#TBTArkade – A expectativa por Enter the Matrix, na EGM de abril de 2003

1 de agosto de 2019
#TBTArkade - A expectativa por Enter the Matrix, na EGM de abril de 2003

Em 2003, uma das maiores expectativas no mundo do entretenimento se chamava Matrix. O primeiro filme, que estreou em 1999, trouxe uma maneira bem diferente para a sua sequência. Foram três produtos, quase que simultâneos, que chegaram em 2003, para a alegria dos fãs.

Em maio, Matrix Reloaded foi a aguardada sequência, que chegaria quatro anos depois e enfim daria sequência a saga de Neo. E, seis meses depois, em novembro, Matrix Revolutions chegou para colocar um ponto final na história. Mas, havia outro produto, também cheio de expectativas: Enter the Matrix.

O game, que chegou junto com Matrix Reloaded, tinha razões para gerar muitas expectativas. Além da participação direta dos Irmãos Wachowski, também seria um capítulo canônico da saga. A EGM #13, de abril de 2003 (a mesma que já foi pauta da coluna, sobre as marcas de consoles no país) falou sobre o game, e o que os jogadores poderiam esperar dele, com suas versões para Playstation 2, Xbox, GameCube, e PC.

“É um terceiro filme”

#TBTArkade - A expectativa por Enter the Matrix, na EGM de abril de 2003

Logo de cara, David Perry, presidente da Shiny, o estúdio que desenvolveu o game, mostra suas ambições para a reportagem, assinada por Renato Viliegas. Havia muito otimismo, devido a participação dos irmãos Wachowski. “Eles estão 100% envolvidos com nosso trabalho, eles escreveram o roteiro, dirigiram as cenas, participaram da edição final… o game é mais uma parte do projeto deles”.

A ideia era a de fazer um capítulo extra da saga Matrix. Foi explicado que Neo ficou de fora — ele teria um game próprio anos depois — por dois motivos. O primeiro era pelo fato de que, no fim do primeiro filme, Neo se tornou uma espécie de deus, e os produtores queriam colocar personagens vulneráveis para serem controlados. E o segundo, tem relação com o tal complemento.

Você controla, então, Niobe e Ghost. Eles cuidam da Logos, o mais rápido Overcraft dos rebeldes. Suas missões no game são fundamentais para o sucesso da rebelião. A ideia aqui era a de fazer o jogador se sentir parte do filme, “ajudando Neo” em paralelo, enquanto ele faz a parte dele no cinema. Claramente não deu muito certo, com a recepção que o game teve.

E havia total otimismo em todas as falas, em todas as apresentações. Como a equipe do filme participava diretamente do game, havia a expectativa de que Enter the Matrix fosse um dos maiores lançamentos de sua geração. Inclusive por causa do fenômeno cultural que a Matrix era em sua época. Era a promessa, na matéria, de trinta formas diferentes de correr, além da trilha sonora feita pela mesma equipe do filme.

O sonho de todo fã?

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Um fator que a equipe queria introduzir com força no game era o combate. Como Matrix significa desviar de balas, subir pelas paredes e trocar porrada, o mesmo responsável pelas cenas de luta do filme, se fez presente no game. Wo Ping, um dos grandes nomes do cinema de Hong Kong, ajudou a desenvolver os combates.

A matéria explica que um grupo de fãs teve acesso a uma demonstração, na época, e a lista de pedidos continha “armas, kung fu, mais armas, subir nas paredes, desviar de balas…” Mas, havia mais uma promessa: a de hackear a Matrix. Na verdade, o “hackear” era apenas um sistema de linhas de código que, em caráter de minigame, desbloqueava funções e cheats do game. Simples, mas suficiente para qualquer fã de Matrix curtir aqueles caracteres verdes correndo pela tela.

Também havia a promessa de guiar carros em cenas de perseguição, controlar hovercrafts, combater agentes e, em certos momentos, fugir, até chegar no telefone mais próximo. Além de que, jogando com Ghost ou Naomi, ainda há a possibilidade de curtir duas histórias levemente diferentes. Além da promessa, claro, de que “apenas quem jogou Enter the Matrix terá acesso à história completa”.

Falha na Matrix

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Entretanto, mesmo com tanta expectativa e com tantas promessas, Enter the Matrix não foi, nem de longe, o fenômeno que prometia ser. Em tempos de Internet escassa, imagens em revistas era o mais acessível neste sentido, e nem todos poderiam ver trailers ou gameplays. Isso ajudou a criar uma expectativa ainda maior sobre o game, que chegou recheado de críticas e problemas.

A falta de Neo, com certeza, desagradou a muita gente. Tanto que Path of Neo chegou dois anos depois, focando no protagonista da franquia. As missões de carro também não funcionaram bem, além dos controles duros e desengonçados.

O jogo em si não é de todo ruim. De fato, a imersão no universo de Matrix da maneira a qual foi apresentada é interessante. Mas o game, no fim, acabou entrando na lista das decepções. Foi recheado de promessas, usou da construção do que hoje a gente conhece como hype, anos antes das redes sociais ampliarem este potencial, e tentou voar mais alto do que realmente poderia ir.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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