SP Trip: Bon Jovi se redime e faz show histórico e arrebatador em São Paulo
Quando saí do show do Bon Jovi no Rock in Rio, conversando com alguns colegas, a impressão que tivemos era quase que unânime: tirando o fato de a banda ter envelhecido, o que inclui a voz de Jon Bon Jovi, o show foi apenas “ok”. Os fãs saíram satisfeitos, a banda fez o seu melhor, mas não tivemos nada de excepcional, o que me trouxe para o Allianz Parque esperando algo semelhante. “Quebrei a cara”. E que bom que quebrei a cara.
Em São Paulo, tivemos um show totalmente diferente do que foi visto no Rio de Janeiro. Tudo bem, as músicas continuaram a ser executadas a tons menores e Livin on a Prayer seguiu sendo cantada sem a potência dos anos 80, mas isso não significou absolutamente nada para os 40 mil presentes no estádio. Bon Jovi prometeu: “Viram a gente ontem na TV? Hoje será melhor”, e cumpriu. Correu por todos os cantos, desceu do palco, tirou selfie com fã, subiu garota para dançar Bed of Roses com ele e demonstrou uma energia impressionante, não vista na Cidade do Rock.
Arrebatadora, a banda seguiu sua proposta de mesclar músicas atuais de seu This House is not For Sale com seus clássicos, e todas as músicas pulsavam em uma relação explosiva de banda e público, independente do sucesso desta ou daquela música. Sabe os inúmeros comentários, incluindo os meus, sobre a voz de Jon Bon Jovi? Esqueça. Em São Paulo, o público “ajudava” chegando ao ponto de, em alguns momentos, se fazer “desnecessária” a voz do vocalista. Apenas seu sorrisão no telão era suficiente.
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Sobre as músicas, o setlist também foi além do que foi executado no Rock in Rio. Always, que não foi interpretada por lá, mesmo com inúmeros pedidos e até um ensaio pelos fãs na plateia, foi tocada e cantada a plenos pulmões, com celulares ligados e iluminando ainda mais o local. Someday I’ll Be Saturday Night, que foi executada de forma acústica no Rio, em São Paulo foi plugada e foi mais um grande momento do show. Bed of Roses, com a já mencionada presença de fã no palco, que andou com Bon Jovi pelo palco e ainda dançou com ele, foi o momento de maior histeria (e ódio gratuito das fãs que não tiveram a mesma chance, faz parte…), e These Days foi a redenção definitiva de um show que surpreendeu de todas as formas possíveis.
Era notório também, a expressão de alegria e emoção de todos os músicos, incluindo Jon, que encheu os olhos de lágrimas durante o bis, ao ver a reação da plateia. O público já o aguardava de uma maneira impressionante, fazendo ola e coreografando luz com celular, e foi fundamental para que a noite de ontem fosse histórica. O clima no Allianz Parque era de uma noite antológica, em que não foi executado apenas um show, e sim parte da história da música fosse escrita. Se o Bon Jovi não conta mais com a potência da voz de Jon e o carisma de Richie Sambora, a banda ainda terá a sua disposição uma base imensa de fãs dispostas a “ajudar” no show e uma aura digna de lendas do rock, que, ignorando seu estado atual e independente de qualquer coisa, conseguem um show inesquecível.
A noite de ontem foi histórica. A banda apresentou seus grandes sucessos de uma forma avassaladora, empolgante e única. Os fãs colaboraram levando muita energia para o show, e os 40 mil presentes ontem no terceiro dia de SP Trip saíram com a sensação de que raramente terão uma noite musical como a que tiveram no Allianz Parque. O Bon Jovi não é mais o mesmo, porém a banda atual mostrou que pode sim continuar o legado iniciado três décadas atrás
O SP Trip continua hoje (24), com apresentações de Def Lepard e Aerosmith.