Paris Games Week: Sony aposta na realidade virtual com muitos anúncios para o PSVR
Como tem acontecido nas últimas participações públicas da Sony em eventos da indústria dos games, o PSVR, dispositivo de realidade virtual do Playstation 4, teve um grande destaque, ocupando um tempo considerável não só da conferência principal, como também do “esquenta”, realizado com um clima mais intimista e informal uma hora antes.
Como não poderia deixar de ser, foram muitos os anúncios de jogos e expansões voltados à experiência. Vamos comentar um pouco sobre alguns deles, mas para começo de conversa, o vídeo abaixo busca criar uma grande catarse em torno do recurso.
Veja só:
Não a toa, a apresentação começa usando duas das marcas mais consagradas do mercado como carro-chefe da demonstração: Ace Combat 7 e Resident Evil 7 (no caso da PGW, o destaque foi para a DLC Not a Hero), ambos games que não são exclusivos do console, nem mesmo em VR, mas que deixam claro que há um investimento pesado da gigante japonesa para que tenham o recurso de realidade virtual como um grande diferencial.
Outra grande franquia usada como vitrine é o já conhecido game de pesca de Final Fantasy XV. Abaixo, trailers específicos de dois primeiros exemplos:
https://youtu.be/VW59fI8_Ad0
Não há dúvidas que um simulador de combate aéreo e um jogo de terror (ou, no caso, uma DLC de ação de um jogo que já oferecia suporrte ao VR) tem grande potencial imersivo e, de fato, podem ganhar muito quando o recurso é bem empregado. Fãs de RE7 já puderam experimentar e as respostas no geral são bastante positivas. Já quanto ao Ace Combat 7, só podemos especular por enquanto, mas quando falamos de VR, é inevitável pensar nas possibilidades quanto ao recurso de voar, fazer manobras, entrar em confrontos e tudo mais.
Além desses games, há um claro incentivo ao desenvolvimento de jogos exclusivos para o recurso, ou que ao menos sejam compatíveis com ele. Já vimos isso, por exemplo, no recente Gran Turismo Sport, cuja recepção da crítica e do público não foi lá a mais empolgada.
No caso da conferência na Paris Games Week, porém, há ótimas promessas, mesmo que a grande maioria não seja considerada produções de alto orçamento. Vejamos alguns exemplos mais de perto:
Stifled
Curiosamente, Stifled chega com uma proposta muito interessante: trabalhar com a sensorialidade para além da visão com o recurso de realidade virtual. É inevitável, ao assistir o trailer, não pensar em Demolidor (ou Daredevil para os mais puristas) e nas formas gráficas como suas percepções do mundo foram retratadas nas diferentes mídias. É uma proposta original e com grande potencial imersivo, que obviamente dependerá do desenvolvimento narrativo e da jogabilidade para se provar realmente inventiva. Aguardemos.
Blood & Truth
Com uma proposta um pouco mais próxima do que se esperava desde que as primeiras notícias sobre realidade virtual nos jogos foram surgindo, Blood & Truth chega com uma ideia realista de tiro em primeira pessoa e ação desenfreada. Tem um visual interessante — ainda que não necessariamente marcante se comparado a outros games convencionais FPS — e parece não economizar nos eventos cinematográficos no melhor estilo John Wick e Busca Implacável. Tem potencial, mas precisa se provar algo diferente do que já vimos dezenas de vezes.
Dead Hungry
Há duas grandes tendências no mercado de entretenimento hoje: zumbis e culinária. Nada mais justo que um game que tente misturar as duas coisas, certo? A proposta de Dead Hungry é o jogador incorporar um cozinheiro, digamos, especializado em alimentação de desmortos. Em outras palavras, os desafios parecem se focar em produzir, da melhor e mais rápida forma possível, diferentes pratos para uma horda de mortos-vivos.
Se o visual parece ter saído do Playstation 2, a ideia pode ser divertida, considerando que Overcooked pode (e deve) ser uma referência positiva para algo assim. A dúvida é o quanto o projeto ganha ao ser direcionado à realidade virtual. Por enquanto, o jogo merece ser acompanhado, mas o hype ainda precisa de mais detalhes para crescer.
Star Child
Talvez um dos games mais belos anunciados nesse pacote VR, Star Child também é aquele que mais dúvidas trouxe sobre do que se trata exatamente. Afinal, com um trailer cinemático, não deu pra sacar qual é a proposta de jogabilidade e como a realidade virtual pode somar à experiência do jogador.
Tudo o que podemos inferir é um mundo fantástico, que mistura tecnologia de ponta a algo místico, que deve apontar para uma jornada mais pessoal e, provavelmente, mais emotiva de envolvimento com a criança que deve protagonizar o game. Tem potencial, mas mostrou pouco para se tornar esperado pelo público.
Eden Tomorrow
Tudo bem que Star Child tenha mostrado muito pouco do seu potencial, mas certamente funcionou muito mais do que Eden Tomorrow, que trouxe um trailer que mais parece uma cena de ação preguiçosa de filmes B, com cortes rápidos, planos desconexos e textos que prometem algo grandioso. De prático, dá pra ter uma ideia de que o game se passa em um mundo inóspito e hostil. Prometendo uma “odisseia épica”, o game deve chegar na primavera americana (ou seja segundo trimestre do ano que vem).
Rec Room
Já disponível para Oculus Rift e HTC Vive, Rec Room é uma proposta de um party game, cuja ideia é a de juntar a família em atividades descompromissadas, tal como paintball, golfe, charadas e uma série de mini-games criados para aproveitar os recursos de interatividade e sociabilidade da realidade virtual.
Não a toa, mesmo com um aspecto diferenciado, é possível facilmente se lembrar do Miiverse da Nintendo e de sua diversidade de avatares, com direito a skins temáticas. Talvez esteja mais para uma demonstração de tecnologia do que para um jogo propriamente dito, algo que poderia ter surgido como adicional padrão de fábrica ao dispositivo da Sony. De qualquer forma, tem seu público.
Apex Construct
Ao que tudo indica, Apex Construct mostra um bom potencial enquanto experiência imersiva em primeira pessoa em um mundo pós-apocalíptico que parece misturar ReCore e Transformers, com um toque narrativo de Horizon Zero Dawn.
Em termos de história, o jogador deve assumir o papel do último humano de uma terra devastada que se encontra no meio de uma guerra de facções de robôs e, ao mesmo tempo, tenta entender os motivos da derrocada da vida orgânica no planeta. Não tão original narrativamente, portanto, mas com um clima que pode trazer algo novo e profundo. Acompanhemos.
League of War VR Arena
Em termos objetivos, League of War é um jogo de arena, simulando um campo de batalha. Em primeira pessoa, o jogador, ainda que veja a ação a partir de seu próprio ponto de vista como se fosse um tabuleiro, fica distante da ação, organizando suas unidades e trabalhando estrategicamente para superar o adversário. Em palavras mais simples, um game de estratégia em primeira pessoa, cujas unidades são veículos de combate dos mais variados. O quanto o game vale a pena para o PSVR, fica difícil dimensionar só pela demonstração em vídeo.
Sprint Vector
Se tem algo que fica claro no vídeo exibido na PGW é que Sprint Vector vai colocar a prova a frequência de quadros e o poder de processamento do sistema, já que a velocidade com que as corridas acontecem parece insana e com muito potencial para deixar qualquer um desorientado depois de 10 minutinhos jogando. Um show de cores e luzes e muita adrenalina podem fazer do jogo uma grande surpresa… caso não faça os jogadores ficarem enjoados de diferentes modos.
Ultrawings
Com um nome que mais parece série infantil de televisão a cabo e um visual que se mostra um pouco distante do potencial da geração atual, Ultrawings é daqueles games que podem surpreender caso tenham uma mecânica interessante e um nível alto de diversão. Contudo, a partir dessa demonstração, pouco parece empolgar enquanto simulador de voo, e mesmo como jogo casual ele fica bem distante de empolgar com desafios de precisão de pouso ou de cumprimento de circuito. Tomara que ele tenha mais a oferecer.
Megalith
Um trailer misterioso, mas muito vago é tudo o vimos de Megalith na PGW. A apresentação da criatura tem estilo, mas por si só fala pouco do game, a não ser para dar uma ideia do visual que, se não é feio, também não parece brilhante. O plano final nos coloca na pele da besta e deixa claro que é o seu ponto de vista que o jogador irá assumir. Não fica evidente, contudo, qual é exatamente a ameaça, o plot narrativo, o inimigo, ou as mecânicas de jogo. É cedo para especular, portanto, e precisamos ver mais para saber se vale a pena esperar pelo game ou não.
Bow to Blood
https://youtu.be/YQrUOarCGls
Talvez uma das surpresas mais promissoras do evento, Bow to Blood parece uma mistura do promissor Sea of Thieves com o mais recente filme do Peter Pan, apresentando um mundo de batalhas entre navios de guerra voadores, com um visual cartunesco e supersaturado. Ao que tudo indica, a proposta é colocar o jogador em um verdadeiro campo de batalha aéreo e gerado proceduralmente, o que significa que o ambiente e os inimigos são sempre diferentes dos anteriores.
Com um ambiente vasto e colorido, parece bastante interessante como experiência, restando saber se a dinâmica de batalha funcionará tão bem como o vídeo aparenta. Mas é uma das boas promessas do VR para um futuro próximo.
Resumindo…
Parece que PSVR está se tornando uma prioridade para a Sony é uma prioridade para a empresa. Não a toa, um novo modelo melhorado deve chegar ao mercado ainda este ano, coincidindo com o seu lançamento oficial em outras partes do mundo, incluindo o Brasil — onde ainda não há um indicativo de preço oficial, mas já vá preparando o bolso.
Como sempre, tão ou mais importante que a tecnologia são os produtos que fazem uso dela e, nesse sentido, com pouco mais de um ano no mercado, o PSVR continua precisando se provar não só como algo viável em termos financeiros, mas também como uma proposta instigante para a experiência do jogador.
Os trailers que vimos acima sem dúvida são promissores, mas se os games apresentados nas últimas conferências farão valer o investimento, só o tempo dirá.
(Via: Playstation)