Para sempre PS2: From Software muito antes de Demon’s Souls e Bloodborne
A From Software é uma das produtoras de games mais aclamadas nos dias de hoje e ninguém tem dúvida disso. Suas franquias, que vão desde as guerras entre robôs de Armored Core, até o combate stealth de Tenchu, não deixam dúvida de que o estúdio sempre foi plural no quesito diversidade e conseguiu lidar bem com isso na maioria das vezes.
Fato é que ela passou a ganhar notoriedade de fato a partir da sétima geração de videogames, com o lançamento do clássico instantâneo Dark Souls, e com isso, tem se destacado dia após dia, reforçando essa franquia que preza pelo desafio e pela dificuldade, tudo em um gameplay profundo que faz os jogares sangrarem pelos olhos.
Porém, a série Souls não começou exatamente na sétima geração: apesar dela ter se concretizado no Playstation 3, já haviam muitas nuances e influências na geração anterior com o Playstation 2. Vamos dar uma olhada em jogos que certamente influenciaram essa série?
Primeiro, um breve apanhado sobre a From Software
A From Software hoje é conhecida como “a produtora de Dark Souls” na maioria das vezes. Isso não é por menos, já que seja o grande sucesso de sua carreira, que deu visibilidade e finalmente levou seu nome ao estrelato. Porém, a produtora sempre se aventurou em ambientações e histórias diferentes durante sua carreira.
Variando em diversos estilos, o estúdio sempre teve como foco temas como a fantasia medieval, como em Forever Kingdom, Evergrace e Lost Kingdoms, lutas entre robôs gigantes, como Armored Core, Chromehounds e Metal Wolf Chaos, e temas ninja como em Tenchu e Ninja Blade. Há também de se destacar outros games, como o RPG Enchanted Arms e os jogos de terror Beyond e Kuon.
Por trás dessa mais recente exposição da From Software está Hidetaka Miyazaki, responsável pela concepção de Demon’s Soul e posteriormente Dark Souls e Bloodborne, além de envolvimento com a série Armored Core em seu início de carreira. Miyazaki trouxe para sua série de combates medievais algumas influências de títulos da própria empresa que nós veremos a seguir.
Eternal Ring (2000)
Começando com o primeiro jogo da From Software na sétima geração de consoles, Eternal Ring foi um dos títulos de lançamento do Playstation 2 e teve uma influência não tão grande nos próximos RPGs da empresa. Com uma premissa simples e um sistema complexo de criação e uso de itens, o jogo tem seus prós e contras.
A começar pela história, que a princípio não é nada didática: você controla um guerreiro mago chamado Cain Morgan, mandado para Island of no Return, um lugar cheio de monstros e mistérios carregando um artefato conhecido como Eternal Ring. É interessante se notar que no jogo, a história vai se desenrolando através de seu lore, que são informações escassas, destacadas por NPCs ou objetos no cenário que acabam se interligando.
Eternal Ring possui alguns destaques positivos, a começar pelo seu level design, que mantém a pegada de “labirinto” que os jogos da franquia Souls sempre tiveram, e os monstros, que são um show à parte, todos com designs incríveis e inteligência artificial acima da média para a época.
Mas o jogo possui alguns defeitos também. Sua jogabilidade, assim como a maioria dos jogos do início da vida do Playstation 2, é extremamente limitada e defasada, fazendo a jogatina se tornar cansativa logo depois de algum tempo. Os gráficos e sons cumprem o seu papel, porém, também cansam um pouco pela repetitividade.
Apesar de ser um título tecnicamente fraco, Eternal Ring deu forças para a From Software investir um pouco mais no estilo RPG-First Person-Dungeon Crawler.
King’s Field: The Ancient City (2001)
Já em King’s Field: The Ancient City (conhecido no Japão como King’s Field IV), temos a volta da série clássica, que fez sua estreia e um certo sucesso na geração anterior, dessa vez em um título muito melhor acabado que Eternal Ring e trazendo diversas melhorias, além — é claro — de elementos cruciais que influenciariam Demon’s Souls.
Aqui, encontramos tudo que é muito comum hoje em dia e isso é visto logo nos primeiros momentos de jogo. De cara somos levados a uma aventura solitária em um mundo sombrio, infestada de diversos monstros e criaturas agressivas. Aliás, o jogo praticou o slogan “prepare to die” muito antes dele se tornar famoso. Alie isso à uma nova mecânica de stamina, que limita seus golpes e correria e temos um verdadeiro jogo hardcore.
O mais interessante também que a movimentação e interação de personagens é muito parecida com as de Demon’s Souls e Dark Souls, como NPCs e inimigos.
King’s Field IV conta uma história mais intrigante que seu antecessor: um ídolo é acusado de estar causando diversos males por conta de uma maldição. Cabe então o protagonista levar a estátua para o lugar de onde foi tirada, em Ancient City, um lugar inóspito e cheio de perigos.
Uma pena, no entanto, é que apesar da série ter gerado diversos elementos que posteriormente seriam usados em jogos futuros, ela nunca mais foi revisitada, sendo esse seu último capítulo.
Shadow Tower Abyss (2003)
Não demorou muito tempo e a From Software lançou mais um RPG nos moldes de Eternal Ring, dessa vez dando continuidade direta à aventura sombria Shadow Tower, de 1998. Fazendo ponte entre King’s Field e Demon’s Souls, o game é praticamente uma ponte entre os dois.
A história dessa vez, fica ainda mais profunda e macabra, contando a história de um jovem explorador que vai em busca de uma arma sagrada, que garante uma grande prosperidade e vitalidade para aquele que à possui. O problema é que diante disso, o aventureiro é pego por uma armadilha e jogado dentro de um mundo cheio de criaturas e monstros, tudo isso em uma ambientação mais moderna, ao contrário dos anteriores que se passavam no período medieval.
O jogo é simplesmente incrível por melhorar tudo que os dois títulos anteriores tinham para ser melhorados. Movimentação, gráficos, sons, ambientação, dessa vez o trabalho do estúdio foi impecável. Até a inteligência artificial foi melhorada, fazendo inimigos fugirem se estiverem perto de morrer e percebendo se o jogador está com a saúde baixa, aproveitando para tirar vantagem disso.
E mecânicas comuns hoje em dias também estão presentes: volta a stamina, que pode definir que estratégias usar para não acabar sem golpes no meio de uma luta; NPCs dão poucas, porém valiosas informações; Sem mapas disponíveis durante toda a jogatina; Além, é claro, da dificuldade extrema, incluindo aí boss fights apelonas.
Duas merecem um destaque especial: a adição do sistema de “souls“, que agem como melhorias para os status do personagem e também o uso de armas de fogo, juntamente com armas brancas, algo que seria lembrado mais de 10 anos após seu lançamento, em Bloodborne.
Infelizmente, o jogo foi lançado apenas no Japão, visto a falta de investimento da Sony para a localização para o Ocidente. Porém, existe uma versão totalmente em inglês traduzida por fãs encontrada facilmente para qualquer um que quiser testar.
A From Software, depois de Shadow Tower Abyss, passou seis anos sem lançar nenhum RPG como Eternal Ring, King’s Field e Shadow Tower, até o lançamento em 2009 para Playstation 3 de Demon’s Souls, o primeiro jogo da franquia idealizada por Hidetaka Miyazaki, que traria diversos elementos dos três jogos e que culminaria numa aclamada série.
Esperamos que mais jogos com o espírito da From Software continuem sendo lançados com ótima qualidade. Nós, fãs, agradecemos.