Crítica: The Walking Dead (9ª Temporada, Ep. 1) “A New Beginning”
As últimas temporadas de The Walking Dead resumiram-se a repetição, roteiros fracos e soluções convenientes que só serviam para levar a história adiante. Inegavelmente estamos diante de um novo The Walking Dead, mas só o tempo dirá se isso é uma coisa boa ou ruim.
Na 9ª temporada a série vai passar por um ‘soft reboot’, pois temos uma nova showrunner no comando, Angela Kang, que substitui o agora ‘supervisor geral da franquia’ Scott M. Gimple.
Outro fato que inegavelmente muda o status quo da série é a saída de Andrew Lincoln após 9 anos interpretando o personagem Rick Grimes. Especula-se que sua despedida aconteça antes da mid-season finale, ou seja, até o episódio 8 dessa temporada.
É claro que apesar do desgaste The Walking Dead ainda conta com uma boa audiência. Mesmo que consideravelmente menor do que já teve outrora, e alguns bons episódios esporádicos. Vale ressaltar que nos últimos 2 anos alguns desses bons episódios foram escritos por Angela Kang que agora tem a chance de criar uma narrativa mais coesa e interessante.
Um novo começo
“A New Beginning” é escrito por ela e dirigido por Greg Nicotero. E apresenta um começo lento e cheio de contextualizações após o salto temporal que acontece dentro da história. Todo o episódio, de aproximadamente uma hora, é arrastado e não apresenta nenhuma novidade interessante. Todas as comunidades que anteriormente conflitavam de alguma forma agora trabalham juntas. E isso nos é apresentado por meio de ações ‘cotidianas’; – buscar suprimentos, recursos que possam otimizar a sociedade que estão querendo construir, etc.
Os primeiros 20 minutos servem para isso. Mostrar os habitantes de Alexandria, Hilltop, Santuário, Reino e Oceanside trabalhando juntos e coexistindo em aparente paz. Desde o último capítulo da temporada passada há um salto temporal de aproximadamente dois anos, pois o bebê de Maggie já nasceu e Judith, filha de Rick, também cresceu bastante. Tudo que é mostrado em termos de cenário, aparência dos personagens e estrutura física das comunidades serve para evidenciar essa passagem de tempo.
O roteiro também força um pouco a mão ao prenunciar que essa temporada vai ter um tom mais ‘político’ no qual os protagonistas vão discordar sobre como agir naquela nova sociedade. Isso é pincelado um pouco quando vemos Maggie e Daryl hesitantes em continuar ajudando os Salvadores, fato que Rick acha imprescindível para reconstruir o mundo de forma justa sem focar em conflitos do passado.
Democracia e poder
O episódio também faz um paralelo interessante entre democracia e o poder de um líder com uma decisão inquestionável. Rick, na temporada passada, decidiu prender o antagonista, Negan. Ao invés de matá-lo a fim de restabelecer uma opção de punição não tão extrema.
Maggie, eleita democraticamente como líder de Hilltop, decide que um personagem deve morrer por conspirar contra ela. Claro que há um contexto para essa decisão e ela não é pintada como uma tirana, mas são nesses pequenos detalhes que vemos uma clara diferença ideológica entre os ‘heróis’.
Esse capítulo serve como base para uma história. Mas não se pode transpor o ritmo lento dos quadrinhos. Especialmente nesse arco, para a televisão porque as mídias são muito diferentes. A direção do Nicotero não compromete. Tirando, assim, a escolha da escuridão em demasia, e o roteiro da Angela Kang foi igualmente competente.
Se “A New Beginning” estivesse a prova passaria em todos os quesitos. Pois não há nenhum diálogo fora de lugar, nenhuma cena mal filmada, etc. Porém, apesar de tecnicamente tudo estar ‘redondo’, faltou um tempero. Algo que realmente mostre que The Walking Dead pode e quer ser diferente.
A estreia da 9ª temporada não arriscou e por isso não encantou.