Tribuna Arkade: as polêmicas e mentiras nos bastidores de Aliens: Colonial Marines

16 de março de 2013

Tribuna Arkade: as polêmicas e mentiras nos bastidores de Aliens: Colonial Marines

Como você já deve estar sabendo, Aliens: Colonial Marines está longe de ser um bom jogo. Em nossa análise completa do game, mostramos como ele tinha potencial para ser uma grande experiência, que o fizesse merecer o título de sequência oficial ao cânone da franquia Aliens. Mas afinal, o que deu errado? De quem é a culpa? Confira a novela completa na sequência!

Tudo começou em 2006 quando a Sega conseguiu adquirir os direitos de Aliens – ao lado da 20th Century Fox – para fazer um jogo baseado na famosa franquia de filmes. Depois de algumas negociações, foi revelado que a desenvolvedora Gearbox Software iria trabalhar diretamente com a produção deste novo jogo.

Mais dois anos se passaram e, em 2008, o projeto recebeu o título Aliens: Colonial Marines. Até ai tudo bem, porém, de lá para cá muita coisa aconteceu, e algumas escolhas errôneas acabaram destruindo o potencial do game.

Tribuna Arkade: as polêmicas e mentiras nos bastidores de Aliens: Colonial Marines

Uma coisa que é possível notar logo na abertura do jogo é  a associação de quatro estúdios diferentes, sendo elas Gearbox Software, Timegate, Demiurge e Nerve Software. Opa, pera aí: por que temos o nome de tantas desenvolvedoras? Afinal de contas, quem realmente produziu Aliens: Colonial Marines e desperdiçou todo o potencial do game?

Isto desencadeou uma avalanche de rumores relacionados a estas produtoras, que apresentaram uma série de motivos que deixam claro porque Aliens: Colonial Marines estava fadado ao fracasso desde o começo de seu desenvolvimento.

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Bom, mas vamos por partes:

Longo desenvolvimento e muitos adiamentos

Aliens: Colonial Marines demorou seis anos para ser lançado, desde o anúncio feito pela Sega até seu lançamento, no mês passado. Apesar disso, parece que nem todo este tempo foi suficiente para salvar o game, que parece ter sido mal acabado.

É aí que um desenvolvedor envolvido nos primeiros estágios do Projeto Pecan (codinome de Aliens: Colonial Marines durante seu desenvolvimento) decidiu explicar tudo ao site Destructoid. De acordo com ele Aliens: Colonial Marines foi deixado de lado pela Gearbox, que preferiu favorecer outros projetos.

O desenvolvedor anônimo continuou dizendo que, nos anos de 2007 e 2008 ,muitas pessoas envolvidas em Aliens: Colonial Marines foram realocadas para desenvolver Borderlands, que foi subsequentemente lançado em outubro de 2009 e se tornou um grande sucesso.

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Mas a pobre administração de Randy Pitchford (CEO da Gearbox) não acaba aí. Durante os anos seguintes, Randy continuou movendo sua equipe para jogos mais importantes, como Borderlands 2 e outro jogo que foi um grande fracasso: Duke Nukem Forever.

Para piorar, parece que todo o dinheiro utilizado para financiar estes projetos era da Sega, que tinha a intenção de utilizar o dinheiro inteiramente para Aliens: Colonial Marines, e não para outros projetos.

Não demorou muito para a Sega suspeitar dos vários adiamentos que o game sofreu. Com medo de que a Gearbox não honrasse sua parte do contrato, ela decidiu fazer jogo duro e dar um ultimato para que o jogo fosse lançado logo de uma vez, ou medidas legais seriam tomadas. O que nos leva para o próximo ponto que fez de Aliens: Colonial Marines uma decepção tão grande.

Terceirizando os trabalhos

Para o jogo ser lançado rapidamente, a Gearbox decidiu contratar outras empresas para trabalhar no projeto, terceirizando o projeto para a nem tão conhecida TimeGate. A revelação desta terceirização apareceu primeiramente no site Reddit, onde um desenvolvedor anônimo revelou que o grande culpado era a Gearbox por má supervisão do projeto.

De acordo com ele, a Gearbox estava no controle, assinando embaixo de tudo que a TimeGate desenvolvia, independente se estava bem feito ou não. As coisas pioraram quando um executivo da TimeGate se mostrou publicamente dizendo que o desenvolvimento de Aliens: Colonial Marines foi feito horizontalmente, além de confirmar que o tal desenvolvedor anônimo que botou a boca no trombone realmente trabalha para TimeGate.

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Só para esclarecer, desenvolvimento horizontal é o termo utilizado para designar um projeto em que cada parte é produzida por todas as empresas envolvidas, sem atribuições especiais para cada produtora.

Isto comprova que a Gearbox não só terceirizou o projeto, mas também teve grande participação em sua supervisão e no controle de qualidade, dois elementos que Aliens: Colonial Marines ficou bem carente.

Mas o que cada empresa fez?

De acordo a um desenvolvedor anônimo da Gearbox, o projeto seria dividido da seguinte maneira: a TimeGate seria responsável pela a maior parte do modo campanha e a Gearbox ficaria responsável pelo multiplayer, enquanto a Demiurge e Nerve Software ficaram responsáveis pelos DLCs, já que Aliens: Colonial Marines já tinha quatro pacotes de conteúdo planejados antes mesmo de ser lançado

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Porém com o tempo passando, a Gearbox viu que o modo campanha estava demorando muito para ser feito pela TimeGate. Com a pressão da Sega e o pouco tempo disponível, a solução encontrada foi a pior possível: lançar o projeto do jeito que estava, com um roteiro que traz mais perguntas do que respostas e uma sequência final extremamente apressada e sem emoção.

Mentiras, mentiras e mais mentiras

Eis que temos o maior problema desta confusão inteira: as mentiras que Randy Pitchford mostrou em todos os grandes eventos onde Aliens: Colonial Marines foi apresentado.

Estas mentiras começam com a Inteligencia Artificial 100% dinâmica que (na teoria) seria o próximo passo grande passo para esta tecnologia. Os cenários ricamente detalhados também ficaram de fora da versão final do game, e os efeitos de iluminação que pareciam coisa de jogo next-gen também não deram as caras no game que chegou às prateleiras.

Tribuna Arkade: as polêmicas e mentiras nos bastidores de Aliens: Colonial Marines

Tudo bem que o objetivo de uma empresa nestes eventos é falar bem do jogo (e com certeza ninguém iria acreditar no jogo se ele fosse mal apresentado). Toda empresa dá uma exagerada aqui e ali para promover seu game, mas o problema é que, no caso de Aliens: Colonial Marines, as mentiras tomaram proporções absurdas.

A cereja deste bolo insípido foi a demo de gameplay de Aliens: Colonial Marines apresentada durante a E3 de 2011. Para ficar mais claro como ficou esta diferença, confira abaixo um vídeo comparativo que o site Videogamer fez, colocando lado a lado a demo da E3 2011 e a versão final do game. A diferença é gritante:

http://youtu.be/6lGXDM3LGnk

Som, iluminação dinâmica, animações dos inimigos, detalhes como sangue, corpos de xenomorphs que não somem quando morrem, inteligência artificial realmente inteligente… as diferenças são enormes, e fora isso, temos partes inteiras do jogo que foram completamente mudadas para facilitar o trabalho dos desenvolvedores.

O resultado é que, mesmo sendo um vídeo de 2 anos atrás, esta demo está muito superior ao jogo que foi lançado há algumas semanas. Ou seja, a Gearbox mentiu descaradamente para os jornalistas que estavam presentes, enganando também futuros investidores e claro, nós, consumidores, que acabaram “comprando gato por lebre”.

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Aliens: Colonial Marines pode ser considerado no máximo um jogo mediano, como foi dito em nossa análise:  ele não é “injogável” pois apesar de mal acabado e genérico, sua jogabilidade funciona.

Porém, dado todo o tempo de desenvolvimento (e a demo), é fato que  o game poderia (e merecia) ser muito melhor. Infelizmente, porém, as mentiras que rolaram nos bastidores condenaram o game desde o início de seu desenvolvimento, e quem pagou o pato por isso (além da Sega), fomos nós.

E agora?

Para dar fim a esta confusão e a este monte de boatos e acusações inconclusivas, a Gearbox afirmou que está investigando o caso e procurando por uma explicação. Já a TimeGate continua culpando a Gearbox pela má supervisão, enquanto a Sega se mantém calada para tirar o seu da reta.

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Independente das explicações dadas, é fato que o jogo já foi lançado e, infelizmente, deixa muito a desejar. Não se sabe se termos um esclarecimento satisfatório para este caso, mas nenhuma justificativa do mundo irá devolver nosso dinheiro ou  consertar todos os problemas do jogo.

Por hora, fica a lição: existem empresas (estúdios, produtoras  e distribuidoras) que só querem o nosso dinheiro para maximizar seus lucros, e farão o máximo possível para conseguir isso. A Gearbox é uma empresa respeitável por diversos motivos, mas esta polêmica de Aliens: Colonial Marines sem dúvida deixará uma mancha difícil de tirar em sua marca.

Então, antes de se empolgar muito com um game, não confie em tudo que uma empresa e seu departamento de marketing anunciam. E empresas, por favor, não mintam para seu próprio público.

E você, já jogou Aliens: Colonial Marines? Se sentiu enganado? O que acha de toda esta polêmica? Deixe sua opinião nos comentários!

Henrique Gonçalves

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