eis que a série tomou rumos, digamos, um pouco diferentes. Vamos relembrar?

Deadly Alliance e a queda

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Então, o que acontece quando uma quantidade significativa de boas idéias é jogada fora? É lançado Mortal Kombat: Deadly Alliance, o quinto capítulo da franquia, que pela primeira vez não pintava nas maquinas de fliper, aparecendo exclusivamente nos consoles de mesa em 2002.

É bem verdade que o jogo tinha seu potencial: Uma premissa até que interessante, aliado à uma abertura cinematográfica ao qual estamos acostumados hoje em dia, alguns personagens interessantes, um modo tutorial diferente e muitos bônus fazem o jogo ter uma cara boa à primeira vista. Mas só a primeira vista mesmo.

Contando a história do pacto entre os feiticeiros Quan Chi e Shang Tsung para conquistar Outworld com a ajuda do exército mumificado do Rei Dragão, Deadly Alliance começa a errar logo por matar o principal personagem da franquia antes mesmo do jogo começar. Sim, Liu Kang estava morto e sem chance de uma possível volta. Para tentar dar um fim à essa Aliança Mortal, Raiden convoca sua turma de sempre. E é aí que o jogo começa a deslanchar.

Deadly Alliance conta com personagens bem controversos, para não dar adjetivos piores. Alguns ficaram simplesmente animais, como Sub-Zero, agora Grão Mestre dos Lin Kuei, Scorpion, um verdadeiro ninja atrás de sua vingança particular contra Quan Chi, depois dos eventos de Mortal Kombat 4, e Johnny Cage, agora protagonizando o time de heróis de Earthrealm. Vale lembrar que esse pequeno pedaço da história foi aproveitado no recém lançado Mortal Kombat X.

Já outros personagens antigos ficaram um tanto esquisitos, como Jax, que mais parece o rapper 50 Cent, Reptile que mais parece uma lagartixa e um Kung Lao que nada se parece com o que estamos acostumados. Seguidos de perto também pelos novos que, tirando o espadachim cego, Kenshi, se dividem entre o regular e o tosco, não se aproveitando quase nada depois disso. Tanto que a maioria dos personagens novos deste game só fizeram pequenas aparições posteriores para morrer em seguida.

Mas o problema central do jogo é mesmo a sua parte técnica e, tirando os gráficos, que eram bem bonitos pra época, Deadly Alliance peca em todos os quesitos possíveis.

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A começar pela sua jogabilidade, que apesar da boa idéia e dedicação dos criadores em trazer diversos estilos de luta, diferenciando cada personagem — ao contrário dos MK anteriores, em que todos os personagens só se diferenciavam pelos seus poderes especiais –, era lenta, imprecisa e não trazia o famigerado gancho.

E também os Fatalities, que foram reduzidos a um por personagem e eram em sua maioria simples demais. Além disso, pela primeira vez na série, não tínhamos Stage Fatalities. Para piorar a situação, o game não possuía um chefão de verdade…  Simplesmente frustrante.

Deception, a tentativa de redenção

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Afim de corrigir os problemas em que a série de meteu, eis que surge Mortal Kombat: Deception, evoluindo naturalmente tudo que foi apresentado no jogo anterior e trazendo de volta o que não poderia ter faltado.

Dessa vez tudo parecia estar dentro dos conformes: ganchos de volta, variações de Fatality por personagem (e a introdução do bizarro e interessante Hara-Kiri), Stage Fatalities e fases clássicas, muitos poderes tradicionais de volta que alguns personagens perderam anteriormente, etc.

Porém, como nem tudo são flores, principalmente nesse período da história de Mortal Kombat, alguns erros continuam.

A começar pela história, que caminhava pra um fim sem retorno. Depois que a Aliança Mortal foi bem sucedida derrotando os guerreiros de Earthrealm e conseguindo ressucitar o exercito mumificado do Rei Dragão, Quan Chi e Shang Tsung acabam ressucitando Onaga, o antigo rei de Outworld, que após uma união desesperada entre os dois feiticeiros e Raiden para derrotá-lo, ameaça todos os Reinos com seu poder.

Para isso, temos a volta de diversos personagens que não retornavam faziam tempo, como Nightwolf, Jade, Ermac, além da dupla Noob-Smoke. Temos também Raiden, em sua versão Dark, depois de absorver a maldade dos dois antigos inimigos, aliados à novos personagens, que mais uma vez se dividem entre boas idéias mal aproveitadas e idéias ruins mesmo, como Havik e Shujinko. E Liu Kang entra em uma controvérsia novamente, dessa vez retornando como um zumbi que nos deixa com a sensação de WTF?

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Deception ainda conta com o segundo Konquest da história da franquia, que nos traz a história do já citado Shujinko, uma espécie de novo protagonista para a série e que infelizmente — ou felizmente –, não deu muito certo. A questão é que o modo inova em trazer uma aventura num estilo totalmente diferente, contanto uma história paralela ao do jogo principal.

Armageddon, o fim de tudo

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E fechando o ciclo de kombates mortais na era do Playstation 2, eis que surge Mortal Kombat: Armageddon, literalmente, o fim dos tempos na linha do tempo da série, que já havia se perdido em tantas mudanças e histórias cada vez mais sem volta.

Armageddon serviu como uma espécie de Dream Match para os fãs, com um bocado de fanservice aliado à um amargor das as novidades trazidas desde Deadly Allicance.

Dessa vez, o jogo conta com um absurdo elenco de 64 personagens, que é seu grande trunfo e chamariz para o game, incluindo aí um editor em que você pode criar seu próprio personagem com quase infinitas opções de customização.

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O mais legal, no entanto, é a volta personagens bastante pedidos por parte dos fãs, como Sektor, Fujin, Jade, e chefões agora jogáveis, como Shao Khan. Mas trás também clássicos totalmente desfigurados, como é o caso de Stryker e os pífios personagens da franquia, como Jarek, Hsu Hao e Mokap, todos em uma batalha pelo poder, que acaba terminando no extermínio quase completo de heróis e vilões.

Mas se por um lado Deception trouxe de volta uma chama de esperança para a franquia, Armageddon deu descarga abaixo em todo o potencial que se poderia ter com tantos personagens, já que o jogo incrivelmente não possui, pela primeira vez na sua história, Fatalities, pelo menos não da maneira que conhecemos, pois o que vemos dessa vez é uma espécie de sucessão de golpes que vão arrancando membros do oponente derrotado. E é assim com todos os personagens, sem nenhuma diferenciação.

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Apesar dessa tragédia, Armageddon, na hora da briga em mesmo, não faz feio, e carrega o combate mais preciso dos três jogos da franquia na era 128 bits, contando com muitos combos e poderes especiais. Sem contar que é muito interessante ver todos os personagens reunidos pela última vez.

Também há muitos bônus, assim como nos dois jogos anteriores, incluindo um novo modo Konquest, dessa vez contando a história dos irmãos Taven e Daegon, os personagens novos do jogo e também um divertido clone de Mario Kart, chamado Motor Kombat, esse sim, que vale muito a pena.

https://www.youtube.com/watch?v=yNmg66B-SSQ

Infelizmente, a franquia quase acabou morta nesse apocalipse de idéias que inflou demais seus jogos, algo que só começou a ser corrigido na geração seguinte, com Mortal Kombat vs. DC Universe e finalmente no reboot total da série, Mortal Kombat de 2011.

Entretanto, mesmo caminhando numa corda bamba entre suas qualidades e defeitos, os três MK lançados nessa época, além de Mortal Kombat: Shaolin Monks (que, como um spin-off, será abordado futuramente), divertiram muitos fãs da sangrenta série de de jogos de luta e conseguiram evoluir, até voltar ao topo novamente, não é mesmo?

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Um aperto de mão depois de tocar o terror no PS2

 

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