Vale a pena revisitar Death Stranding: Director’s Cut no Playstation 5?
Se o PS4 ficou conhecido pejorativamente como “Remasterization 4” por conta do grande número de remasterizações que ele recebeu, o PS5 já começa a ser o “Directorstation 5”.
Digo isso porque, em questão de semanas, o novo console da Sony recebeu dois jogos — ambos relançamentos da geração passada — que receberam um pomposo “Director’s Cut” no título.
As “Versões do Diretor“, no cinema, costumam ser as obras em seu estado mais puro, da maneira como foram idealizadas. Um caso famoso e recente foi o famigerado Snyder Cut, a versão de Zack Snyder do filme da Liga da Justiça, que enfim viu a luz do dia graças ao apelo popular e à força da #ReleaseTheSnyderCut.
Se a Ghost of Tsushima: Director’s Cut trazia de fato um bocado a mais de conteúdo (ainda que não muito inovador ou diferente) e uma ilha totalmente nova para explorarmos, este Death Stranding: Director’s Cut, éum pouco mais modesto em termos de novidades.
Antes de mais nada, uma confissão
Bom, mas antes de falarmos do que o jogo traz (ou não) de novidade, preciso confessar uma coisa e espero que o pessoal da Sony não leia isso: eu não gosto de Death Stranding.
[pausa dramática]
Como recebemos uma cópia do jogo, é nosso trabalho falar dele aqui: é uma questão de profissionalismo. Quem assumiria uma análise deste jogo normalmente seria nosso amigo Renan, que é Kojimete assumido. Mas, infelizmente, ele ainda não entrou na nova geração — falta de consoles nas lojas ou de grana? Jamais saberemos — de modo que sobrou para mim a missão d assumir o manto de Sam Porter Bridges na nova geração.
De qualquer modo, o Renan assinou nossa análise oficial da versão PS4 do jogo, bem como um Depois do Fim super especial, onde explicou todas as reviravoltas e maluquices da trama. Ah, e o camarada Gilson experimentou a versão PC do jogo também. Ou seja: conteúdo de qualidade sobre Death Stranding não falta aqui no site.
Tudo isso me dá uma brecha para produzir um conteúdo diferenciado sobre o jogo, mesmo não sendo um grande fã dele. Sendo bem honesto, eu gosto muito da premissa de Death Stranding, e acho que seu universo é cheio de conceitos interessantes: a chuva temporal, por exemplo, é uma baita ideia. O problema é que, na minha opinião, esses conceitos foram aplicados em um jogo que não é bom. 😛
Não tenho nada contra o Kojima, é só que, esse jogo nunca “clicou” comigo, sabe? Acho o loop de gameplay dele extremamente monótono, e a história mirabolante, cheia de personagens com codinomes bizarros e toda aquela galhofa patriota de “reconectar a América” me soa bem ridícula.
Joguei umas duas dezenas de horas dele no PS4 e, agora, no PS5, comecei a campanha do início, mas também aproveitei um save avançado da geração passada para poder conferir o que o jogo de fato trouxe de novidade nesta “Versão do Diretor” e decidir se vale a pena revisitar o jogo.
As novidades
Death Stranding: Director’s Cut traz um pacote relativamente modesto de novidades. E, das poucas que tem, nenhuma delas é particularmente relevante, nem agrega muita coisa em termos de narrativa.
Sendo justo, uma nova área foi adicionada ao game, uma espécie de fábrica abandonada que fica na costa Leste da UCA, e tem relação com a “criação” dos BBs. Novas missões de entrega secundárias vão nos levar até essa região, que tem muitas MULAs, e um punhado de missões que aprofundam, na maioria dos casos, os testes feitos com os BBs.
Esta é a novidade mais “recheada” do jogo, que agrega um pouco mais de lore para este universo. Como eu disse, não gosto da história de Death Stranding, então não fiquei particularmente empolgado com o que é apresentado nesta nova região.
Mo que tange as novidades mais práticas, de gameplay, mesmo, agora podemos carregar nossa muamba de novas maneiras: há um tipo de robô bípede — chamado de Robô Amigo na versão localizada — que pode tanto nos acompanhar carregando parte da carga (ou carregando o próprio Sam) quanto fazer entregas de maneira autônoma (o que rende uns pontinhos extras de XP).
Também podemos criar novas estruturas quirais, que facilitam um pouco a vida de Sam na hora de explorar. É possível, por exemplo, criar uma catapulta que arremessa cargas (a queda é controlada por meio de paraquedas), bem como rampas para transpor abismos e pontes que servem como atalhos.
Embora Death Stranding não seja um jogo de tiro nem de corrida, as outras novidades tem tudo a ver com isso: agora temos um Campo de Tiro e uma Pista de Corrida no jogo! Maluquice, né? Não para o Kojima!
Considerando que o uso de armas letais é bastante desencorajado no mundo do jogo, o Campo de Tiro é onde podemos realmente brincar com o arsenal que ele nos oferece: é possível experimentar diversas armas em diferentes situações — numa vibe que até remete às VR Missions da série Metal Gear.
A Pista de Corrida é, obviamente, uma área de corrida, liberada após o cumprimento de uma missão secundária. Podemos pilotar diferentes veículos, mas só rolam Time Trials ali, afinal, não há outros competidores (e a torcida é holográfica). Cumprir os desafios de velocidade rendem uma caranga super estilosa, que pode ser utilizada no mundo aberto do game.
Por fim, a Death Strading: Director’s Cut traz mais opções de customização, que são puramente estéticas. Se antes só podíamos personalizar o visual do Sam, agora até o BB pode ser customizado, com diferentes cores e adereços.
O mesmo vale para os veículos e demais estruturas do jogo, que receberam mais opções de personalização.
Aproveitando os recursos do PS5
Death Stranding já era um jogo lindíssimo no PS4, e aproveita o poder de fogo da nova geração para oferecer uma experiência ainda mais impressionante visualmente, com um FOV (field of view) mais amplo, bem como texturas e efeitos aprimorados.
A Director’s Cut roda em 4K nativo a 60 quadros por segundo, sem engasgos, e as (poucas) telas de loading mal duram 4 segundos — na geração passada, a espera podia chegar a 1 minuto.
O jogo conta com duas apresentações distintas, mas isso quase parece um desserviço, dada a estabilidade com que ele roda em ambas. No Modo Qualidade, podemos rodar o jogo em formato 16:9 a 2160p nativo e 60 fps, e também há uma opção para monitores ultrawide, que não pude testar por não ter um desses.
Já no Modo Performance, o game roda na resolução 1800p em 16:9 mas mantém a taxa de framerate em 60 fps– aqui também há um opção ultrawide. Considerando que a resolução é o que acaba diminuindo, se você tem uma TV 4K, simplesmente não faz sentido optar pelo Modo Performance, uma vez que ambos entregam os 60 fps.
O DualSense também foi bem aproveitado. O feedback háptico do controle aumenta a imersão, pois agora podemos “sentir” cada passo de Sam sobre os diferentes tipos de terreno, bem como as irregularidades e tropeços, que são evidenciados por muitos padrões de vibrações diferentes.
Os gatilhos adaptáveis (que usamos muito para manter o equilíbrio do personagem) também oferecem uma resistência extra, para evidenciar o esforço físico do personagem. Os sons que saem pelo alto falante do controle também enriquecem a experiência “fora da tela”. Nada aqui está no nível de Astro’s Playroom de utilização dos recursos do DualSense, mas sem dúvida são bons adendos.
Vale a pena?
Olha… como Death Stranding nunca “me fisgou”, não acho que cabe a mim bater o martelo nesse aspecto. Com base em tudo o que eu te contei ao longo deste artigo, acho que você pode decidir se este upgrade é indispensável ou não para a nova geração.
O pouco conteúdo novo que tem relevância narrativa deixa um gosto meio amargo na boca, mas isso é compensado por melhorias de qualidade de vida que tornam a jornada de Sam “menos entediante”. E, os upgrades técnicos e perfumarias do DualSense sem dúvida são bem-vindos. Queremos aproveitar o potencial da nova geração, afinal!
Acho que vale o investimento especialmente para quem não teve a chance de experimentar o jogo no PS4. Afinal, o que temos aqui é, sem dúvida, a versão mais completa de Death Stranding, rodando melhor do que nunca.
Death Stranding: Director’s Cut está disponível exclusivamente no PS5, 100% localizado para o nosso idioma (dublagens, menus e legendas).