Voice-Chat Arkade: Eu não consigo ser mau!
Eu sou o tipo de pessoa que é altamente influenciável, admito. Sempre é assim, vejo um vídeo na interwebs, um comentário do desenvolvedor, ou uma imagem de título e fico alvoroçado. Não tenho vergonha em afirmar que sou um passageiro recorrente do hype train.
Eis que vejo um comentário do Chris Wynn, diretor e desenvolvedor sênior da série Mass Effect, afirmando que o modo single player do novo jogo da franquia, será bem melhor que Dragon Age: Inquisition, pra mim só o melhor jogo lançado no ano passado. Sim, sou bitch da Bioware, me julguem.
Foi aí que comecei uma das minhas antigas promessas de alguns muitos anos atrás. Rejogar toda a série no full renegade, com uma Shepard chuta-bundas… Será que conseguiria eu tal façanha?
Não foi a primeira vez que tentei este feito. Após o final, duvidoso, do terceiro jogo da franquia, eu havia prometido voltar imediatamente aos primeiros episódios com o intuito de relembrar o quão interessante o universo de Mass Effect era, diferente do final lançado “nas coxas” pela EA. Eis que, aos primeiros minutos jogados, eu não consigo. É maior do que eu. Não pelo fato do Shepard, ser um simulacro das suas ações (no primeiro e segundo), mas sim pelo simples conceito de que ser renegade, é na verdade ser um babaca.
Me peguei nesse questionamento à medida que continuava minha peleja por Eden Prime. Lembrei-me dos tantos outros jogos com a premissa da escolha de um lado, sendo assim tão preto no branco quanto aquele clipe do Michael Jackson. Percebi que, a culpa era da Bioware, depois de muito matutar.
Foi em Star Wars: Jedi Academy que primeiro me veio a escolha, pelo que me lembro. Eu me recordo de como tudo era bem construído, com direito a traição, plot-twist, e afins. Claro, relembrando a limitação da época. Já em Infamous, você amadurece sua “fama” para um dos lados da moeda, sendo ele o lado bom ou o negro (literalmente, já que seu próprio poder fica obscuro). Em Mass Effect não, o Shepard renegade é, simplesmente, um babaca que gosta de dar patadas nos outros sem motivo aparente. O tipo de pessoa que anda de mau-humor para justificar seus atos, o que para mim não é uma escolha muito inteligente. O que torna essa triagem ainda mais destoante quando o jogador decide escolher o lado cinza da força, coagindo o personagem a se tornar um bipolar lunático que não sabe quando está de bom humor, ou quando está com raiva.
O que não entendo é como que a Bioware consegue montar uma escolha tão difícil em Bring Down the Sky (dlc), onde não necessariamente renegade e paragon são escolhas tão simples quanto ser “gente boa” ou “babaca”, mas parece esquecer isso em muitas vezes durante todo o resto do percurso. O que espero, do fundo do meu coração apaixonado pela série, é que eles acertem neste novo jogo como acertaram no dlc do ME1, ou do ME2 (Shadow Broker), ou mesmo na construção do Inquisidor — a ponto de respostas a perguntas como “Você acredita no Criador?” determinar a maneira como seu personagem vai agir diante da própria fé, sendo um crente ou ateu (ou até mesmo politeísta) — de modo que a diferença entre os personagens não seja apenas o humor bipolar, ou mesmo um grau diferente de pela-saquismo. Uma coisa é certa, se realmente for melhor que DAI então podemos ficar tranquilos… Só nos resta esperar.
E vocês, caros leitores, conseguem controlar personagens que fogem do seu alinhamento natural?