Preview Arkade: nossas primeiras +10 horas com No Man’s Sky
Já jogamos No Man’s Sky! Experimentamos um dos jogos mais esperados do ano antes de seu lançamento oficial, e trazemos em primeira mão para vocês nossas impressões iniciais sobre o game!
Antes de mais nada…
Um disclaimer precisa ser feito: a Hello Games vai lançar um patch já no dia de lançamento do game (aka hoje), que deve alterar drasticamente algumas coisas, acrescentando mais vida aos planetas, adversidades climáticas, mais espaço no inventário, nuances de economia entre diferentes raças de alienígenas, e muito mais. A descrição de tudo o que o patch vai mudar/acrescentar pode ser lida no site oficial do game.
Além disso, a Hello Games vai resetar os servers do game antes do lançamento, e o progresso eventualmente será perdido. Foi recomendado que a imprensa gamer esperasse o patch antes de jogar e produzir seus reviews. Isso não é um review! O que vamos apresentar aqui são basicamente nossas impressões desta versão “pre-patch” do jogo, que afinal, é o que está no disco que nos foi entregue.
Nossa análise propriamente dita será feita somente depois que jogarmos o game devidamente atualizado. Mas, jogamos mais de 10 horas de No Man’s Sky nos últimos dias, e achamos justo que você — que pretende investir seu rico dinheirinho no game — saiba mais do que pode esperar.
Exploração e crafting
Uma coisa que o patch não deve mudar, porém, é a essência do jogo. E a essência de No Man’s Sky é composta basicamente de crafting e exploração. Para quem não sabe, craft pode ser traduzido como “trabalho manual, artesanato, ofício”. No mundo dos games, o termo crafting é usado para designar jogos onde você deve coletar recursos, construir coisas, cuidar da sua sobrevivência, etc. Algo que jogos como Minecraft, 7 Days to Die e Don’t Starve já fazem há tempos.
Pois bem, explicado isso, fique sabendo: No Man’s Sky é um jogo de crafting. MUITO crafting. Seu traje espacial precisa da energia de isótopos para lhe manter protegido/aquecido. Sua arma — que aqui é chamada de multiferramenta — também precisa de energia para funcionar. Sua nave precisa de determinados combustíveis para decolar (plutônio), viajar (tório) e alcançar a velocidade da luz.
Como você consegue tudo isso? Basicamente destruindo coisas em busca de recursos. Qualquer planta lhe rende carbono (isótopo) e qualquer pedra lhe rende ferro (útil para consertar coisas e criar peças novas), mas fora isso ainda existe uma infindável variedade de matérias-primas — zinco, platina, cobre, herídio, titânio, alumínio, etc. — que podem tanto servir para criar coisas quanto simplesmente lhe render uma grana extra ao serem vendidos.
Isso quer dizer que, enquanto estiver jogando No Man’s Sky, você vai ficar mais tempo atirando em pedras e plantas do que realmente “vivendo altas aventuras pelo espaço”. Claro que isso pode mudar mais para frente, mas mesmo tendo jogado por mais de 10 horas, passado por mais de 20 planetas em 4 setores distintos da galáxia, a busca por recursos ainda era um elemento chave do game.
Confira abaixo um vídeo de 10 minutos de gameplay que capturamos e mostra um pouco de exploração, crafting, análise de ambientes, viagens espaciais, conversas com aliens e tudo mais:
Ou seja, No Man’s Sky demanda um bocado de paciência para ser jogado, pois ele está longe de ser um jogo de ação. Talvez muita gente já saiba disso, mas sempre é bom deixar claro, pois os desavisados podem acabar aborrecidos com o ritmo do jogo, que pode se tornar bem monótono para quem espera sair disparando lasers e explodindo naves alienígenas.
Descobrindo, catalogando e aprendendo
Se explorar é tão importante, você também pode analisar e catalogar tudo: desde planetas e satélites até pedras e animais, tudo pode ser escaneado (você precisa construir o scanner, é claro) e catalogado. Se você for o primeiro a descobrir um planeta ou espécime, ainda pode dar o nome que quiser para ele, o que é bem legal. Até criamos o planeta Arkade em nossa jogatina, saca só:
Inspecionar e catalogar coisas também é importante para arrecadar uma grana fácil: há uma espécie de “Guia do Mochileiro das Galáxias” que vai sendo atualizado conforme novos mundos e formas de vida são descobertos, e se você é o primeiro a catalogar alguma coisa, a Biblioteca Galáctica te dá um dinheiro por isso. Talvez isso não seja tão simples quando todo mundo estiver jogando e descobrindo coisas, mas neste primeiro momento foi bem tranquilo.
Outra coisa interessante é que você invariavelmente vai encontrar formas de vida alienígena que não falam a sua língua. É possível comprar e vender coisas mesmo assim, mas o jogo aprofunda suas relações com os aliens ao permitir que você aprenda palavras de seus idiomas.
Em alguns diálogos os aliens vão te pedir coisas, ou você pode simplesmente oferecer coisas a eles: não é nada tão elaborado quanto um Mass Effect da vida, mas suas atitudes lhe rendem pontos de reputação com as raças com as quais você interage, e quanto maior sua reputação, mais opções de diálogos se abrem com os membros de determinada espécie, e mais você aprende sobre aquele povo.
Planetas e galáxias
Como você já deve saber, os planetas de No Man’s Sky são gerados de forma procedural, o que em teoria significa que não existe nenhum planeta igual ao outro. Pelo que vimos nos 20 e poucos planetas pelos quais passamos, isso é verdade. Existem similaridades, claro, mas no geral eles conseguem ser diferentes entre si, especialmente pelos diferentes tipo de relevo, vegetação e pelas próprias cores de cada mundo. O próprio céu/espaço de No Man’s Sky assume diferentes tons conforme você vai de um setor da galáxia para outro, o que é bem legal.
Confira abaixo o visual de alguns planetas diferentes pelos quais passamos. Repare na vegetação e no solo de cada um, como são diferentes:
Outro detalhe interessante é que nem todo planeta é 100% tranquilo. A atmosfera em si pode ser venenosa ou radioativa, o que vai consumir mais rápido a energia do seu traje para ele te manter vivo. Como tudo no jogo, isso parece ser mais um estímulo ao crafting, para que você se mantenha sempre coletando isótopos que mantém seu traje operante. Ah, e você também pode mergulhar, para desbravar os rios e oceanos de qualquer planeta!
Ainda que o universo de No Man’s Sky seja enorme, ele é dividido em setores menores. Cada setor possui seus próprios planetas e satélites, e a única forma de ir de um setor para o outro é através do hiperpropulsor, que permite que sua nave viaje à velocidade da luz. Este “motor” extra da nave é alimentado por células de dobra, que geralmente precisam ser manufaturadas. Quanto mais longe você quiser ir, mais poder vai precisar ter neste “motor”.
Conclusões precipitadas
Como isto não é um review, não tem cabimento eu dizer se você deve ou não investir seu dinheiro em No Man’s Sky, até porque nestas 10-15 horas de jogo eu mal devo ter arranhado a superfície do game — sem contar que há um grande patch vindo aí, que promete mudar bastante coisa, corrigir vários bugs e acrescentar boas novidades.
Porém, acho válido deixar claro que No Man’s Sky definitivamente não é um jogo para todos: ele tem um ritmo lento de progressão, que te mantém ocupado destruindo árvores e pedras em busca de recursos. Não é bem como Minecraft (aqui você não constrói casas, castelos, etc.), mas tem a mesma pegada de “destrua coisas para juntar matéria-prima e poder construir outras coisas”.
Também há quem pense que este game poderá ser jogado com os amigos, todos explorando o universo juntos e vivendo altas aventuras. Não é bem assim: No Man’s Sky não é um MMO, ele é essencialmente um jogo single player. Ontem mesmo o Twitter oficial do criador do game tentou deixar isso bem claro:
To be super clear – No Man’s Sky is not a multiplayer game. Please don’t go in looking for that experience.
— Sean Murray (@NoMansSky) August 8, 2016
O que eu quero deixar bem claro é que: No Man’s Sky não é um jogo de ação. Ele sem dúvida tem seus momentos de “pew! pew! pew!”, mas você vai usar a sua arma mais para quebrar pedras do que para matar aliens malvados. No Man’s Sky é um jogo de crafting e exploração, que pode aborrecer quem não tiver paciência para apreciá-lo pelo que ele é.
Se você curte esse tipo de experiência, vai fundo. Se não, tome cuidado, pois o game pode não corresponder às suas expectativas e se você espera ação, tiroteios frenéticos e explosões, vai acabar achando o game chato e cansativo.
No Man’s Sky chega hoje — terça, 9 de agosto — ao PS4. No fim da semana, ele desembarca nos PCs. A versão nacional do game possui menus, legendas e (algumas poucas falas) em português brasileiro.