Sim, o PlayStation original tem um jogo de mundo aberto: Mizzurna Falls
Quando falamos de games de mundo aberto, lembramos muito dos games dos tempos de PlayStation 2, e as suas evoluções nas gerações seguintes, incluindo games da Rockstar, Ubisoft, os da PlayStation Studios e tantos outros. Mas o primeiro PlayStation, por incrível que pareça, recebeu também um game com esta proposta de gameplay.
Como bem sabemos, até existem jogos com cidades abertas para o jogador explorar, como os dois games Driver, ou até o obscuro game de Batman e Robin. Mas nenhum deles ofereciam tantos recursos quanto os jogos que sairiam nas gerações posteriores. Por isso, Mizzurna Falls, game lançado no final de 1998 para o primeiro console da Sony, tem muita importância.
Assim como Body Harvest, que é considerado o “pai de GTA” , por ter muitas de suas ideias testadas no jogo de Nintendo 64, e que seriam aplicadas pela própria Rockstar anos depois.
O game, que nunca saiu do Japão, nem em relançamentos digitais, é considerado como um dos primeiros games de mundo aberto entre todos. Saiu, inclusive, antes de Shenmue, outro jogo que já propunha boa exploração de seu espaço.
A sua história acontece na cidade fictícia de Mizzurna Falls, que tem o mesmo nome do game, que fica no Colorado, perto das famosas Montanhas Rochosas. O jogador é levado para o Natal de 1995, onde a jovem Kathy Flannery é encontrada inconsciente na floresta, após um suposto ataque de um urso. Em seguida, outra jovem, chamada Emma Rowland, também desaparece, deixando o colega Matthew Williams em meio aos mistérios do desaparecimento, e dos segredos da cidade.
Diferente de games que poderiam ter a mesma proposta, como Resident Evil ou Silent Hill, por aqui o jogador ganha uma semana de tempo para explorar a cidade e os locais rurais para tentar resolver o mistério, conversando com moradores e explorando o local, em um game que oferece até três finais. Shenmue, apesar de ter um limite de tempo bem mais longo, também dá um limite de dias para o jogador concluir sua história. Tudo bem que em Shenmue são cinco meses, mas ainda assim é um limite.
Lembrando também de Majora’s Mask, o Zelda que te dá três dias para salvar Termina, embora seja possível manipular o tempo por aqui.
O game bebe da fonte survival horror ao oferecer ao jogador o famoso “controle tanque” da época, sistema de combate e elementos QTE. O jogo tem ciclo climático e NPCs que contam com rotinas individuais, tal como visto em Shenmue ou Majora’s.
O jogador ainda pode dormir, para salvar o game, comer no comércio local e ainda abastecer seu veículo. Além de ter acesso a um celular para telefonar para pessoas e negócios da cidade, outro recurso visto no game de Dreamcast, com a diferença que, por ser datado em 1986, os telefonema são feitos em um orelhão.
O jogador tem acesso a um Fusca e um barco para se movimentar pela cidade rapidamente. Matthew pode comer nos comnchonetes locais e deve manter seu carro abastecido. O personagem também pode usar seu celular para ligar para outros personagens e certos negócios na cidade.
Mizzurna Falls foi publicado pela Human Entertainment, a mesma de Clock Tower. E é considerado por quem o jogou com uma homenagem a Twin Peaks. Mas, infelizmente, o game nunca saiu do Japão, não sendo também localizado de forma oficial. Entretanto, desde 2016, quando o jogo foi traduzido para o inglês, a comunidade tem trabalhado para localizar o game, permitindo que o ocidente tenha acesso a um game que pode ser considerado histórico, pelas ideias que, se hoje são comuns, eram mais distantes no final dos anos 90.
