Cinema: resenha do filme Sherlock Holmes 2 – O Jogo de Sombras

12 de janeiro de 2012

Cinema: resenha do filme Sherlock Holmes 2 - O Jogo de Sombras

Um fato sobre Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras é: se você gostou do primeiro filme, com certeza vai gostar deste. Os disfarces bizarros, as deduções mirabolantes, o humor na medida certa, a ótima química entre os protagonistas, as cenas de ação estilosas, as pancadarias muito bem coreografadas… tudo isso está de volta, junto com um vilão muito mais interessante que o do primeiro filme, e uma direção mais com o estilo característico de Guy Ritchie.

Quem assistiu ao primeiro filme já sabia o que esperar desta sequência (se você não viu o primeiro filme, cuidado com os eventuais spoilers): Professor Moriarty – o maior vilão do universo de Holmes – seria o vilão da vez e Watson teria (novamente) que deixar sua vida conjugal de lado para ajudar o famoso detetive a deter o vilão. Aliás, pobre do Watson, que mal se casou e já se vê envolvido em outra aventura detetivesca ao lado de Holmes.

O principal atrativo do novo filme é seu antagonista: o professor Moriarty (vivido por Jared Harris) e sua relação com Sherlock são simplesmente incríveis. Por ser um acadêmico renomado, Moriarty não levanta grandes suspeitas, e a maneira brilhante com que limpa os rastros de seus crimes faz com que só mesmo o paranoico Holmes desconfie dele.

Cinema: resenha do filme Sherlock Holmes 2 - O Jogo de Sombras

Desconfiança que é totalmente fundamentada, afinal, Moriarty é o idealizador de uma intrincada trama de crimes e assassinatos, todos ligados para formarem um grande plano maquiavélico. O interessante porém, é a relação entre os antagonistas: Holmes não possui provas contra Moriarty, então os encontros entre eles não são violentos, mas astutos, uma afiada troca de farpas (e elogios) que rende diálogos ótimos e um show de interpretação dos atores.

E não é só isso: se Holmes é um gênio dotado de brilhante capacidade de dedução, Moriarty é tão bom nisso quanto ele, o que o torna uma ameaça infinitamente maior do que o vilão Blackwood do filme anterior. Justamente por esses traços em comum, a animosidade dos dois é temperada com uma dose de “respeito” mútuo que enriquece a relação entre eles.

Mas a química maior ainda é a que existe entre Sherlock Holmes e Dr. Watson. O diretor (e os atores) sabem disso, entregando atuações ainda mais inspiradas e diálogos ainda mais divertidos. Toda a pirotecnia e os efeitos especiais são importantes em uma obra deste porte, mas a alma do filme é mesmo a ótima parceria de Holmes (Robert Downey Jr.) com Watson (Jude Law).

Cinema: resenha do filme Sherlock Holmes 2 - O Jogo de Sombras

A inclusão de novos personagens tem dois lados: se o bizarro irmão mais velho de Holmes (Mycroft, interpretado por Stephen Fry) é muito bem-vinda, a cigana Sin (vivida por Noomi Rapace) cumpre o seu papel (que é importante até demais) na trama, mas não é uma personagem muito bem desenvolvida, ficando muito aquém da bandida Irene Adler (interpretada por Rachel McAdams).

As cenas de ação estão maiores e mais explosivas do que antes. Guy Ritchie continua usando efeitos de câmera lenta de maneira exemplar, com destaque para a cena de perseguição na floresta – lá para o final do filme – que é simplesmente incrível. A cena do trem também merece destaque, não só pelo fato de Holmes estar com seu melhor (ou seria pior?) disfarce, mas também pelas ótimas e criativas maneiras que o detetive arranja para derrubar seus inimigos.

Por se tratar de um filme de época, vale ressaltar também a qualidade do visual da obra. Desde os figurinos até os carros e barcos, tudo foi recriado com um capricho extremo, o que faz com que o filme se torne bem imersivo. A trilha sonora – novamente assinada por Hans Zimmer – também se destaca, com músicas marcantes e divertidas.

Cinema: resenha do filme Sherlock Holmes 2 - O Jogo de Sombras

Algumas decisões do roteiro podem ser questionáveis, mas, como Holmes mesmo diz, alguns sacrifícios são necessários para que haja uma vitória. Moriarty não deixa pontas soltas em seus planos, e o roteiro tenta fazer o mesmo, deixando tudo bem amarradinho e dando aquela explicação acompanhada de flashbacks  ao final para garantir que todos saiam da sala entendendo tudo ao final da projeção. O clímax é especialmente interessante por jogar quase toda a responsabilidade nas costas de Watson, que deve por em prática tudo o que Holmes lhe ensinou enquanto o detetive se ocupa de Moriarty.

Para dizer a verdade, o que menos me agradou ao final do filme foi a já famosa obrigatoriedade de uma sequência. Não ligo que haja um terceiro filme (desde que ele seja tão bom quanto os primeiros), mas a maneira como o filme entrega isso é um tanto forçada.

Se a projeção acabasse 5 minutos antes – e se os produtores fossem mais corajosos (e menos gananciosos) – teríamos um final realmente pesado, que poderia tanto encerrar a carreira deste novo Holmes e transformá-lo em um mártir que realmente vai até as últimas consequências para deter uma ameaça, quanto deixar uma brecha para uma possível sequência.

Cinema: resenha do filme Sherlock Holmes 2 - O Jogo de Sombras

Do jeito que o filme acaba, com uma piadinha que escancara as portas de um terceiro filme, o sabor de um desfecho épico é perdido, mas isso não tira todos os outros méritos do filme, apenas prova (mais uma vez) que Hollywood pensa mais nos lucros do que na emoção.

Termino esta resenha afirmando a mesma coisa que disse no início: se você curtiu o primeiro filme, é certo que vai gostar de Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras.

http://youtu.be/tKQ90H6q54c

Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras estreia em todo o Brasil nesta sexta-feira, dia 13 de janeiro.

 Nota: 8,5

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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