Tribuna Arkade: OMS categoriza vício por video games como distúrbio e desenvolvedores respondem
A Organização Mundial da Saúde categorizou oficialmente o vício por video games como um transtorno mental em sua Classificação Internacional de Doenças, a CID-11. A organização categoriza o vídeo como transtorno se seguir três padrões de comportamento por parte de uma mesma pessoa:
- A pessoa deve apresentar falta de controle sobre seu tempo jogando video games, seja em aumento de frequência ou incapacidade de parar.
- Video Games devem ser prioridade no dia-a-dia de uma pessoa, causando efeitos negativos em suas outras atividades diárias.
- O vício deve ainda ser presente apesar de consequências negativas na vida de uma pessoa.
A Organização Mundial da Saúde deixa claro, no entanto que o diagnóstico desse tipo de distúrbio só pode ser feito através de profissionais qualificados na área da saúde. O Dr. Vladimir Poznyak, membro do Departamento de Doenças Mentais e Abuso de Substâncias da Organização comentou inclusive que o distúrbio de video games não é uma ocorrência comum, em suas palavras: “Milhões de gamers ao redor do mundo, até mesmo quando se trata de quem joga intensamente (profissionais) podem nunca serem qualificados como pessoas que forem de desordem de games”.
Essa decisão gerou objeção vinda de vários grupos, desde médicos e científicos e até mesmo associações que trabalham diretamente com games, levando a Associação de Softwares de Entretenimento a lançar uma declaração contra essa decisão da OMS, em conjunto com muitos outros grupos ao redor do mundo.
A declaração é assinada pela ESA, a ESA do Canadá, a Federação Européia de Desenvolvedores de Games, a Interactive Entertainment South Africa, a Interactive Games & Entertainment Association, a Associação da Indústria de Games da Coréia, a Federação de Softwares Interativos da Europa e até mesmo pela ABRAGAMES aqui do Brasil.
A declaração diz:
“Video games de todos os gêneros, dispositivos e plataformas são apreciados de forma segura e sensível por mais de 2 bilhões de pessoas no mundo todo, com o valor educacional, terapêutico e recreacional dos games sendo bem-fundado e largamente reconhecido. Dessa forma, nós estamos preocupados por ainda ver a ‘desordem de games’ contida na última versão da CID-11 da OMS apesar de toda a oposição significante das comunidades médicas e científicas. As evidências para essa inclusão permanecem altamente contestáveis e inconclusivas. Nós esperamos que a OMS reconsidere as crescentes evidências (positivas) postas em sua frente antes de propor a inclusão da ‘desordem de games’ na versão final da CID-11 a ser endossada no próximo ano. Nós entendemos que nossa indústria e nossos apoiadores ao redor do mundo continuarão a levantar suas vozes em oposição a esse movimento e urgirão que a OMS evite dar passos que possam ter implicações injustificadas para os sistemas nacionais de saúde ao redor de todo o mundo.
A OMS considera que o tempo mínimo de jogatina que já pode ser considerado distúrbio é o de 20 horas semanais, o que dá menos de 3 horas diárias, o que convenhamos, não é muito tempo. Se for mesmo para aprovada e sancionada, obviamente esse distúrbio precisa ser melhor estudado para ser devidamente categorizado. Do contrário o diagnóstico de “desordem de games” fará mais mal do que bem para as pessoas.
Por enquanto, a CID-11 continua em desenvolvimento, tendo até o ano que vem para ser revista e validada. Qual é a sua opinião sobre esse caso? Concorda com a classificação ou não? É óbvio que qualquer tipo de vício, não só por video games, mas por qualquer outra atividade pode acabar se desenvolvendo em um tipo de distúrbio, e que é preciso mais estudo e ouvir os dois lados antes de se tomar qualquer decisão. Deixe aí seu comentário sobre esse assunto!
Se quiser se aprofundar mais sobre o assunto, CLIQUE AQUI para ver a classificação do distúrbio de games na CID-11. Ou CLIQUE AQUI para conferir o documento inteiro.
(Via: Gameinformer)