Voice-Chat Arkade: a deslumbrância indie nas favelas de Papo e Yo

6 de julho de 2012

Voice-Chat Arkade: a deslumbrância indie nas favelas de Papo e Yo

Quando uma pessoa é reprimida, ela normalmente decide extravasar suas frustrações de maneiras artísticas: adolescentes revoltados se transformam em músicos revoltados, crianças reclusas a uma forma de entretenimento tentam ir atrás daquilo que elas gostam tanto quando atingem a idade adulta. Outros, fazem jogos de videogame.

Vander Caballero teve uma infância difícil: com um pai alcoólatra e violento, seu refúgio eram os videogames, aventuras onde ele tinha controle sobre tudo. Depois de grande, Caballero decidiu fazer um jogo retratando o seu medo e o método de se escapar das piores coisas: o resultado é o belo Papo & Yo.

Criação do estúdio independente Minority, Papo & Yo conta a história do personagem Quico, uma criança que vive nas favelas brasileiras. Quico tem dois amigos: um monstro enorme chamado Monster e um pequeno robô chamado Lula. Os dois não se gostam pois Monster tem um temperamento destrutivo e Lula, ao contrário é super protetor.

Curiosamente, essa mania de destruição de Monster aflora por um motivo bem bizarro: sapos. Ele não pode comer sapos, senão perde sua sanidade, sai de controle e pode destruir tudo o que Quico ama.

Esta simples e conturbada mecânica é a base para Papo & Yo: você controla Quico, e deve esconder todos os sapos de Monster, assim nada acontecerá de errado na vida de todos. Enquanto isso, o robôzinho Lula fica encarregado de assustar o grande Monster, dando um tempo a mais para Quico sumir com todos os sapos do cenário, além de dar um apoio com seus poderes.

Voice-Chat Arkade: a deslumbrância indie nas favelas de Papo e Yo

Mas ainda temos um outro elemento muito importante no jogo: a favela. A favela de Papo & Yo é mágica; Quico poderá usar um simples giz para desenhar nas paredes, e seus desenhos podem se materializar para o mundo real do game.

Esta mecânica será essencial para resolver puzzles em Papo & Yo: se, por exemplo, um lugar é alto demais, Quico poderá desenhar vários quadrados como se fosse uma brincadeira de amarelinha, e quando a “magia”da favela for ativada, aqueles quadrados automaticamente serão plataformas.

Além disso as próprias casas da favela tomam parte do divertido quebra cabeça do game. Em uma parte do jogo, Quico precisa de ir do ponto A ao ponto B, mas não existe um caminho para isso. Então ele pega as caixas disponíveis na sua frente e as coloca em fileira, mas toda vez que uma caixa é levantada, um casebre da favela é movido para o ponto que o protagonista quer. Com isso, uma verdadeira ponte de casas é criada, mais ou menos como na imagem abaixo:

Voice-Chat Arkade: a deslumbrância indie nas favelas de Papo e Yo

Em Papo & Yo, a favela é representado como um mundo colorido e artístico, com desenhos vívidos que mostram o lado feliz daquele ambiente, pela perspectiva infantil de Quico. Um detalhe interessante é que todas as palavras desenhadas nas paredes são escritas com português correto, sendo uma ótima adição para nós, brasileiros, que mostra o carinho e cuidado envolvido na concepção de Papo & Yo.

Papo & Yo deve ser um jogo realmente marcante em seu lado artístico. Notam-se referências e inspirações de outros jogos do gênero puzzle, mas ele tem tudo para ser o próximo jogo “diferente” a sair, e merece muito a sua atenção, se não pelo simbolismo e pela brasilidade, por sua mecânica de jogo criativa.

http://youtu.be/1bWI2rt6nrE

Ainda sem uma data certa, Papo & Yo sairá exclusivamente para o Playstation 3 via Sony Entertainment Network (ou a antiga PSN).

Este texto foi escrito pelo nosso colaborador Henrique Gonçalves.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, trilheiro e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.

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