Sound Test Arkade Faixa 3 – Michiru Yamane / Castlevania: Symphony of the Night
Hoje é a vez das mulheres! E é celebrando a diversidade, que traremos toda a belíssima heterogeneidade de ritmos criada por Michiru Yamane, no clássico Castlevania: Symphony of the Night.
Tradicionalmente, o cinema usou e abusou da música clássica em seus famosos filmes sobre vampiros, como o Drácula, de Bram Stoker, por exemplo. E nos videogames, é claro, esta também foi uma fonte de inspiração.
Contudo, na provavelmente mais famosa séria de videogames sobre vampiros, uma mulher combinou esta inspiração com os mais diversos gêneros musicais, e criou uma vanguardista trilha, que por si só, inspirou milhares de jogadores na árdua tarefa de combater o Drácula.
E para embarcar neste clima de caçada aos vampiros, pegue alho, água benta… não, espera. Só dê o play no link abaixo e — seguindo a sugestão do usuário “BelmondGoncalo” — conheça um pouco mais sobre a épica trilha sonora de Castlevania: Symphony of the Night.
O Jogo
Criada e publicada pela Konami, a série Castlevania teve seu primeiro lançamento em 1986, com o jogo que deu nome a série sendo lançado para o popular NES (ou o Nintendinho, para os íntimos). E rapidamente se tornou no carro-chefe da empresa japonesa.
Após diversos lançamentos, em 1997 chegou às prateleiras o nosso objeto da coluna de hoje. Castlevania: Symphony of the Night manteve o padrão dos jogos anteriores ao utilizar uma mecânica de jogo 2D em side-scrolling, tradicional dos jogos de plataforma. No entanto, SotN tinha uma boa dose de RPG em uma jogabilidade não linear.
Pela primeira vez na série, não tínhamos um personagem integrante da família Belmont, os famosos caçadores de vampiros do universo de Castlevania, e, consequentemente, era o primeiro que não utilizava um chicote (o lendário Vampire Killer) como arma.
Em SotN, o personagem principal era Alucard, que, tal qual os Belmonts, também tinha suas razões para ir atrás do Drácula (lendo o nome dele de trás para frente já é possível ter uma ideia do porquê). Alucard, além de utilizar várias armar diferentes, ainda tinha o poder de mudar sua formar, podendo se transmutar em lobo, morcego ou até mesmo em neblina.
O jogo é o primeiro da série a trazer grandes mudanças. Principalmente por todos os elementos de RPG que ele trouxe. Alucard tinha atributos alteráveis, como Força, Inteligência e Sorte, além de HP e MP para medir a energia e magia do personagem. Outra inovação era o mapa do castelo do Drácula, que tinha todas as suas áreas completamente interligadas.
E uma inovação estética, porém que chamava muita atenção eram os diálogos dublados, que traziam toda uma imersão para a narrativa. Curiosamente, estes diálogos tiveram alguns problemas de localização para inglês na versão ocidental, o que gerou alguns resultados um tanto estranhos.
A jogabilidade clássica com inovações bem aplicadas, a narrativa, os diálogos dublados, e, é claro a trilha sonora marcante, fizeram com que Castlevania: Symphony of the Night, seja, para muitos, o melhor jogo da série.
A Compositora
A japonesa Michiru Yamane é a responsável por toda a trilha sonora deste clássico. Graduada em música com ênfase em piano, Michiru foi contratada e assinou seu primeiro trabalho na Konami em 1987, quando tinha 24 anos, no jogo Nemesis 3: The Eve of Destruction.
Após participar da composição de vários jogos da empresa, Michiru Yamane teve seu primeiro contato com a série no jogo Castlevania: Bloodlines, do Mega Drive, em 1994. Como reconhecimento pelo grande trabalho feito neste lançamento, a compositora ganhou a responsabilidade de também compor sua sequência, o SotN, além de vários outros jogos da série.
Em entrevista concedida a Game Developer Magazine em 2006, Michiru revelou que, apesar dos seus estudos se focaram em música clássica, sua gênero musical favorito é o Heavy Metal.
“Eu gosto de Dream Theater. Amaria poder colaborar em algum álbum deles no futuro, mas, eu não tenho muita esperança de que isso possa acontecer”, revelou a compositora. E isso talvez explique a veia pesada que algumas músicas do Symphony of the Night carregam.
Mas não é só de Castlevania que a carreira de Michiru Yamane foi baseada. Ela compôs a trilha do também clássico Contra: Hard Corps, ao lado do, até então pouco conhecido, Akira Yamaoka (que alguns anos depois tornaria-se o grande nome da série Silent Hill).
E falando em parcerias famosas, no Castlevania: Portrait of Ruin, do Nintendo DS, Michiru Yamane trabalharia ao lado de Yuzo Koshiro, nosso homenageado na primeira Sound Test Arkade.
Até que em 2008, após compor a trilha de Castlevania: The Order of Ecclesia, Michiru Yamane deixou a Konami numa parceria de mais de duas décadas. A japonesa decidiu seguir a carreira de compositora independente. E desde então, dentre vários trabalhos teve destaque participando das trilhas de Skullgirls e Super Smash Bros.
Mesmo fora da Konami, Michiru não abandonou seu trabalho mais famoso. Desde 2010, em raras ocasiões, ela participa de concertos onde toca suas mais famosas criações. E o resultado, são coisas como o Castlevania – The Concert, na Suécia, que ela participou em 2010.
Tente não se arrepiar:
https://www.youtube.com/watch?v=_2iX7Le_GBI
A Trilha
Diversidade é a palavra chave aqui. Michiru Yamane foi capaz de abrir um leque gigante de possibilidades e não temeu ao passear pelos mais diversos estilos musicais. Acompanhando o level design do jogo, ela compôs uma trilha completamente diferente para cada área que você visita no castelo do Drácula.
Isso foi fundamental ao criar uma ambientação particular e totalmente nova a cada área que o jogador visita. Enquanto passa por uma área que remete à uma capela, a trilha é soturna, carregando pelo som denso de órgãos, sinos e uma batida grave. Já em uma área mais aberta, com muitos combates, a música ganha guitarras e uma bateria em alta cadência, inspirado nas bandas de Gothic Metal.
Durante as lutas contra os chefes, a trilha ganha ares épicos, com orquestrações grandiosas, e Michiru ousou até em incluir elementos da Tocata e Fuga em Ré Menor, a obra-prima do compositor clássico Johann Sebastian Bach. Tudo executado com extrema maestria.
Durante a aventura em Castlevania: Symphony of the Night, é impossível não se pegar acompanhando, nem que seja batendo o pé, alguma música do jogo. Até mesmo quando o jogo é finalizado, o jogador é surpreendido por mais uma música durante os créditos. I Am The Wind é uma típica balada cantada por Cynthia Harrell, que ficaria muito conhecida alguns anos tempos por cantar outro grande hit da Konami, a música tema de Metal Gear Solid 3: Snake Eater.
E esta foi a terceira faixa da Sound Test Arkade. Gostaram? Faltou algo? Comentem abaixo e vamos conversar sobre esta bela arte que são as trilhas sonoras nos videogames. E, é claro, deixe sua sugestão para a próxima edição!