RetroArkade: The Simpsons Arcade Game é o fliperama mais divertido de todos os tempos!
Se você acha Os Simpsons legais hoje, tinha que ver em 1991. E toda a insanidade da série foi muito bem representada em seu jogo de fliperama, talvez o mais divertido de todos os tempos. Se não sabe os motivos, leia a matéria para entender.
Waylon Smithers (o fiel assistente do Sr. Burns) por alguma razão sai correndo da loja de jóias em Springfield com alguns capangas. Na fuga ele esbarra na família Simpson que passava por ali e o diamante fruto do roubo vai parar na boca da pequena Maggie Simpson. Sem pensar duas vezes, Smithers rouba o bebê e cabe a família mais maluca da TV a missão de resgatá-la.
E com uma animação tão bacana quanto o próprio desenho, que já era um tremendo sucesso no final da década de 1980, The Simpsons Arcade Game já começa com o personagem que você escolher: Homer, Marge, Lisa ou o Garoto Cowabunga: Bart. Era mais uma das investidas da Konami nos arcades e tiro certeiro após o outro excelente jogo side-scrolling da empresa com as Tartarugas Ninjas.
E como qualquer jogo da Konami desta época, contava com todos os elementos que garantiam o sucesso: poucos botões, desafios e muita diversão, principalmente se jogado em quatro pessoas. Isso hoje não seria motivo para conquistar o interesse de nenhuma criança, mas naquela época faziam fichas e mais fichas serem engolidas pelas máquinas cheias de luzes e cores.
Um dos elementos que chamam a atenção até hoje é a fidelidade total à série, mesmo levando em consideração que estávamos falando apenas de uma temporada e nem saberíamos se a série chegaria a vigésima sexta como de fato chegou neste ano. Personagens como o Gengivas Sangrentas, as irmãs Patty e Selma Bouvier, o diretor Skinner, o valentão Nelson (A-HÁ!) e o nerd Martin Prince marcavam suas presenças pelos cenários, também comuns em Springfield, como o centro e a Usina Nuclear.
Mesmo assim a liberdade que os episódios consentiam a série também estavam nos jogos, que apresentavam um lado bizarro mas totalmente aceitável no universo da família de Homer. Zumbis, coelhos e ursos aparecem pelas fases, somadas a dificuldade insana “comedora de fichas” e também a armadilhas espalhadas pelas fases: já experimentou ficar parado nas portas do comércio do centro da cidade logo na primeira fase?
Vamos relembrar as fases clássicas do jogo?
Fase 1. Centro de Springfield
Aqui é o começo da aventura, com o típico “desafio fácil”, para pelo menos conseguir passar da primeira fase e não ficar tão feio na foto assim. O cenário é composto por um centro urbano, com lojas — incluindo o Noiseland, casa de fliperamas onde Bart adorava jogar — passando pelo Corpo de Bombeiros e terminando em uma ponte, numa luta contra um grandalhão com roupas de luta-livre que deixava as calças caírem quando levava golpes.
Fase 2. Parque
Quem assiste o seriado sabe que todos os produtos com a marca Krusty são de baixa qualidade, inclusive seus parques. Notamos isto vendo o motorista Otto, já conhecido por sua irresponsabilidade, conduzindo o caixa. Após passar pelo parque e brigar novamente com mafiosos, o chefe a ser vencido é um balão do Krusty. Isso mesmo, um balão. E viva o “sem noção”.
Fase 3. Cemitério
Seja pelo sucesso de Castlevania ou por ainda viver o impacto cultural de Thriller do Michael Jackson (ou nenhuma das duas alternativas), normalmente víamos fases de cemitérios nos jogos da época. Aqui, nada demais, apesar dos fantasmas improvisados pendurados em cordas pensando que assustam alguém.
Fase 4. Bar do Moe
O lugar mais carente de vigilância sanitária de todos os tempos e a segunda casa do Homer vira o cenário da vez, com direito a um Barney arrotando suas cervejas, a dançarinas de biquíni — uma delas que inclusive trouxe muita confusão no casamento de Homer e Marge na primeira temporada — e até o próprio Moe atendendo o telefone (e provavelmente sendo o Bart perguntando aonde está o “Jacinto Pinto“, entre outros trotes clássicos). Entre mesas de sinuca e o casino ilegal do bar, encontramos o chefe que é um ser bem tosco que ataca com arrotos e bafo de fogo.
Fase 5. Cachoeiras
Saindo da espelunca e indo para a natureza, aonde Homer foi confundido com o Elo Perdido — com testes inconclusivos feitos pelos cientistas — os adversários aqui além dos mafiosos são os elementos do cenário, com pedras caindo e acidentes naturais. Após passar por tudo isso e “apreciar” a Piscadela, famoso peixe de três olhos fruto da poluição nuclear local, chegamos ao chefe, um urso. Dá pra reparar que um ponto fora até o momento no jogo são os chefes, não é mesmo?
Fase 6. Sonhos no Céu
Com o nome da Maggie pelo céu da fase e elementos que povoam o inconsciente dos personagens, como o saxofone de Lisa, as rosquinhas do Homer e a Escola Primária de Springfield — sem mencionar a Lua Krusty e as Marges que aparecem em meio às nuvens — temos aqui a fase mais bizarra do jogo. E tão bizarro quanto a fase em si é seu chefe, uma bola de boliche, que talvez seja fruto das memórias de Marge pois foi seu presente de aniversário (e o nome da bola era Homer, por motivos óbvios).
Fase 7. Estúdio de TV
Uma visita aos estúdios de televisão, com direito a invasão de um telejornal e um cenário espacial. Com uma parte inspirada no Japão que lembram jogos de samurai como Shinobi ou mesmo daquele episódio em que o Chapolin enfrentou Simbato Amasaki (UÁ-CHÁ-CHÁ!), o chefe da vez é um ator do teatro Kabuki. Derrotando o japonês, hora de encarar o vilão final: C. M. Burns.
Fase 8. Usina Nuclear
Para encontrar o Senhor Burns, é preciso passar pela Usina Nuclear de Springfield, a usina mais improvisada do mundo, com pingos de urânio caindo do teto, funcionários que brincam de tourada com carros de empilhar e a segurança do local — e da cidade — nas mãos de Homer, que quando “não pode ir trabalhar” deixa um tijolo amarrado em uma alavanca ou uma galinha em seu lugar.
Agora é hora de resgatar Maggie. Primeiro é preciso passar por Smithers, que fará de tudo para evitar o seu confronto com Burns. Após algumas fichas e paciência restabelecida depois, vamos ao chefe final: um senhor de mais de 100 anos que foi diagnosticado como portador de todas as doenças do mundo, incluindo algumas delas descobertas nele próprio. Mas ele é rico e construiu um mecha que vai tirar mais fichas e paciência. Mas se você tiver habilidade ou grana sobrando, dará um fim no sovina e recuperará a Simpson mais nova (e menos frágil).
E sim, era demais jogar cada uma destas fases, principalmente hoje, quando a série já está estabelecida e virou um marco cultural com direito a expressão Do’h de Homer figurar um dicionário. Em 1991 tinha apenas 5 anos de idade e o desenho tinha acabado de começar a ser exibido na Globo mas por alguma razão aquela insanidade mexeu comigo de alguma forma o que me faz ser fã da série até hoje.
O jogo é muito divertido, tem toda a adrenalina e desafio de um side-scrolling de sua época, mas é diferente por conseguir divertir mais que o normal. Não que jogos como Final Fight ou Streets of Rage sejam ruins, longe disso! Estamos falando aqui da diversão de enfrentar uma bexiga em forma de palhaço no lugar dos já manjados “chefes da quebrada de dois metros”. E atacar os inimigos com um aspirador de pó ou reunir toda a família para virar um carro de polícia do jeito mais anarquia possível são marcantes.
Quer jogar hoje The Simpsons Arcade Game? Se não tiver no fliperama mais perto de sua casa (e onde diabos estará o fliperama mais perto de sua casa hoje?) e não quiser usar o Mame, a Konami relançou há alguns anos o jogo para PS3 e Xbox 360 em suas lojas digitais, além de oferecer uma versão adaptada para iPhone.
Se não jogou, faça o favor de conhecer pelo menos para dar boas risadas com o jogo sem compromisso. E se já jogou, não deixe de compartilhar suas lembranças ao controlar Bart e companhia nesta aventura épica. E cá pra nós… bem que podia ter um “2” desse jogo aí, hein?