Voice-Chat de terror: Giygas, o vilão mais macabro do mundo dos games

17 de julho de 2012

Voice-Chat de terror: Giygas, o vilão mais macabro do mundo dos games

Quando buscam um jogo de terror, muita gente parte para séries consagradas como Silent Hill, Resident Evil, Amnesia ou Fatal Frame. Mas, que tal sentir medo de verdade com algo um pouco mais antigo… tipo um RPG de Super Nintendo? Se você acha que isso não é possível, você não conhece Giygas, um dos vilões mais macabros do mundo dos games!

Acredite, há um game no saudoso Super Nintendo que causou (e ainda é capaz de causar) um tremendo arrepio na espinha. Este game é Earthbound, produzido pela Ape Inc em parceria com o HAL LaboratoryEarthbound é um RPG de fantasia onde controlamos um grupo de crianças que enfrentam alienígenas para salvar a Terra, tudo num visual totalmente cartunesco.

“Mas péra aí, como um RPG de fantasia e visual cartunesco pode ser assustador?”, você pergunta. Calma, a gente explica…

A história de Earthbound gira em torno de Giygas, um alien de aparência bastante semelhante a do famoso pokemón Mewtwo. No game Mother (do antigo Famicon) nos é apresentada a história de Giygas: perto do ano de 1900 uma raça alienígena abduziu um casal humano, que passou a conviver entre esta raça alienígena.

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Esse casal humano acabou adotando um pequeno alien da raça que os abduziu, chamado Giygas, e o criaram como um filho, como todo o amor e afeto possível. Porém, durante seu cativeiro entre os aliens, o “pai adotivo” de Giygas, George, passou a estudar o PSI, uma espécie de poder psíquico que era o grande trunfo desta raça alienígena.

Graças a seus estudos, George conseguiu voltar para a Terra sem sua família. Isso desagradou os aliens, que ordenaram que Giygas comanda-se uma invasão à Terra. Giygas, dividido entre proteger aqueles que o criaram e obedecer as ordens de seu povo, é obrigado a abandonar sua “mãe”, Maria, e invadir a Terra.

Porém ,utilizando outros poderes de sua raça, Giygas foi capaz de prever o futuro e ver sua própria derrota para um garoto da Terra, e decidiu antecipar seu ataque para impedir que a visão se concretizasse.

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Durante sua primeira tentativa de invasão (vista no game Mother), Giygas foi confrontado por um grupo de crianças disposto a salvar o planeta. Esta foi uma batalha dificílima, pois Giygas era resistente a qualquer tipo de ataque físico ou mágico, ou seja, nada podia feri-lo de maneira eficaz… exceto o mais improvável dos ataques: uma canção de ninar.

Por mais bizarro que isso seja, ao usar o comando em que os personagens cantam a música que George e Maria cantavam para Giygas quando este era criança, o alien começa a perder o controle, inclusive “gritando” para que este ataque pare de ser usado. No fim, Giygas é derrotado, mas foge da Terra prometendo vingança.

Confira no vídeo abaixo esta bizarra batalha musical contra Giygas:

Ainda não está com medo? A gente sabe, mas calma, estamos chegando lá…

Anos mais tarde, nos eventos do game Earthbound para o Super Nintendo (o título do game é Mother 2 no Japão), Giygas voltou a invadir a Terra, mas dessa vez, de uma forma diferente…

Durante o período entre os ataques, Giygas acumulou muito poder, poder maligno. Ele acumulou tanta maldade dentro de si que sua própria existência foi destruída no processo, seu corpo e sua mente foram totalmente apagados, e ele se tornou um ser disforme, de inexplicável aparência, passando a ser definido como o próprio mal, a maldade em sua forma pura. A única forma de mantê-lo “estável” foi inserindo-o dentro de um aparato chamado Devil’s Machine (o que, convenhamos, já é algo bem sinistro por si só).

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O game segue tranquilo até sua reta final, pois durante a batalha final reencontramos Giygas, que agora é um ser disforme incapaz de raciocinar, mas extremamente poderoso. Aí é que as coisas começam a ficar feias: a música do game assume um tom estranho e vai ficando cada vez mais incompreensível.

No vídeo abaixo você confere a primeira parte desta batalha contra Giygas:

Após causar algum dano a Giygas, a batalha se transforma: a imagem de Giygas se multiplica e percorre a tela de maneira totalmente distorcida, e a música se torna uma sinfonia tenebrosa que parece ser uma mistura de música tocada ao contrário com som de estática e outros barulhos indecifráveis e aterrorizantes.

A estratégia contra Giygas é a mesma da batalha final do game anterior, ataques físicos e mágicos surtem pouco efeito, mas dessa vez, a fraqueza de Giygas é outra, ele é fraco contra orações. Ao utilizar o comando “pray”, seus personagens  pedem que lhes seja enviada força para vencer a batalha. Da Terra, suas famílias e amigos enviam suas preces tentando ajudar de alguma forma.

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Giygas é afetado por essas preces, sendo ferido a cada nova súplica que é recebida, e nesse momento que as coisas se tornam (ainda mais!) sinistras. Durante a luta, Giygas solta frases desconexas, como: “…I’m h… a… p… p… y…”, “I fell g… o… o… d...”, “It hurts… it hurts…“, como se os ataques fossem algo bom e ruim ao mesmo tempo.

No vídeo abaixo, você confere a segunda parte da batalha contra Giygas:

Depois de muito sofrimento (e muita reza) Giygas é finalmente destruído e a paz volta a reinar na Terra. O mal finalmente é extinto do Universo e todos ficam felizes.

“Ok, mas eu ainda não estou assustado com esse tal Giygas, você diz. Espere, pois agora vamos aos pormenores sobre este bizarro personagem. Confira a imagem abaixo:

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Se você não manja muito de inglês, a gente explica: a batalha final contra Giygas pode ter um significado escondido em suas entrelinhas. Esta parte é meio que uma lenda urbana que foi criada em torno do game, mas ela tem bons fundamentos e contribui para deixar Giygas realmente tenebroso.

De acordo com a imagem, a batalha final acontece dentro do ventre feminino. O caminho até o vilão é o canal vaginal e a Devil’s Machine é o próprio útero materno. A imagem de Giygas, quando este fica fora de controle, pode parecer disforme, mas há quem diga que ela é extremamente semelhante à imagem de um feto de perfil, como aquelas imagens vistas em exames de ecografia.

Repare no destaque desta imagem:

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E não é só isso: Giygas seria incapaz de raciocinar simplesmente por ser um feto, e seu bizarro padrão de ataques seria apenas legítima defesa. Suas frases “…I’m h… a… p… p… y…”, “I fell g… o… o… d…”, “It hurts… it hurts…” seriam alusão à violação do ventre feminino (praticamente um estupro) em que ele está sendo gerado.

Ou seja: a batalha final de Earthbound é uma viagem no tempo, Giygas é um ser que ainda não nasceu, portanto não tem forma, e os personagens do game estão lutando justamente para impedir seu nascimento e evitar que ele perpetre o mal à que está destinado. Para isso, nossos “heróis” devem percorrer todo o caminho do ventre e abortá-lo da barriga de sua mãe.

Isso quer dizer que nesse game nós estamos jogando com o objetivo de impedir a existência de uma forma de vida que ainda sendo formada? Quem sabe, mas é fato que esta é uma temática bem perturbadora para um RPG que parece tão inocente!

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Graças a essa batalha final e estas discussões bizarras que circulam pela internet, Giygas tornou-se uma lenda no cenário das Creepy Pastas, lendas urbanas (geralmente aterrorizantes) amplamente divulgadas na internet.

Depois dessa, que tal matar a saudade do seu Super Nintendo? Quem sabe você não acaba encontrando outro significado obscuramente assustador naquele chefão super difícil, ou na trama de um jogo que antigamente lhe parecia tão inocente?

Este artigo foi escrito por Renan do Prado, colaborador da Arkade e consultor de bizarrices. Também é do Renan o texto sobre a macabra lenda do cartucho amaldiçoado de Zelda, vale a pena conferir!

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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