RetroArkade: Só Deus sabe as qualidades de Xenogears, jogo épico que envolve ciência, religião e filosofia (PSOne)

6 de abril de 2014

RetroArkade: Só Deus sabe as qualidades de Xenogears, jogo épico que envolve ciência, religião e filosofia (PSOne)

Quem gostou de Bioshock Infinite? Seu visual de personalidade, violência exagerada e principalmente, a história envolvente com elementos de política, religião e filosofia fizeram da saga de Booker e Elizabeth uma obra prima e um dos jogos mais lembrados de 2013. Se você sente falta de mais, talvez não conheceu como deveria Xenogears, RPG da era de ouro da Square no PSOne que traz elementos semelhantes e vale a pena ser conhecido.

Talvez uma das razões que possam ter feito você deixar passar este jogo foi a sua fraca distribuição e divulgação no Ocidente. Devido ao medo da Square em sofrer represálias pelo conteúdo polêmico da trama (se isso ainda é complicado hoje, imagine em 1998) a desenvolvedora lançou o RPG localizado na íntegra, mas fez um lançamento muito mais discreto que o comum.

Um fator de sorte para nós brasileiros é que tivemos um pouco mais de contato com o game por causa das nossas revistas da época, que deram uma boa atenção a Xenogears, com detonados e reportagens especiais.

RetroArkade: Só Deus sabe as qualidades de Xenogears, jogo épico que envolve ciência, religião e filosofia (PSOne)

Pois bem, se você jogou, relembre e, se nunca viu, aproveite para conhecer esta joia em forma de jogo: nela você acompanha a história de Fei Wong Fong, um jovem sem passado, de presente ameaçador e que luta para ter um futuro melhor que em meio a muitos inimigos e adversidades, precisa enfrentar seu maior problema: suas próprias questões mal resolvidas.

A história se desenrola após alguns incidentes na vila na qual Fei foi deixado quando criança, Lohan. Após os incidentes, a jornada começa e a história, com muitos elementos de ciência, religião e filosofia, vai sendo contada. De maneira confusa no início, mas de forma proposital, pois no final da história todas as pontas conseguem se amarrar e cada detalhe ser resumido em uma conclusão épica.

O visual também é algo trabalhado com muito cuidado: os sprites são grandes e os desenvolvedores não tiveram vergonha de assumir as limitações da época, pois é comum ver a câmera se aproximar e expore os pixels “estourados” dos personagens. Animes ajudam a contar a história e contam com uma definição impressionante, mesmo se tratando de um jogo de 1998. Sinta-se a vontade para assistir o anime de introdução do jogo:

A jogabilidade merece dois destaques, um positivo e um negativo: positivo pois os combates são dinâmicos, seja com o personagem “a pé” ou dentro de um robô. O sistema de combos que existe somado aos poderes especiais trazem um ar diferente aos combates dos RPGs tradicionais. Já a bola fora é a exploração do mapa: como os cenários são poligonais e naquela época a alavanca direita não tinha função nenhuma, controlar a câmera era um terror e se perder nas cidades era algo muito comum.

As músicas são as mesmas de um bom jogo da Square da época. Ficam na nossa cabeça e são agradáveis, além de trazer todo o clima da situação ou do local visitado. As vozes dos animes também são de excelente qualidade, mostrando todo o requinte da época de ouro da desenvolvedora, que também geraria, na mesma ótima fase, os clássicos Final Fantasy VII e VIII.

RetroArkade: Só Deus sabe as qualidades de Xenogears, jogo épico que envolve ciência, religião e filosofia (PSOne)

Em 1998, os jogos não evoluíram apenas nos gráficos, mas também em personalidade. Os jogadores já estavam começando a entrar na vida adulta e jogos como Metal Gear Solid, com abordagens mais maduras e histórias mais sérias e complexas começaram a aparecer. Logo após, ainda tivemos Fear Effect que abordou assuntos mais polêmicos ainda, como a sexualidade.

Mas Xenogears conseguiu ir além por trazer questões do tipo “O que somos? Qual a origem de tudo? Destino realmente existe? E Deus? Quem é Deus?” para um público que estava, digamos, cansado de aventuras bem-contra-mal e que queriam algo novo. A luta de Fei contra ele mesmo, enquanto paralelamente enfrenta desafios e inimigos pelo mundo do jogo é uma experiência que vale a pena ser vivida ainda hoje.

Talvez nos nossos dias não exista mais espaço dedicado a jogos como estes, com muita exploração, batalhas sem parar, evoluções e MUITA conversa, mas, ainda assim, Xenogears é um clássico dos tempos de PSOne e merece ser conferido. Pelo visual único ou pela história polêmica e complexa, é uma jóia que pode ser deslumbrada.

RetroArkade: Só Deus sabe as qualidades de Xenogears, jogo épico que envolve ciência, religião e filosofia (PSOne)

XENOGEARS

Plataformas: PSOne, Playstation 3 e PSP (via PSN)

Plataforma usada para a análise: PSOne

Ano de Lançamento: 1998

Desenvolvedora: Squaresoft

Mídia: 2 CDs

Predecessor: Nenhum

Continuação: Nenhum

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui! Siga-me em instagram.com/juniorcandido ou x.com/junior_candido

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