Sound Test Arkade Faixa 16 – José Gonzáles / Red Dead Redemption (Far Away)
Uma música, para fazer história, basta ser tocada uma vez. E hoje vamos conversar sobre Far Away, a pérola especial que compõe o excelente pacote de Red Dead Redemption, um dos melhores jogos já produzidos pela Rockstar em sua rica história.
O Jogo
Lançado em 2010 para Playstation 3 e Xbox 360, a continuação de Red Dead Revolver (PS2) apresentava uma variação da engine RAGE, que fez muito sucesso em L.A. Noire, e principalmente, em GTA IV. O contexto de mundo aberto, já comum nos mundos dos games nesta época, deixou as cidades de canto, em troca de vilarejos e estradas do Velho Oeste em um game que, se não é considerado o melhor da Rockstar, pelo menos representa a excelência do estúdio na concepção de um game.
Oferecendo dois “cenários” macros, com o Velho Oeste dos Estados Unidos e uma parte do México, o jogo conta a história de John Marston de maneira primorosa, sensível e crua, o que faz dele um game obrigatório da geração passada, por contar com todos os elementos dignos de aplausos, das missões principais até as secundárias. Tanto é que o game sempre figura nas listas “continuações que queremos ver” mundo afora.
O Cantor
Sim, Bill Elm e Woody Jackson foram os responsáveis pela trilha de Red Dead Redemption, e fizeram um ótimo trabalho. Mas hoje o nosso foco é falar apenas de um momento especial do game, e quem fez as honras de cantar a nossa viagem ao México foi o sueco José Gonzáles.
Membro da banda de folk Junip, González estreou no cenário da música em 2003, com um single de duas faixas. Joakim Gävert, um grande executivo na Imperial Records, gravadora que fica na Suécia, trouxe o cantor para a sua linha de artistas, com o album de estreia, Veneer, sendo lançado no mesmo ano do single.
Sua carreira tem tudo a ver com a música que iremos falar mais para a frente, pois sua preferência músical sempre foi tocar músicas com solos de violão com um vocal bem suave e melódico. Como influências, Gonzáles já fez versões acústicas de Heartbeats, da banda conterrânea The Knife, The Ghost of Tom Joad de Bruce Springsteen e Love Will Tear Us Apart, de Joy Division, entre outras.
O cantor tem um prêmio da European Border Breakers Award, em evento que reconhece anualmente dez artistas emergentes ou grupos que fazem sucesso além de seus próprios países de origem com um álbum lançado em um intervalo de um ano. O prêmio foi entregue em 2007.
A música
A trilha sonora de Red Dead Redemption é uma das muitas qualidades do game. Bill Elm e Woody Jackson fizeram um ótimo trabalho, utilizando tudo o que todos os filmes de Velho Oeste já usaram, mas oferecendo estes elementos nos momentos certos: à noite, silêncio; nas cavalgadas, trilhas “de viagem” e nos combates, toda a tensão dos filmes de Clint Eastwood estão lá.
Mas, com absoluta certeza, o ponto máximo do game para muitos jogadores (eu, incluso) é quando John Marston avança em sua jornada rumo ao México. É nesta hora, em uma distante viagem pelo deserto do novo local, que um violão começa a tocar e ouvimos a única canção tocada do game, que seria interpretada apenas naquela vez.
Far Away é ao mesmo tempo, grandiosa e suave. É impressionante o que apenas um violão pode fazer com uma música. Toda a emoção do momento, de uma parte importante da vida de uma pessoa rumo ao desconhecido (e selvagem) México é apresentada ao jogador em uma canção que faz com que todos reflitam com o que foi vivido por Marston até o momento e o que lhe aguardará no futuro.
E tudo isso com apenas uma música. Sem custscenes nem outro recurso, o jogo dá ao jogador o controle da cavalgada, o deixando ainda mais próximo do protagonista e da canção, em uma conexão que ajuda e muito a selar a conexão entre jogador e personagem, numa jogada de gênio da Rockstar e de todos os envolvidos.
A música tem “poderes especiais”, ela pode gerar muita coisa com uma orquestra ou apenas com um violão. Red Dead Redemption é um dos clássicos de uma rica história dos games por muitos fatores, mas com certeza, Far Away é um dos elementos mais importantes, pois prova que não é preciso muito para fazer algo grandioso, da música em si até o game como um todo.