Análise Arkade: o dramático retorno de Clementine em The Walking Dead: All That Remains (Season 2, Ep. 1)
Chegou a hora de voltarmos ao dramático mundo pós-apocalíptico da Telltale. Na sequência você confere a nossa análise de All That Remains, primeiro episódio da segunda temporada de The Walking Dead: The Game, sequência do Jogo do Ano de 2012!
A primeira temporada do The Walking Dead da Telltale arrebatou milhões de jogadores pelo mundo. Marmanjos choraram e debateram pela internet a intensa e imprevisível luta pela sobrevivência de Lee, Clementine e seus companheiros.
O fato de o jogo ter levado o prêmio de Jogo do Ano no VGA 2012 (superando grandes títulos como Dishonored, Assassin’s Creed III e Mass Effect 3) só aumentou o hype, lançou a Telltate às alturas e gerou muita expectativa pela nova temporada.
Antes de começá-la, porém, o jogo faz uma varredura em sua plataforma para buscar os saves da primeira temporada e seus efeitos. Quem não jogou a primeira temporada (ou só jogou uma parte dela) precisa se contentar com decisões randômicas. Obviamente, é altamente recomendável que você tenha jogado toda a primeira temporada antes de começar.
Temos um breve “previously on The Walking Dead“ para refrescar nossa memória de alguns momentos chave da temporada anterior. Após o trágico desfecho do primeiro game, nossa pequena Clementine está seguindo viagem com Christa e Omid. Porém, não demora para a coisa desandar e ela acabar tendo que se virar sozinha.
Claro que ela não fica sozinha por muito tempo. Enquanto vaga pela floresta buscando suprimentos e evitando zumbis, Clem invariavelmente esbarra em novos personagens, que irão introduzi-la (de forma não muito amigável) a um novo grupo de sobreviventes.
Entre os novos rostos temos Pete, um sujeito durão mas responsável, e Nick, um cara instável e de pavio curto. Outra personagem que se destaca é Sarah, uma garota de temperamento efusivo que quer (muito) ser a melhor amiga de Clem.
Os conflitos não demoram a aparecer. Mesmo sendo uma criança, Clementine é obrigada a tomar decisões que afetam a maneira como é vista por esses novos companheiros. Cada escolha é uma renúncia, você nunca conseguirá agradar a todos, e isso deixa o andamento da narrativa bem imprevisível.
Embora conte com ótimos momentos de tensão, este primeiro episódio serve basicamente para calçar os alicerces da trama e introduzir novos personagens. Isso não quer dizer que nada acontece – muito pelo contrário – mas que o peso de suas decisões ainda não fica muito evidente, ainda que algumas escolhas mais pontuais sejam bem tensas.
O que fica evidente já de cara é o amadurecimento e a tristeza de Clementine. A garota utiliza os ensinamentos de Lee para se virar, mas a mágoa está estampada em seu rosto. Clementine é uma criança cuja infância foi arrancada à força, e só o que lhe resta é crescer e sobreviver. Uma atitude corajosa, mas deprimente.
Isso fica especialmente claro em um momento onde vasculhamos os restos de um acampamento em busca de suprimentos. Clem encontra uma boneca em uma caixa, encara-a por alguns segundos, e descarta-a. É triste, mas não há tempo para brincar de bonecas em um mundo dominado por zumbis.
Além destes momentos mais psicológicos, provações físicas também aguardam a pobre menina. Ficou claro que a Telltale não planeja poupar Clementine só por ela ser uma garotinha, e já no primeiro episódio a coitada já se ferra bastante, em momentos que são quase um novo Tomb Raider versão infantil.
A jogabilidade se manteve essencialmente a mesma – basicamente um point and click mais moderninho – com algumas novidades interessantes: as opções de interação agora aparecem em posições e cores semelhantes à disposição dos botões no controller (joguei no Xbox 360), deixando tudo mais intuitivo.
Temos também um botão exclusivo para ações mais emergenciais – bater, atirar – e breves quick time events que bebem na fonte dos jogos da Quantic Dream: nas cenas de ação, um comando específico deve ser executado no analógico direito para que Clem salte/abaixe/esquive para escapar de inimigos e obstáculos.
As conversas continuam apresentando decisões, umas simples, outras complexas. O tempo é um fator determinante, não pense demais, ou vai acabar não podendo dizer nada. Esse fator emergencial e imprevisível continua sendo um dos maiores triunfos do game.
Em sua aventura “solo”, Clem encara alguns desafios inéditos: em dado momento, você deve vasculhar uma casa em modo stealth, mas pode parar para ouvir a conversa dos sobreviventes. Se você marcar bobeira, pode ser pego, o que altera o andamento da narrativa.
O visual é aquele mesmo que a gente já conhece, um cel shaded carregado que deixa tudo com cara de história em quadrinhos. Funcionou antes, e continua funcionando aqui. As dublagens continuam excepcionais na maioria dos casos, o que é fundamental em um jogo que se apoia tanto em diálogos. A trilha sonora se faz presente quando necessária, mantendo o mesmo estilo suave e melancólico.
Com All That Remains, a Telltale mostra que não deixou o sucesso subir à cabeça e, mesmo com diversos novos projetos, sabe exatamente o que está fazendo. A curta duração e o ritmo menos acelerado preparam terreno para uma temporada que promete fortes emoções – espere só até ver a prévia do segundo episódio, que rola ao final, é de endoidar!
O segundo episódio de The Walking Dead está programado para sair no início de 2014. Até lá, fico na expectativa, louco para saber o que destino reserva para a pequena (mas madura) Clementine.